sexta-feira, 12 de junho de 2009
Curiosidades sobre as 'obrajes' da erva mate
Você já ouviu falar em obraje (obrage), mensú e colonização do Oeste do Paraná? Descobri e gostaria muito de adquirir o livro ao lado. É uma história econômica da América Latina da Universidade de Cambridge. A gente escuta falar de obraje como se fosse uma invenção local. Não é não. O livro afirma em trechos que cosegui ler em vários sites e no 'google books' que "obraje" foi um modelo produtivo espanhol nas Américas. Que foi um embrião das fábricas e da produção via fábrica. Uma protofabrica, ou "sweatshop" - como se diz em inglês, oficina de suor. Tudo começou no México com indios escravizados trabalhando em cubículos fechados e geralmente amarrados aos instrumentos de trabalho. As oficinas de trabalho chamadas 'obrajes' estavam ligadas à produção de tecido, primeiro à base de lã de llama, depois de algodão e mais tarde de lã de ovelha.
Chamando a "obraje" de uma inovação organizacional do novo mundo, os autores afirmam que a idéia (perversa) das obrajes não tinha semelhantes na América pré-hsipânica ou na Europa. As datas para o aparecimento delas são: 1539 em Puebla, México; 1551 Texcloco e Michoacan e 1560 Apizaco. Já em 1545, aparece a primeira 'obraje' em Jauja no Peru. Minhas perguntas são: como esse modelo chegou à região de Foz do Iguaçu? Claro que foi via Agentina, mas, como se deu a adptação dela para a exploração no estilo industrial da erva mate?
A produção era no estilo 'em série'. Havia os que iam trazer a erva, e os que trabalhavam nos diversos processos e aparelhos: como o barbaquá, o girau, a Cancha e os noques. Havia dois profissionais interessantes nessa indústria do sufoco: o guaino que ateava fogo e mantinha a fogueira acesa e o 'uru' que era um homem que revirava os galhos em cima do fogo. Esse homem ficava dias em cima do fogo trabalhando em alta temperatura. Ele ganhava para ser assado. Obraje vem de 'obrar' trabalhar e a raiz é a mesma que a de 'operário'. Aqui na fronteira eram obrajes toda a região Oeste, Puerto Franco, Hernandárias, e toda a província de Misiones. Em outras palavras éramos terra de escavidão, exploração e peão. Quando vejo a população se matando para trabalhar como laranja, cigarreiro, passeiro, cabriteiro eu pergntou: mudou? Consegui também um texto chamado Los Mensú de Horacio Quiroga. Vou ler! Se você for a San Ignacio, não deixe de conhecer a casa de Horacio Quiroga, grande escritor que nasceu em Salto, Uruguai.
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2 comentários:
Sobre o assunto, e já que é do teu interesse, recomendo o livro "Obrages e Companhias Colonizadoras" (Santa Helena na História do Oeste Paranaense até 1960). A autoria é de José Augusto Colodel e a edição, em 1988, é da ASSOESTE, de Cascavel. A obra, de profunda pesquisa, foi originária de um projeto conjunto entre a Prefeitura de Santa Helena e a Itaipu Binacional, com recursos financeiros da empresa e lojísticos de ambas as partes. Na época o prefeito municipal era Júlio Morandi e o Diretor Geral Brasileiro era Ney Braga, também prefaciador do livro.
Peço corrigir o "lojístico", para logístico.
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