sábado, 26 de junho de 2021

Uma mão lava a outra (turismo e meio ambiente). Como o trade pode ajudar o meio ambiente (1ª Parte)

Terra iguaçuense recentemente aberta para o "progresso". O solo nu é um exemplo de emissor de carbono para a atmosfera. Quando o carbono que estava preso às raízes no solo coberto por vegetação, de repente se vê em "solo pelado" ele escapa para a atmosfera de onde pode ser sequestrado e trazido de volta ao solo. Como? Leia até o fim  

O Meio Ambiente precisa do apoio do trade turístico:  hotelaria, hospitalidade, gastronomia, aviação, trransportes e acima de tudo agências de turismo receptivas e emissivas, operadores e distribuidores do varejo. O turismo acontece na natureza ou seja ambientes naturais. Um ambiente ameaçado por obras, expansão agrícola, expansão urbana não planejada, extinção de animais e flora é uma ameaça ao turismo. 

O trade necessita urgentemente dar sua contribuição para a preservação de áreas de interesse turístico quer seja a selva, os ambientes úmidos. mangues, restingas, montanhas, dunas, rios, parques estaduais, nacionais e outras categorias de preservação. O trade necessita levantar sua voz e emitir sua opinião livre e democrática sabendo que deve assumir responsabilidade por ela (caso fale ou não fale). 

quarta-feira, 23 de junho de 2021

A Capelinha do Hospital Municipal - uma rara demonstração de respeito à memória em Foz do Iguaçu

Post no Facebook de 12 de junho de 2021, que originou esta "matéria"
 
A Capela do Hospital Municipal Padre Germano Lauck é uma rara demonstração de respeito à memória em Foz do Iguaçu. As fotos são de 2018 quando acompanhei um "ente" querido. Ao passar pelo corredor que leva à Capela, vi uma estante. O livro "Erfahrung mit Gott" (Experiência com Deus), me chamou a atenção. Pensei: eu vi esse livro no escritório do padre Germano, na Paróquia São João Batista. Depois vi mais objetos do padre inclusive a cadeira de rodas. Entrei na capelinha, me sentei e me senti muito bem. O padre Hermann (Germano) Lauck, nasceu na cidadezinha alemã de Hasborn-Dautweiler no estado de Saarland. O nome do estado vem do rio Saar, tipo Saarlândia. Parabenizo aos idealizadores do museu e do Espaço dedicado à memória do padre que dá nome ao hospítal. Espero e torço que o espaço continue existindo! Foz precisa mais espaços iguais a este!
 
Mais sobre a Capelinha e Museu 

quinta-feira, 17 de junho de 2021

Pressão pelo Asfaltamento da Rodovia do Colono foi o que levou ao fechamento

Roberto Ribas Lange (1948 - 1993) - esolhido por só-deus-sabe-quem para ser o símbolo dos ecologistas contrários à rodovia dentro do parque 

O ano era 1986. Estava em andamento o processo final para a declaração do Parque Nacional do Iguaçu como Patrimônio Mundial pela Unesco, a pedido do Governo Brasileiro. Vale lembrar que a Unesco - Organização das Nações Unidas para a Ciência e Educação, não declara nada por conta própria e aleatoriamente. É necessário que os países membros da Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural ofereçam sugestões de lugares especiais com valores universais para ser parte da Lista do Patrimônio Mundial Natural (destaque para sitios naturais do Brasil).

A reportagem, reproduzida abaixo é de uma entrevista-enquete estilo ping pong, publicada em 27 de junho daquele ano. O título do Patrimônio para o Parque saiu no dia 17 de novembro de 1986. O movimento ocorreu na tentativa de impedir o fechamento da rodovia e desta forma, frustar a declaração.    

O que os empresários de Medianeira enxergaram, foi o fato de que, se a Rodovia do Colono fosse fechada, quem lucraria com isso seria Cascavel, que já se atribuia o título de Capital do Oeste. Todo o trânsito do Sul do Brasil em direção ao Oeste do Paraná passava pela Rodovia. Com o fechamento quem iria se beneficiar era a Estrada estadual que estava sendo preparada para um dia ser a BR-163, cuja implementação foi concluída com êxito há pouco. Durante anos, a Rodovia paranaense se chamou PRT-163 o que significa Rodovia Paranaense em Transição. A guerra original era por rodovias e contrária ao avanço da importância de Cascavel e da BR-163 que no final venceram. 

O fechamento da Rodovia do Colono era o fim do sonho da PR-495 como uma estrada que ligava o Sudoeste e o Oeste do Paraná, de Capanema em direção à Missal e Santa Helena via Serranópolis do Iguaçu e Medianeira.

