As mortes entre motociclistas foram as que mais cresceram no período analisado, passando de 15% para 20% (CGN) |
As mortes por lesões causadas no trânsito aumentaram 3% nas Américas entre 2010 e 2013, segundo relatório publicado em 13 de setembro pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS). Para reverter essa tendência, a organização pede que os países melhorem suas legislações sobre o tema.
O documento afirmou que, em geral, os países da região
não fizeram o suficiente para executar medidas de prevenção, que incluem adotar
limites máximos de velocidade em vias urbanas inferiores ou iguais a 50
quilômetros por hora; tornar obrigatório o uso do cinto de segurança por todos
os passageiros do veículo; limitar a concentração de álcool no sangue em
0,05g/dl; tornar obrigatório o uso de capacetes por todos os ocupantes de
motocicletas, assim como o uso de sistemas de retenção para crianças.
O relatório dá um panorama da situação de segurança no
trânsito em 31 países e territórios do continente americano com base nos dados
disponíveis. Segundo o documento, mais de 154 mil pessoas morreram devido a
lesões relacionadas ao trânsito nas Américas em 2013, número que representa
quase 12% de todas as mortes relacionadas ao trânsito no mundo. Acidentes dessa
natureza são a principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29
anos, particularmente entre homens (73%), apontou.
O Brasil aparece com a terceira maior taxa de
mortalidade no trânsito das Américas (25 para cada 100 mil habitantes),
empatado com a Bolívia e atrás de Belize e República Dominicana. A taxa média
regional é de 15,9 para cada 100 mil habitantes.
“Os acidentes no trânsito provocam muitas lesões e
mortes evitáveis e geram um fardo pesado para os sistemas de saúde”, afirmou
Carissa Etienne, diretora da Opas. “A aplicação firme e coerente das leis de
trânsito e as campanhas de sensibilização do público são fundamentais para
reduzir esse fardo e salvar vidas”, acrescentou.
O relatório da agência da ONU mostrou ainda que 29
países e territórios das Américas têm algum tipo de lei nacional sobre o uso do
cinto de segurança, mas apenas 19 possuem leis que exigem seu uso por todos os
ocupantes do automóvel. Além disso, seis países têm leis nacionais sobre
condução sob os efeitos do álcool, com um limite máximo de concentração de
álcool de 0,05g/dl ou menos, bem como limites de 0,02g/dl ou menos para
condutores jovens ou principiantes.
O documento mostrou também que 17 países e territórios
têm leis nacionais que estabelecem a velocidade máxima de 50 km/h em áreas
urbanas e 13 possuem leis que dão poderes às autoridades locais para reduzir
ainda mais os limites de velocidade. Apenas cinco países são exemplos de
melhores práticas, com leis que cumprem ambos os critérios.
Somente dez países e territórios têm leis nacionais
sobre a obrigatoriedade do uso de capacete para condutores e passageiros em
todos os tipos de motocicletas e para todos os tipos de potência de motor; e
que exigem que o capacete esteja ajustado corretamente e cumpra as normas
internacionais de segurança. Treze países e territórios têm leis nacionais
vigentes sobre o uso de dispositivos de retenção para crianças em todos os veículos,
dependendo da idade, peso ou altura, e restringem o uso do banco dianteiro para
crianças, de acordo com idade ou altura.
Maior índice de mortes está entre pedestres
O documento mostrou que os pedestres representaram 22%
de todas as mortes no trânsito entre 2010 e 2013 nas Américas, enquanto os
motociclistas, 20% e os ciclistas, 3%.
As mortes entre motociclistas foram as que mais
cresceram na região no período analisado, passando de 15% para 20%. No entanto,
se forem analisadas as sub-regiões, quase metade (47%) das mortes causadas pelo
trânsito nos países do Caribe de língua espanhola (Cuba e República Dominicana)
aconteceram entre motociclistas. O aumento estaria associado ao crescimento da
frota de motocicletas do hemisfério, que quase duplicou entre 2007 e 2013,
passando de 6% para 11%.
“A aceleração da urbanização, a necessidade de se mover
rapidamente e o crescimento econômico em alguns países têm contribuído para o
fato de que as pessoas que antes caminhavam agora estão utilizando
motocicletas”, disse Eugênia Rodrigues, assessora regional em Segurança do
Trânsito da Opas/OMS.
“Uma oferta de transporte público seguro, acessível e
sustentável e uma boa infraestrutura com calçadas, semáforos e travessias é
essencial para proteger a saúde e aumentar os níveis de atividade física da
população”, considerou.
Década de Ação pela Segurança no Trânsito
A Década de Ação pela Segurança no Trânsito 2011-2020
insta os países a executarem as medidas identificadas em nível internacional
para tornar suas vias mais seguras. A Opas/OMS monitora o progresso por meio de
seu relatório regional, enquanto a OMS monitora a situação mundial por meio de
sua série Relatório Global sobre o Estado da Segurança Viária.
Em setembro de 2015, os chefes de Estado que
participaram da Assembleia Geral das Nações Unidas adotaram os Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODS), que incluem uma meta (3.6) para reduzir pela
metade o número global de mortes e lesões no trânsito até 2020. “Enquanto tem
se alcançado progresso nos últimos anos, muito mais precisa ser feito para
executar medidas urgentes e salvar mais vidas”, observou Etienne.
A Opas/OMS trabalha com os países das Américas para
avançar na consecução dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável relacionados
à segurança no trânsito, assim como na aplicação de seu Plano de Ação de
Segurança do Trânsito (2012-2017) e dos compromissos da Década de Ação pela
Segurança no Trânsito 2011-2020.
Nesse sentido, a Organização desenvolve ações
destinadas a fortalecer o papel do setor de saúde na segurança no trânsito,
fornecendo assessoramento para a adoção e aplicação de boas leis de trânsito e
também para a adoção de estratégias de segurança no trânsito que podem salvar
vidas.
Principais dados sobre segurança no trânsito
Com o aumento da velocidade média nas vias urbanas, há
também um aumento na probabilidade de acidentes e na gravidade de suas
consequências, em especial para os pedestres, ciclistas e motociclistas, disse
a organização.
Segundo a OMS, um pedestre tem menos de 20% de
probabilidade de morrer se atropelado por um automóvel que circula a menos de
50 quilômetros por hora, mas quase 60% de possibilidade de morrer se atropelado
a 80 quilômetros por hora.
Além disso, dirigir sob influência do álcool também
aumenta a possibilidade de acidente e de que este termine em morte ou lesão
grave. Condutores jovens ou iniciantes correm um risco muito maior de sofrer um
acidente de trânsito por conduzir sob efeito de álcool que condutores com mais
experiência, disse a organização.
O relatório também apontou que o uso de capacete pode
reduzir em quase 40% o risco de morte e em 70% o risco de lesões graves,
enquanto utilizar o cinto de segurança reduz o risco de morte entre os
condutores e passageiros dos bancos dianteiros entre 45% a 50% e o risco de
lesões leves e graves entre 20% a 45%, respectivamente. No que diz respeito aos
passageiros dos bancos traseiros, o uso do cinto de segurança reduz o número de
mortes e de lesões graves em 25%, enquanto a redução de lesões leves pode
chegar a até 75%.
Já a utilização de sistemas de retenção para crianças
reduz a probabilidade de um acidente fatal em cerca de 90% no caso de bebês e
entre 54% e 80% no caso de crianças pequenas. Além disso, as crianças viajam
com mais segurança na parte traseira do veículo.
Veja aqui o relatório completo (PDF).
Fonte: ONU Brasil
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