sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Coisas da fronteira: como se diz "batida policial" em espanhol?

Significados de "allanar"

Indo diretamente ao assunto, "batida policial" se diz "allanamiento" em espanhol. Um "allanamiento" ocorre por ordem de um juiz (juez) pois envolve a entrada ou ingresso em uma residência constitucionalmente inviolável. Linguisticamente falando me parece que as duas palavras têm origem na prática da caça. Batida não é só uma bebida brasileira. Em espanhol é o nome de uma técnica de caça a "animais maiores" segundo a qual os caçadores se organizam em dois grupos e viram um "rolo compressor" do qual não escapa nada.  



Não deixa de ser o que acontece numa batida (brasileira) quando a polícia entra em uma casa com ordem do judicial para proceder uma "busca e apreensão". Tanto em português como em espanhol a ideia é de que nada escapa e que o território após a passagem da "busca" fique "aplanado".  "Allanar" vem de "llano" que significa "plano". Geograficamente um "llano" é uma planície. Colombia e Venezuela possuem uma extensa planície alagável que se chama "Llanos" - outra maneira de dizer "pantanal" onde os pantaneiros locais são chamados "llaneros" e na cultura dos Llanos se destaca a "música llanera" que usa a harpa como faz o Paraguai.     

Um "allanamiento" na fronteira
     
Um exemplo, na prática, de um "allanamiento" em Ciudad del Este: um grupo usando uniformes policiais fez uma "operação policial" da qual resultou o sumiço de US$ 56 mil. O roubo começou a ser investigado baseado na mesma dúvida que você está tendo. Foi polícia? Foi ladrão se passando por polícia? A justiça "expediu um mandado" de busca e apreensão em certo apartamento. A missão foi cumprida como manda a lei. A equipe policial acompanhada por uma "fiscala" (promotora) do MP paraguaio foram a um apartamento. Lá encontraram o argentino Fei Tao Pin (nome inventado) com sua namorada. 

Não encontraram o dinheiro esperado mas em compensão foram achados quase dois quilos de cocaína, 52 gramas de maconha, 80 fardos de roupas para comércio, estojos vazios de armas e uma piscininha com água contendo 13 crocodilos juvenis o que confundiu a equipe. 

Em vez de solucionar o caso do roubo, o processo teve de ser divido em diferentes áreas especializadas da Justiça: o "fiscal" Marcelo García de Zúñiga pegou a parte que liga o processo à possível falsificação de marcas e propriedade industrial; o também fiscal Manuel Rojas assumiu a investigação da parte que ligado caso ao tráfico de drogas ou posse não autorizada de drogas. 
E a promotora interina Zunilda Ocampos da unidade especializada em Meio Ambiente ficou com a investigação dos crocodilos tanto para apurar o motivo do "cárcere privado" dos animais da natureza como a origem deles. Será do Rio Nilo? Os detidos informaram que os crocodilos eram para consumo alimentar próprio.  
O caso dos crocodilos poderia exigir ainda a participação de outros órgãos da área de saúde animal, importação e a fazenda nacional. Com o anúncio de que crocodilos estavam na cidade, foi acionada uma equipe de biólogos da Secretaria de Ambiente (SEAM) que chegou à conclusão de que a identificação dos crocodilos estava errada. Não eram crocodilos mas sim "yacarés negros" (Cayman yacaré ou jacaré do Pantanal) mui paraguaios faltando identificar se são da região do Rio Pilcomayo do Chaco Paraguaio ou se são mais do norte da região dos "llanos" ou Pantanal Paraguaio. Por fim, o MP liderou mais uma visita ao apartamento, desta vez, com técnicos do  Zoológico de Itaipu em Hernandárias onde os jacarés finalmente foram abrigados. A imprensa foi informada de que a espécie dos jacarés não está em extinção.    
     



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