PRT-163 trecho Capitão Leônidas Marques - Realeza. Pista única e mato no acostamento


Depois de Cascavel, Medianeira tinha um papel importante como encruzilhada no trânsito Norte-Sul do Brasil. Em Cascavel, que desde o começo começou com a vocação de encruzilhada (Um dos nomes originais do assentamento que originou Cascavel era "Encruzilhada dos Gomes") ainda nos 70, aproveitando de sua localização estratégica, foi fundada a empresa EUCATUR, um império rodoviário que liga Cascavel aos maiores centros do Rio Grande do Sul e do Rio Grande do Sul via Cascavel às terras novas de Rondônia e Mato Grosso. Até recentemente, era um sucesso as linhas da EUCATUR  também no Amazonas ligando Manaus, Boa Vista a Caracas na Venezuela. 

PRT-163 em Capitão Leônidas Marques. Foto Valter "Billy" Pereira tirada de paramotor (veja nota e fotos sobre BR-163 em duplicação neste blog). O termo PRT foi mudado para PRC - Rodovia Estadual Coincidente

Ainda em Cascavel  foi fundada em 1983 a Viação Nossa Senhora de Medianeira, em homenagen à padroeira da cidade de Medianeira. A    empresa Medianeira que competia com a ideia de Cascavel potência criando linhas como a famosa e saudosa (para quem usou esta linha nos primórdios) Porto Alegre - Guaratã do Norte que no caminho servia parte o Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Pará. Vale destacar que medianeira é uma palavra que significa alguém que está no meio e faz interseção por alguém, em sentido religioso lembrando o papel de Nossa Senhora Medianeira entre os homens e seu filho nos céus.
Veja abaixo, trechos da enquete feita pelo jornal Nosso Tempo em 1986 para entender não só o posicionamento do empresariado de Capanema como o contexto da época em relação à estradas e rodagens.  

Destaque
Enquete completa

 

O biólogo Roberto Ribas Lange

Roberto Ribas Lange foi funcionário da Itaipu Binacional e parte importante da equipe que cuidou das ações ambientais do empreendimento tendo participação especial na formulação dos Refúgios Biológicos de Itaipu e por isso tendo sido homenageado pela Binacional, após sua morte em 1993, dando seu nome ao Zoológico do Refúgio Biológico Bela Vista da Itaipu Binacional. É também nome do Parque Estadual Roberto Ribas Lange em terras dos municípios de Antonina e Morretes na Serra do Mar.  O nome dele aparece também na denominação do Parque Nacional Saint Hilaire / Lange com sede em Matinhos  também na Mata Atlântica da Serra do Mar / Litoral. Ele foi vereador em Foz do Iguaçu.

Uma das ameaças ao biólogo: até os testículos do profissional foi alvo

 

Lange morreu no rio Iguaçu durante trabalhos de reconhecimento do rio como parte do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da futura Usina Hidrelétrica Salto Caxias, pertencente à Copel com sede em Capitão Leònidas Marques.   

segunda-feira, 7 de junho de 2021

AGRICULTURA E ECOLOGIA: Método Muvuca de restauração ecológica

Restauração ecológica em propriedades rurais é um dos temas em discussão em Congresso em Foz. Reflorestar área usando mudas de plantas é a maneira mais cara. Semeadura Direta é a nova tecnologia.
 
Jackson Lima
Divulgação
 
A restauração ecológica dentro de uma propriedade rural pode custar entre R$ 900 até R$ 13 mil por hectare. “Tudo depende do método escolhido”, destacou a pesquisadora Laura Antoniazzi em entrevista ao Gazeta Diário. Segundo ela, pode-se utilizar três tecnologias diferentes: a regeneração natural ativa, a semeadura direta e o plantio por meio de mudas.“A mais cara é o plantio por meio de mudas”, afirma.  
 
Laura Antoniazzi é parte dos cerca de 1500 cientistas, pesquisadores, técnicos e  lideranças do setor de restauração ecológica que se encontram no Hotel Recanto em Foz do Iguaçu onde acontece o VII Congresso Mundial de Restauração Ecológica. Os profissionais de mais de 60 países trocam informações sobre projetos e resultados da restauração ambiental em todo o mundo. Só o Brasil está comprometido em restaurar mais de 120 milhões de hectares até 2020*.   
 
