segunda-feira, 26 de março de 2007

SOS Foz do Iguaçu

Estou trabalhando aqui na calada da noite, listando as coisas boas da Triplice Fronteira, fazendo minha contribuição, e isso me dá o direito de dizer o que vou dizer. Estou de saco cheio com a matança de Foz do Iguaçu. Estou cansado de todo os dias, em toda parte, encontrar iguaçuenses que me dizem: mataram mais um. Estou revoltado e não sou obrigado a agüentar mais o discurso que está sendo infiltrado na cabeça dos iguaçuenses: se morreu alguma coisa fez.

Assim não dá. Estou com vergonha, muita vergonha. Como eu posso continuar listando coisas a fazer na Tríplice Fronteira, quando a minha cidade tem um atrativo que não me me orgulha? Uma quantidade imensa de gente com muita facilidade em puxar o gatilho. Morre-se, morre-se e morre-se. E cada pessoa que morre me diminui. Isso já dizia um poeta. Não há nada disso de que quem morreu algo fez. Se eu morrer de tiro amanhã, vão dizer, alguma coisa fez. Assim não dá.

Chegou a hora de ir às ruas. O Governo desde a escala federal até a municipal tem que se explicar. Vemos entrar gestão e sair gestão, e pouco os políticos têm a mostrar. No caso do Governo Federal, creio, é chegada a hora de dar algumas respostas a poucos que perguntam. È conhecimento comum e a OIT divulgou que nossos jovens estão morrendo. É por causa do contrabando, das drogas, do tráfico de armas e do terrorismo. Terrorismo sim. Há terrorismo em Foz do Iguaçu e na Tríplice Fronteira especialmente nos lados do Brasil e Paraguai. A Argentina logo terá. Nâo me refito a terrorismo islâmico. Creio que é até pecado dizer "terrorismo islâmico" assim como não pode haver "Terrorismo cristão".

Mas quanto ao nosso terrorismo, pergunto: qual é o nome da força brasileira que controla os pouquíssimos quilômetros de costa do rio Paraná entre o Jardim Jupira e o Marco das Três Fronteiras? De quem é a atribuição legal para isso? Da Marinha não é. Da Capitania de Portos não é. Da Policia Federal não é. Da Polícia Militar não é. De quem é? Este pedacinho maldito de fronteira está por trás das mortes e dos acertos de contas. Se o Brasil não consegue manter seguro este pedacinho maldito de fronteira como vai assegurar alguma coisa ao longo do Lago de Itaipu? Ao longo dos milhares de quilômetros de fronteira seca com o Paraguai? Ao longo do rio Paraguai? Ao longo do Rio Mamoré?

É hora dos iguaçuenses começarem a ir às ruas. Porque assim não dá. No momento, eu lanço meu olhar na direção do turismo e me pergunto: por que devo eu continuar a divulgar coisa alguma de uma terra de pistoleiro? Devo parar a minha lista? Devo desaconselhar os turistas a vir aqui? Devo pedir um boicote ao turismo brasileiro até que o governo consiga garantir os direitos de cidadãos e turistas? Não estou pedindo boicote ainda. Mas é o que merece. Nâo engulo esses crimes!

É só por agora

sexta-feira, 23 de março de 2007

Museu Bertoni. Mas quem foi mesmo Bertoni?



Fotos: 1) Moisés Bertoni com Dona Eugenia e parte da família. 2) Sala onde ele trabalhava hoje parte do Museu Bertoni

Se você der uma olhada na literatura turística de Foz do Iguaçu, primeiramente e no restante da Tríplice Fronteira, 'segundamente', é possível que veja mencionar um lugar chamado Museu Bertoni. Assim, citado rapidamente como se fosse uma jabá sem sal. Esta nota é uma recomendação para que você visite o tal de Museu Bertoni, mas antes se descontamine da megalomania brasileira para aceitar o que vai ver. É coisa simples. O tal de Museu Bertoni é a metade do nome da coisa. O nome completo é Monumento Científico y Natural Nacional Moisés Bertoni.

