Comunicado oficial do ICMBio |
Bom dia Foz do Iguaçu:
O dia está chuvoso. No portão do Parque Nacional do Iguaçu
há um acontecimento sui generis. O Parque Nacional do Iguaçu – o parque não – o portão
de acesso à área de visitação das Cataratas do Iguaçu está duplamente fechado. Do lado de fora está fechado por profissionais
de turismo que protestam, em primeiro grau, contra a proibição de entrada de veículos no
Parque. Do lado de dentro, o ICMBio fechou o parque como protesto ao protesto do
turismo. Em nota oficial, o ICMBio afirma que o motivo é a preocupação pela segurança
dos turistas e dos funcionários das concessionárias.
Na verdade hoje é um grande dia e eu espero
que o sacrifício dos dois lados sirva para lançar, a partir de amanhã, o
alicerce para construção do diálogo e que o assunto seja abordado de maneira
profunda. A coisa toda se resume à
economia e dinheiro como em toda parte. A proteção das espécies que é objetivo da
Unidade de Conservação vem em segundo plano por isso as onças vem morrendo há
tempo, os caitetus, por incrível que apreça foram extintos, ou pelo menos não
existem mais em bandos, os veados, os guaribas e as antas são cada vez mais
raros por muitos motivos. A caça é um deles; o aumento da população ao redor do
Parque é outro e os animais se vêem encurralados. Tudo isso deve ser discutido
para que os humanos encontrem uma maneira de ceder espaço para os irmãos
animais que estão sendo expulsos do planeta.
Ao meu ver a luta é outra. O ICMBio está lutando com unhas e
dentes para proteger, preservar um
documento espúrio e apressado chamado Plano ou Programa de Revitalização do
Parque Nacional do Iguaçu elaborado, se é que se pode dizer assim, em 1996 ou
1997. Infelizmente este programa ou plano, ele não se definiu quanto ao que
era, só decolou graças à intervenção calculada e fria da chefia do Ibama em Curitiba,
na época, com a participação da direção do Parque Nacional do Iguaçu em Foz e a
intervenção do Governo do Paraná. A idéia é paranaense. O documento espúrio foi implantado, enxertado
ou introduzido no Plano de Manejo do Parque Nacional do Iguaçu de maneira
irregular o que já falei nesta postagem
anterior.
O Plano de Revitalização do Parque Nacional do Iguaçu nunca
tratou da “revitalização” do Parque Nacional do Iguaçu que possui mais de 180
mil hectares de terra. Tratou especificamente da implementação de estruturas
físicas para a melhora do atendimento turístico. Foi uma intervenção turístico-econômica
protegida graças ao enxerto do Plano de Revitalização no Plano de Manejo. O Plano de Revitalização do Parque Nacional
do Iguaçu é a origem e a causa de todo o problema pois foi feito para criar
estruturas a serem entregues à iniciativa privada por contrato. O setor do
turismo de Foz do Iguaçu – visto que Foz
do Iguaçu é o único município do entorno que tem um turismo de porte
internacional – nunca foi aberta e transparentemente consultado.
É esta distorção que deve ser corrigida. De um lado o trade
do turismo pressiona para que o assunto se torne público e o ICMBio, herdeiro desse
problema criado pelo Ibama, assume o papel de defesa e proteção deste documento
que não era parte original da “fauna” documental manejada no processo de criação e implantação
de um Parque Nacional brasileiro. Foz do Iguaçu tem a obrigação moral de gritar
alto para evitar que o que aconteceu aqui seja levado como um modelo para
parques nacionais como Fernando de Noronha, Brasília, Chapada dos Guimarães, Chapada
dos Veadeiros, Jericoacara, Abrolhos e todos os outros. É uma oportunidade para
que se corrija este “modelo” até para que ele sirva de orgulho a todos os paranaenses.
Do jeito que está hoje, não dá. Esta é a
importância deste dia em Foz do Iguaçu.
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