No estudo apresentado pela equipe de pesquisadores de Laura Antoniazzi, a preocupação é ajudar propriedades rurais brasileiras a se adaptarem às exigências do novo Código Florestal Brasileiro. “Nossa contribuição no tema de restauração florestal tem objetivo de colaborar com embasamento de políticas públicas e estratégias privadas, especialmente de adequação ao Código Florestal”, afirma.
 
Um das primeiras orientações é a escolha da técnica a ser usada. Um hectare de terra pelo método da regeneração natural pode custar entre R$ 902 e R$ 3.668. Na semeadura direta, parecido com o plantio direto, o preço fica na faixa dos R$ 3.500 com o agricultor usando seu equipamento. O método mais caro e o mais usado é o do plantio por muda. Cada hectare vai custar entre R$ 8.000 e R$ 17 mil (Os custos são de 2017).
 
Os custos e retornos são apresentados para oito estados brasileiros - São Paulo, Mato Grosso e Pará, Mato Grosso do Sul e os quatro da região do Matopiba - e em seis diferentes condições físico-ambientais (combinações de precipitação e declividade) que influenciam diretamente os custos.  A pesquisadora lembra que o novo Código Florestal cria, na prática, a maior agenda de restauração florestal no Brasil ao exigir conservação de vegetação nativa em áreas privadas, por meio das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e de Reservas Legais (RL). 
 
Durante o evento, os participantes assistiram 63 simpósios, 18 workshops e 10 cursos de treinamento. Quarta-feira, 30, foi dia de visitas técnicas em Foz do Iguaçu e região. Foram ao todo 33 visitas. O evento teve também uma amostra fotográfica sobre o trabalho dos participantes em seus países e estados. Foi elebrada também a primeira Assembleia da Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica (SOBRE), entidade que nasceu no Paraná. A primeira Assembleia Geral da SOBRE reuniu 107 membros em Foz. 


Nota:

Esta é uma nota antiga que não havia utilizado no blog mas está atual além de ser urgente. O VII Congresso Mundial de Restauração Ecológica foi realizado no Recanto Cataratas Thermas Resort & Convention em Foz do Iguaçu entre 27 de agosto  e 1º de setembro de 2017. Aconteceram paralelamente o V Congreso Ibero-Americano y del Caribe de Restauración Ecológica e a I Conferência Brasileira de Restauração Ecológica (SOBRE) *Não cumprimos a meta pelo contrário. Mas dá para tentar! 


terça-feira, 1 de junho de 2021

Câmara pretende votar projeto que corta Parque Nacional do Iguaçu ao meio na semana do Meio Ambiente,

A imagem do Google mostra um "V" que acompanha as "manchas sobreviventes" de Mata Atlântica do RS ao RJ e outra da costa de SC à região de Garapuava. Lá longe à esquerda, o PN Iguaçu biologicamente isolado. Muita gente, por não saber, acredita que o PN Iguaçu é grande demais
 
 

Às vésperas do Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho, a Câmara de Deputados pautou para esta quarta-feira (2) um projeto que pretende cortar ao meio a última grande reserva da Mata Atlântica do interior do país, o Parque Nacional do Iguaçu, no oeste do Paraná. A rodovia proposta atravessa o trecho mais ecologicamente sensível da área protegida da região, habitada por espécies ameaçadas de extinção, como a onça pintada, e representa mais um severo retrocesso para a política ambiental brasileira.

A pedido de Líderes, a Casa incluiu na pauta da Casa o Requerimento 1929/19, que solicita, com regime de urgência, a apreciação do Projeto de Lei 984/19. De autoria do deputado Vermelho (PSD/PR), o projeto defende a abertura da estrada Caminho do Colono, fechada há mais de duas décadas por decisão judicial.

A proposta altera a Lei 9.985, de 18 de julho de 2000, para criar a categoria de Unidade de Conservação denominada Estrada-Parque e institui Estrada-Parque Caminho do Colono no Parque Nacional do Iguaçu.

No entanto, especialistas afirmam que “estrada-parque não é e não pode se tornar sinônimo de estradas dentro de parques”. Diferente do que consta no texto do projeto, a iniciativa promove o desmatamento e vai gerar graves impactos ecológicos, econômicos e no turismo na região.

IMPACTOS DA ABERTURA DA ESTRADA DO COLONO

 A chamada “estrada do Colono”, uma rota ilegal aberta no meio do Parque Nacional do Iguaçu, foi fechada por decisão da justiça na década de 1990 justamente por reconhecer que ela era um vetor de desmatamento, caça, contrabando, tráfico de armas e drogas, entre outras atividades ilegais.