Agora sabendo o nome real, você pode se empolgar um pouco. Monumento Científico é uma categoria dentro da Administração de Parques Nacionais (APN) do Paraguai e a casinha é parte de uma reserva de alguns (100) hectares que protege o pouco que restou após a invasão gaúcho-brasileira da soja. Mas o importante é a casa. Uma casinha de madeira, onde morou um senhor com uma mulher e 13 filhos. A casa-museu é tudo que restou da antiga Colônia Guillerme Tell (12.500 hectares) encabeçada por Moisés Bertoni e de um sonho de justiça que se foi. Mas por que Bertoni é interessante?

Beertoni se chamava Mosè Giacomo Bertoni filho de Ambrogio Bertoni e Eugenia Rossetti. Nasceu em Lottigna, Vale de Blenio, no cantão suíço de fala italiana do Ticino. Muito inteligente. Estudou lei, mas se interessou por biologia, botânica, meteorologia, agricultura, zoologia, antropologia, mitologia, cultura nativa (na Suíça escreveu um livro sobre os povos pagãos do Vale do Blenio) e muito mais (E deixou obras sobre tudo isso). Em 1884,já adulto e casado, Bertoni embarca para a América. Segundo Peter Schrembs, um estudioso de Bertoni lá do Ticino, na despedida, Bertoni anunciou que se afastava para sempre do lixo que era a Europa. Bertoni não era um colono comum - como a grande maioria. Na bagagem mental, ele carregava um sonho de criar um colônia exemplo para o mundo: talvez anárquica, talvêz comunista, socialista. No fim ele trouxe uma utopia.

Uma coisa interessante: o Paraguai nos anos 1800, graças à fama do experimentos sociais dos jesuitas, atraiu muita gente assim. William Lane e seus seguidores chegaram ao Paraguai para fundar um colônia econômica-politica e socialmente exemplar. E fundou: se chamava Nueva Australia.

Bernhard Foster e sua mulher Elisabeth Foster-Nietzche (irmã do filósofo Friedrich Nietzche) vieram para fundar a colônia Nueva Germania. A colônia de Forster era utopicamente racista sonhava com um mundo sem miscigenação e eugênico (raça perfeita). Foster se suicidou e não viu o sonho racista dele se realizar - ainda bem para mim! Colônias com fins sociais utópicos pipocavam por toda a parte inclusive no Brasil Imperial onde, aqui no Paraná, se fundou a Colônia Cecília à convite de Dom Pedro II. Mas voltemos a Bertoni.


O que Bertoni era no sentido ideológico é complicado. Há quem diga que ele era anarquista. Mas o rótulo parece ser simples. Sabe-se que era amigo de Piotr Kropotkin (Já digo uma coisa sobre Koprotkin) e do geógrafo anarquista francês Eliseu Reclus. E no Paraguai, já naquela casinha, enquanto nasciam os filhos ele colocou nome de revolucionários em alguns deles. É o caso de Vera Zassoulich Bertoni e Sofia Perowskaja Bertoni.

As duas filhas ganharam nomes para homenagear a lembrança de Vera Ivanovna Zasulich e Sofia Lwowna Perowskaja, ambas revolucionárias marxistas russas. Um filho se chamou Linneo Bertoni - e lembra quem era Linneo? Foi Carlos Lineu (ou Carl von Linné ou ainda Carolus Linnaeus) cientista sueco que criou o sistema binominal de classificação científica. Quando Bertoni revelou para o mundo a existência da erva-açúcar ka'a he'e (em guarani - uma erva doce e que só não é produzida no Paraguai hoje, porque só Deus sabe por quê?)pelo método de Linneo a planta ficou batizada como Stevia rebaudiana. Rebaudi era tanto o nome de solteira da mulher dele como era o nome de um naturalista europeu.

Como prometi antes, falemos da cabeça social de Bertoni. Primeiro, quando o comunismo marxista chegou ao poder na Russia, ele, pelas noticias que ouvuiu, se decepcionou. Kropotkin era um prinicipe e geógrafo de convicções anarquistas. Ele escreveu um livro chamado "Ajuda Mútua: Um Fator de Evolução" (link é de versão internet, inglês) que era uma resposta ao evolucionismo social de Darwin. Darwin versus Kropotkin! Competição versus cooperação!

