Para aqueles cuja virtude foi o valor
Seus conhecimentos seu ideal
Sua dedicação o dever
Sua missão o interesse científico
Sua razão o benefício à humanidade
Seu trabalho, seu destino.
E para aqueles cuja inquietação e amor foi o Vulcão Galeras.
Comemoração da Erupção do Vulcão Galeras de 14 de janeiro de 1993
(Porque ninguém morre em vão)
In Memoriam:
(Mortos na Cratera)
Yuji Sano, geológo, Japão
Igor Menyainlon, geológo, Rússia
José I. Moreno, engenheiro, Bogotá, Colômbia
Henry William Morrow, Toronto (Canadá)
John Stix, Monterreal (Canadá);
Nancy Riggs, Engenheira, Estados Unidos,
Marta Calvache, diretora do Observatório Vulcanológico de Pasto e coordenadora do workshop
Mortos em outras áreas
Arley Zapata, geólogo vulcanologista, Ingeominas,Manizales,Colômbia
Fernando Cuenca, geofísico, Ingeominas, Bogotá
Carlos Trujillo, do Centro de Estudios María Goretti (Cesmag) de Pasto
Feridos
Andy Mac Farlane, 36 años,
Mike Conway, 40 años, de Florida International University
Stanely Williams, 40 años, de Arizona State University
Fabio García, de Ingeominas Bogotá
Luis Lamarie, Escuela Politénica del Ecuador
Alvaro Moreno, turista, foi atingido por um piroclasto, perdeu uma mão
Pequeno Histórico
Pelo menos 120 cientistas de vários países vieram participar do "Taller (Workshop) Internacional sobre el Complejo Volcánico Galeras / Reunión Interdisciplinaria Interinstitucional". O evento ocorreu entre 11 e 16 de janeiro de 1993 na cidade de Pasto, capital de Nariño, Colômbia. Os cientistas haviam declarado o Vulcão Galeras como o "Vulcão da Década nas Américas".
A cidade de Pasto e o Vulcão Galeras em erupção mais recente em matéria de Linda Hohnholz no eTurboNews |
Eu e os vulcões
O primeiro vulcão que vi foi o Misti em Arequipa, Peru. No outro dia vi de longe o Chachani. Logo descobri que havia mais: Coropuna, Solimana, Ampato, Hualca-Hualca, Sabancaya, Ubinas, Pichu-Pichu e o Mismi. Mas como eu não tinha dinheiro, nem equipmento de fotografia e nem contrato com empresa interessada não pude aproveitar esta oportunidade que caiu no meu colo.
Só para você ter ideia, o Mismi - não confundir com o Misti - é onde foi identificada a fonte mais longinqua, no sentido sul, do rio Amazonas (e Solimões, são o mesmo rio).
Um intelectual pobre de Arequipa me contou que anos antes, uma expedição da National Geographic liderada pelo fotojornalista Loren McIntyre tinha confirmado e fotografado a descoberta. Anos mais tarde após ter devorado dezenas de artigos e livros de Loren McIntyre, o encontrei em Leticia, Amazonas, Colômbia, sentado em uma das mesas redondas do antigo Parador Ticuna tomando café da manhã. Ele estava quase aposentando. Não estava em missão. Fiquei impressionado com a câmara fotográfica pequeninha que ele carregava e dizia que era suficiente. Passei uns três dias guiando Loren McItyire na redondeza de Leticia e Tabatinga. Falar de McIntyre é uma homenagem minha a ele.
Eu tinha visto antes de longe e só uma vez o poderoso Vulcão Illimani em La Paz, (Bolívia) mas ele não entrou no meu currículo de neo-fã-de-vulcão. Mais tarde no Equador vi o Pichincha em Quito. Também vi de longe e sem contatos. Mas foi ainda no Equador que os vulcões entraram na minha vida. Da janela da casa de um pastor evangélico, que trabalhava em uma missão fundada por suecos na cidade de Tulcán, vi o vulcão Chiles (4.723 msnm). O pastor disse que, como em uma ilusão de ótica, eu poderia ver outro vulcão ao lado dele se eu me levantasse cedo, ficasse de vigília à espera das nuvens abrir uma janela. Era o Cumbal. Era ilusão porque o Cumbal estava na Colômbia. Um dia vi o Cumbal e fui visitá-lo de um lugarzinho que mais parece um "visão" do que realidade. O próximo foi o Galeras.
Na primeira semana de morar nos pés dele, ele fez a terra tremer e soltou uma espécie de arroto. No dia seguinte chuveram geólogos e cientistas. Com os jovens do local, juntei-me em uma caminhada até a metade da encosta dele. Eu queria ir ao topo. Não deixaram porque niguem estava preparado. A partir dali, cada metro ficava mais frio e em caso de deslizamento de rochas estaríamos em problemas. Fui embora de Pasto, um dia, e me despedi do Galeras chorando em direção à Planíce Amazônica. Nunca mais voltei. Uma viagem abordo de um pequeno micro ônibus chamado "buseta" de cerca de quatro horas (talvez mais) separava a cratera do vulção da vegetação de Floresta Úmida de Altitude já na influência Amazônica. Uns anos depois houve uma erupção sem vítimas. Em 1993, já de volta em Foz do Iguaçu, o Jornal Nacional anunciou que um vulcão na Colômbia tinha explodido e matado vários cientistas. Eu sabia na hora qual vulcão poderia fazer isso. Depois já foram registradas mais erupções a última em 2010.
Ainda enquanto morava na Amazônia Colombo-Brasileira fiz uma viagem, já em melhores condições, quando vi de longe um vulcão chamado Nevado del Ruiz. Lindo no horizonte da cidade de Manizales. Um dos meus chefes no hotel de selva era da região e tinha parentes na cidade de Armero aos pés do Nevado del Ruiz. Um deles era o prefeito. Combinamos de irmos lá juntos. Ele contava muita coisa de mim aos parentes e eles queriam conhecer esse brasileiro. Não deu tempo. Em 13 de novembro de 1985, o Nevado entrou em erupção e destruiu a cidade de Armero inteira com seus 25 mil habitantes.
Na última vez que voltei a ver um vulcão, o Pichincha em 2003, o taxista que me levava ao Aeroporto de Quito, me perguntou: como você conhece o Pichincha? Contei pra ele. E qual é o vulcão mais conhecido do Brasil? Nenhum! O Brasil não tem vulcão, disse. Como um País não tem vulcão? E como vivem os brasileiros sem vulcão? Por isso eu não troco meu Equador por nada!
Desde a explosão do Galeras outras dezenas de cientistas da vulcanologia e disciplinas afins morreram pelo mundo. A todos e extensivo aos seus familiares minha homenagem e respeito. Obrigado por ajudarem a entender o Planeta. Sem vulcão e suas diferentes variedades de vulcanismos existiria planeta? Paisagem? Cataratas do Iguaçu? Itaimbezinho? Turismo? Serra do Rastro? Terra vermelha?
Namastê
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