Passados 20 anos desde o fechamento da estrada ilegal, a floresta já tomou conta do espaço e se regenerou totalmente. A nova abertura da estrada seria uma sangria dentro desse que é um dos Parques Nacionais mais emblemáticos do mundo, detentor de uma das Sete Maravilhas da Natureza, as Cataratas do Iguaçu, e considerado Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO.

Vale lembrar que a própria UNESCO já ameaçou retirar o título caso a estrada seja novamente aberta. Tal ato, assim como a destruição da Mata Atlântica na área do Parque poderá impactar diretamente na imagem internacional do país e por consequência no âmbito econômico, já que traz prejuízos ao turismo sustentável da região.

Em 2019, o Parque recebeu cerca de 2 milhões de visitantes, a maioria estrangeiros, público que vem de diversas partes do mundo para estar em contato com a natureza exuberante da região e que não pagaria para ver a floresta sendo destruída. Por esta razão, a abertura da estrada prejudicará a geração de empregos, de renda e o desenvolvimento da região, levando a perda de arrecadação por parte dos municípios e condenando a já saturada imagem do Brasil para o mercado internacional como destruidor de seu próprio patrimônio natural.

Já no contexto ambiental, estudos comprovam que a abertura da estrada trará para a unidade de conservação o aumento da caça de animais silvestres, muitos deles ameaçados de extinção, como a onça-pintada, o atropelamento de fauna, desmatamento, além de entrada de espécies exóticas invasoras, focos de queimada e poluição.

IMPACTO ECONÔMICO

Aprovado em 2020, o novo Plano de Uso Público do Parque Nacional do Iguaçu prevê a abertura de 3 novos polos de visitação, levando atividades de turismo de natureza para todos os 14 Municípios lindeiros à UC. Tais polos preveem atividades de baixo impacto ao mesmo tempo em que propõem a imersão do turista na natureza.

Essas atividades têm como um de seus objetivos contribuir com a geração de emprego e de renda em toda a região por atividades sustentáveis, em um dos ramos econômicos que mais crescem em todo o mundo. Recentemente, a notícia do novo edital de concessão chamou atenção, pelo valor agregado: estima-se que com as novas atividades, a geração de economia passe dos atuais R$1 bilhão, para mais de R$3 bilhões anuais.

A abertura da estrada colocaria em risco a execução do plano, trazendo prejuízos para toda a região.

IMPACTO SOCIAL

Em relatório, a Policia Federal deixa claro que a estrada, quando aberta, servia de rota para o tráfico e o contrabando, aumentando significativamente a insegurança na região transfonteiriça. O mesmo documento aponta ainda que as forças de segurança não teriam como fazer a fiscalização da rota, deixando a população exposta a toda sorte de contravenções e práticas de ilegalidades.

Um dos argumentos utilizados para a abertura da estrada seria a de encurtar caminho entre os Municípios de Serranópolis do Iguaçu e Capanema. Porém, o Ministério Público Federal apontou em nota técnica que esse seria um ganho ínfimo em tempo, economizando no máximo 20 minutos no trajeto. Um ganho irrisório frente aos malefícios da estrada dentro do Parque.

PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU

A proposta de criação do Parque Nacional do Iguaçu surgiu, no fim do século 19, por André Rebouças, capitaneada por Santos Dumont, com a intenção de proteger as Cataratas do Iguaçu.

Estima-se que essa Unidade de Conservação, com 185 mil hectares localizada na fronteira com a Argentina, abrigue mais de 250 espécies de árvores, 550 de aves, 120 de mamíferos, 79 de répteis e 55 de anfíbios. É o último grande remanescente de Floresta Atlântica de interior no Brasil, abrigando árvores como perobas e canelas, praticamente extintas na natureza. Para a fauna é o ultimo refúgio da onça-pintada no sul do país. A espécie que está criticamente ameaçada de extinção em toda a Mata Atlântica, tem no Parque Nacional do Iguaçu um ambiente protegido, o que permitiu seu crescimento populacional nos últimos anos – inédito para todo o bioma.

SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Discutida por mais de uma década até alcançar a sua aprovação, a Lei 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), estabelece 12 categorias de Unidades de Conservação e as possibilidades de usos dessas áreas, assim como os mecanismos e instrumentos de gestão associados.

De acordo com a legislação, a circulação de veículos em Parques Nacionais e em outras Unidades de Conservação pode ser realizada para atender atividades de turismo, manutenção e vigilância da unidade. Por outro lado, o trânsito regular de carros, ônibus ou caminhões nesses espaços é considerado prejudicial à preservação dos recursos naturais.