Família Bertoni
Mosé Giacomo Bertoni (*1857,Lottigna - +19/09/1929,Foz do Iguaçu)
Pai: Ambrosio Bertoni
Mãe: Gioseppina Torreani (Nonna [Vovó] Peppina)
Esposa: Eugenia Rebaudi Rossetti (Morreu em Encarnación, no dia 24/08/1929
Filhos que embarcaram com Bertoni no navio Nord America em 1884:
Reto Divicone
Arnaldo de Winkelried
Wera Zasulich
Sofia Lwowna Perowskaja
Inés (Morre em 1886 em Yabebiry, Misiones, Argentina)

Filhos nascidos na América do Sul
Moisés Santiago Bertoni (Yabebiry)
Aurora Margarita (Yaguarasapá, Paraguai)
Guillermo Tell (Yaguarasapá, Paraguai)
Walter Fürst (Colônia Guillermo Tell)
Werner Stauffacher (Colônia Guillermo Tell)
Aristóteles (Colônia Guillermo Tell)
Linneo Carlos

Obs.: esta faltando um nome, vou procurar...

Atenção! Atualizo hoje, 10 de fevereiro de 2009. Já descobri o o nome que faltava como mencionei acima. O nome é Inês. A caçula de Bertoni nascida já em Puerto Bertoni. Bertoni deu à caçula o nome de Inês a filha suiça que morreu antes da família deixar a Argentina - foi uma homenagem a Inés. Recentemente, façando uma reportagem para a Revista 100 Fronteiras, descobri uma bisneta de Bertoni e ela me deu os detalhes. Logo falo mais!

quinta-feira, 8 de março de 2007

Foz e a etno-gastronomia

Apesar de todo aquele papo de que Foz do Iguaçu é uma cidade com mais de 70 etnias, eu, como não posso deixar de fazer, contesto. Primeiro creio que estamos confundindo etnia com nacionalidade. Certa vez vi uma lista das “etnias” e lá apareciam entre outras as etnias paraguaia, argentina e colombiana. Pelo que conheço do meu planeta Colômbia é uma nação – quem nasce na Colômbia é colombiano. Assim como Brasil. Brasileiro não é uma etnia. Etnia tem a ver com sangue. 

Por exemplo o Brasil tem várias etnias, vários sangues diferentes: mais de mil etnias (sangues) indígenas. Por exemplo guarani, txucarramãe, ere-we-au-au, russo, alemão, francês – podem ser etnias. Então entrar nesta questão de nacionalidade por sangue ou por nascimento é entrar em discussão de direito – o que não é meu forte.

Segundo, temos que cuidar para que esta frase não se torne simplesmente um ideologia, um discurso vazio. Por que olhando para a cidade de Foz do Iguaçu a gente vê como somos até bem pobres em restaurantes étnicos. Não temos um restaurante coreano ...indiano, bengali, marroquino, tailandês, yorubá, ibo. Assim não se pode falar de uma cidade de 70 etnias com 70 restaurantes étnicos.

Esta é uma introdução. Agora, a partir de hoje vamos tirar a limpo, revelar, mostrar o que há de melhor na gastronomia de Foz do Iguaçu.

Comida árabe



Na foto, um babaganoush. Fonte Flickr

Comida libanesa

Umas das grandes possibilidades de Foz do Iguaçu é a gastronomia. Eu esperaria que houvesse mais restaurantes árabes, por exemplo. Há um que ainda não visitei na Avenida Jorge Schimmelpfeng. Devo visitá-lo quando estiver na cidade. É um restaurante com show. O que não havia na cidade até pouco tempo. Na Avenida JK há duas casas com o mesmo nome. Não se pode dizer que são restaurantes. Uma é Casa da Esfiha e a outra é Casa da Sfiha. Foi lá que aprendi umas coisas. Me mandaram comprar Homus de grão-de-bico e Homus de Berinjela. A moça que atendeu me disse que todo homus é de gão-de-bico. O de berinjela se chama “babaganoch” "babaganoush", ou babaganouj. Baba ganoush, babaghanoush,, babaghanouj (Arabe بابا غنوج). Tenho entedido que Babaghanouj é servida cmo uma salada. No cardápio há uma coisa chamada de “foul” que é feijão de fava. Logo aprofundarei na pesquisa.

Esta nota dá iníco a cobertura gastronômica deste blog!!!!