Uma das atrocidades do novo sistema de transportes de Foz do Iguaçu é o horário noturno dos ônibus. Vou ficar bem envergonhado de dizer isso mas é verdade. O último ônibus de todas as linhas que circulam do centro para os bairros parte às 23h20. Ontem cheguei ao ponto às 11h40 e fiquei lá sentado até às 01h20 da manhã de hoje. Comigo estavam funcionários de hotéis (Rafain Centro), restaurantes do centro como o Chef Lopes, mais adiante motoristas de empresas de ônibus (Rafagnin Transportes) e todos davam nota mui baixa ao "sistema". Comentavam que os patrões têm três escolhas: soltam os funcionários mais cedo, fecham os estabelecimentos mais cedo ou, terceira opção, demite as equipes que moram nos bairros. Já os empregados tem as seguintes saídas: se recusam a trabalhar de noite; rezar para que apareça o transporte pirata com vans e veículos particulares; comprar um carro ou uma moto com placa paraguaia. "Com 500tão a gente compra uma moto lá e se livra do ônibus", escutei. Assim creio que voltamnos à estaca zero do problema.
A canção do empregado iguaçuense para o chefe:
Não posso ficar nem mais um minuto com você
Sinto muito amor, mas não pode ser
Moro na Fodoguaçu*, se eu perder o busão que sai agora às 11h20
só no madrugadão (01h30)
Fodoguaçu é uma homenagem à Tezza Editores que usou o termo em livro de sua autoria
Um comentário:
Se o assunto não fosse triste diria que o texto é muito bom. São estas coisas que fazem com que questionemos a vocação turistica da cidade e o modelo de desenvolvimento escolhida para ela. Uma cidade que não oferece possibilidades dignas de locomoção pode atender sua demanda de visitantes e ainda pensar em crescer? Antes de disso, não conseguimos garantir um conforto minimo para os moradores e trabalhadores iguaçuenses como podemos recepcionar ou melhor nosso nível de hospitalidade? Foz tem muito que avançar...
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