Quatro das cinco mulheres fotografadas frente o que era a casa (Foto cortesia de Roger Meireles)
O Blog de Foz publica esta matéria porque ela não conseguiu ver a luz do dia devido aos feriados cristãos de natal e também ano novo. A propósito não citao nome dos repórteres e jornalistas que levantaram a história. Até para evitar problemas. Salvo adaptação à linguagem blogueira, o texto é de autoria de repórteres preocupados com a situação social da cidade - o que é o dever de quem trabalha com isso. Me lembrei aqui do livro "A Casa das Sete Mulheres" sobre a Guerra dos Farrapos da gaúcha Letícia Wierzchowski
Nem deu tempo para piscar os olhos. Um trator protegido por pelo menos 30 policiais militares (PMs - que peninha!), deixou em escombros a casa onde uma familia, todas mulheres, morou por trinta anos. A casa ficava na Rua Urano, Região de Três Lagoas, no Jardim Três Fronteiras - a Área Penal ou presidial da cidade (segundo este blog).
"O cumprimento de uma ordem judicial para o despejo da família foi rápido, mal deu tempo de a família – todas mulheres – retirar seus pertences. A geladeira antiga acabou ficando entre os escombros", diz a reportagem original.
“Não deu tempo de tirar tudo. Eles chegaram, com um monte de policiais, como se a gente fosse bandido. E foram falando: vão tirando o que der para tirar senão vai junto com a demolição”, disse, chorando, Jurema dos Santos
Ela e outra irmã, Maria Julia dos Santos, cuidam das sobrinhas de 16 e 14 anos, filhas de Daniel Batista dos Santos, viúvo e dono da casa que está preso há dois anos, na cadeia pública Laudemir Neves (ali meso no bairro presidial)
A reportagem apurou que Daniel perdeu o rumo da sua vida quando a esposa faleceu. “Ele não é bandido. Só ficou transtornado com a morte da esposa e começou a usar drogas. Não tinha onde internar ele, então nós pedimos para a polícia prender ele, senão ele ia morrer. Falta cerca de três meses para ele sair da cadeia; está recuperado, mas com problemas de saúde. Ele está tomando remédios para curar a hepatite”, conta.
Conforme explicaram as irmãs, a história que culminou no despejo começou há trinta anos, quando o pai deles comprou a área de uma pessoa chamada Dionísio Antunes. “Depois vieram outras pessoas e disseram que eram donas dessa área. Então, meu pai comprou outra área deles, que é onde mora minha mãe”, recordou Maria Júlia. Mas o pai não quis sair da área anterior que havia comprado. “Minha infância inteira foi atormentada por esse pessoal”, diz, chorando.
Apesar de a ordem judicial ter sido assinada há cinco anos, as mulheres afirmam que não receberam notificação de despejo e sequer constituíram advogados, apesar de não terem recursos para arcar com esse serviço.
“Na segunda-feira (14 de dezembro) o pessoal (dono da área) fez uma reunião e chamou todo mundo para um acordo, no dia seguinte, no escritório. Nós fomos ontem lá, eu e meu irmão, mas o dono falou que só faria acordo com meu irmão (que está preso). Mas não esperaram nem falar com ele na cadeia. Hoje, às 7 horas da manhã, vieram e derrubaram tudo”, relatou Maria Julia. “Vivi minha vida inteira aqui e hoje chegaram seis camburões de polícia. Parecia que éramos bandidos, tudo na frente dos vizinhos”, completa.
Pela ordem de despejo, o terreno pertence a Justo Carlo Albarracini,argentino, que concedeu procuração para diversas pessoas da família Dalcanalli, que solicitou a desapropriação da área. “Todos os vizinhos fizeram acordo e compraram os terrenos por 11 reais o metro quadrado, mas com a gente ele não quis fechar acordo nem esperar falarmos com nosso irmão. Ele tá lá, sem saber que a casa dele foi derrubada”, completou.
Fala o Blog de Foz:
Vamos a judar a esta família? O telefone para contato com as sobreviventes da catástrofe familiar que aconteceu antes do natal é este: 9983 3991.
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