O
turismo no Brasil bombou a partir de 2003 quando o presidente Lula criou o
Ministério do Turismo. O Turismo cresceu, passou a ser coisas mais séria, com
verba própria, com verba para investimentos em infraestrutura e com autonomia
nunca vista antes em turismo no país. Eram as abordagens técnicas como as de escolher
os destinos indutores e preparar o Brasil para o turismo. Daí vieram os grandes
eventos o que colocou o turismo na pauta. Infelizmente isso nos levou a uma
situação interessante: o turismo deixou de ser discutido. É como se tudo
estivesse sido feito e que não devemos nos preocupar porque tudo está nas mãos dos especialistas. Escrevo esta nota para lembrar que o turismo ainda merece e precisa de muita discussão e ainda é uma área
que necessita de ativistas, cada ativista na sua linha de ação. Agorinha estou
pensando em uma alemã chamada Anita Pleumarom fundadora da organização T.I.M-Team
(Tourism Investigation and Monitoring Team) com sede em Bangcoc, Tailândia
e que monitora o turismo na região da desembocadura do rio Mekong, na área de influência
da Tailândia, Vietnã, Burma (Birmânia / Myamar), Malásia e Singapura com ligações também com turismo do Sul da India. É a região PATA - Associação de Agentes de Viagem da Asia e Pacífico) Tendo feito a apresentação de
Anita Pleumarom, apresento o primeiro texto dela traduzido livremente por mim.
Turismo, eco-turismo ou eco-terrorismo
A tendência de apresentar o eco-turismo como
sustentável, baseado na natureza e no
meio ambiente, está sendo agora objeto
de considerável controvérsia. É o subsetor de crescimento mais rápido da
indústria do turismo com uma média anual estimada entre 10-15%. Governos, bem
como a indústria do turismo promovem o eco-turismo destacando reivindicando
para si sua sensibilidade econômica e social. Mas há preocupações bem fundadas
de que a afirmação carece de fundamentos científicos adequados, e que pode não
ser viável como uma solução para problemas sociais e ambientais do mundo. O
Eco-turismo é uma eco-fachada.
Particularmente preocupante é o desvio da abordagem de
questões cruciais na promoção do “eco-turismo”, quanto à economia global e a
brecha crescente Norte e Sul (países ricos e pobres), particularmente nos
países do Terceiro Mundo. Importantes questões sociais e políticas, como a má
distribuição dos recursos, as desigualdades na representação política e poder,
e o crescimento dos padrões de consumo insustentáveis são marginalizados ou
ignorados.
Ambientalmente arriscado - O Eco-turismo pode parecer
benigno, mas um dos seus impactos mais graves é a expropriação de 'territórios
virgens - parques nacionais, parques naturais e outras áreas selvagens - que são embalados para eco-turistas como
uma opção verde. Eco-turismo é altamente centrado no consumidor, atendendo
principalmente às sociedades urbanizadas e aos estilos alternativos de vida da
nova classe média. Na busca de lugares intocados (off the beaten track) do
turismo de massa, os viajantes já abriram muitos novos destinos.
Sem benefícios locais - Diversas atividades sociais e
econômicas locais são substituídas por uma monocultura de eco-turismo. Ao
contrário das alegações, as populações locais não necessariamente se beneficiam
desse turismo ecológico. A geração de empregos relacionados ao turismo é
exagerada / sobrevalorizada.: Os habitantes locais costumam ficar com empregos
de baixa remuneração de serviços, tais como guias de turismo, carregadores,vendedores
de alimento e lembranças. Além disso,
eles não têm a garantia de emprego durante o ano todo: os trabalhadores podem
ser demitidos durante o período de baixa temporada. A maior parte do dinheiro,
igual ao turismo fica com as companhias aéreas estrangeiras, operadoras de
turismo, e desenvolvedores imobiliários que repatriam os lucros a países
economicamente mais avançados.
Devastação romântica - Alegação de que o eco-turismo
preserva e reforça a cultura local é muito hipócrita. Os grupos étnicos são
vistos como um trunfo importante para atrair visitantes; um pano de fundo
exótico para a paisagem natural e vida selvagem. O romantismo e a devastação
simultânea e das culturas nativas é uma das ironias do eco-turismo.
Dada à falta de histórias de sucesso, e indícios suficientes
dos efeitos adversos graves, os atuais investimentos enormes em termos de
eco-turismo são equivocados e irresponsáveis. É necessário pesquisa, educação e
informação para os turistas para contrabalançar a dês-significação das culturas locais.
Este artigo foi extraído de um documento de informação
apresentado à Associação Alemã de Economia Política, Abril de 1995. Anita
Pleumarom é mestre em geografia e ciências políticas pela Universidade Livre de
Berlim / coordenadora do TIM-Team. Click here for original though abridged English text! Para outros textos críticos ver e TWN - Third World Network. Aqui tem outra tradução minha de um texto de Anita.
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