terça-feira, 27 de novembro de 2012

Tecnologia da Poluição: longe dos olhos, longe do coração

Instalando emissários em Ilha Bela, São Paulo
A Prefeitura de Foz do Iguaçu tem um problema administrativo com a Sanepar - Companhia de Saneamento  do Paraná. A Sanepar diz que a Prefeitura da Terra das Cataratas deve R$ 28 milhões. Vereadores denunciaram contratos entre a Sanepar e a Prefeitura. A Prefeitura ameaçou abrir licitação para achar outra empresa que assumisse o tratamento de água e coleta de esgoto. Propôs, também, empurrar para a Sanepar a coleta de lixo. A briga Sanepar - Foz do Iguaçu é uma briga econômica. Esta postagem não questiona contratos, a Sanepar, a Sabesb ou qualquer outra empresa de saneamento do Brasil ou do mundo. O que se questiona aqui é a tecnologia em si. Qualquer empresa de saneamento do Paraná, St Kitts, Maldivas, Nova York, Rio de Janeiro, Camboriú ou Tóquio faz a mesma coisa e usa a mesma tecnologia. A tecnologia utilizada por todas as empresas de saneamento do mundo para se livrar dos esgotos tratados é, basicamente,  lançá-los nos rios e mares. A parte final da tecnologia utiliza um tubo de grande bitola que recebe o nome de "emissário" (outfall, em inglês). Ele penetra mar (ou rio) adentro por centenas de metros e é afixado a profundidades, que varia segundo o lugar, mas fica por volta de 20 ou 30 metros abaixo do espelho d'água e fora da vista da maioria dos cidadãos. Na primeira foto, vemos mergulhadores trabalhando para instalar o "emissário" da paradisíaca Ilha Bela no litoral Norte paulista.
Instalando "emissários" em Foz do Iguaçu no Rio Paraná
(Kiko Sierich / A Gazeta do Iguaçu)
A Sanepar, no caso, está gastando (investindo) milhões de reais para incrementar a "qualidade de vida" da população aumentando a capacidade dos sistemas de "tratamento de água" e de "coleta", tratamento e "sumiço" de esgotos no rio Paraná. Parte desse montante cobrirá a construção de quatro "emissores" no rio Paraná - a parte realmente chata e criminosa desse negócio. O que você vê nas duas fotos grandes acima e abaixo é o "emissário" da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Iate Clube Cataratas. Há mais três em diferentes fases. As fotos foram tiradas no estágio em que o "emissário" ainda flutua sobre as águas do Paranazão. A técnica que envolve equipes treinadas é fazê-lo submergir controladamente e fixá-lo no fundo, no leito do rio.
Instalação de "emissário". Poluição, ao lado, vem do rio Mboicy (Foz) 
Estas duas fotos menores mostram dois momentos de emissários. O da esquerda fica em Malé capital das Ilhas Maldivas no lindo Oceano Índico. São nove emissários na ilha capital. A cada 40 minutos, a boca do emissário faz jorrar um poderoso jato de dejetos "tratados" da população humana na superfície. A cena acontece em todos os lugares. Esta tecnologia é “terráquea”.  Ou pelo menos assim seria chamada por um casual visitante de outro planeta. 

A foto à direita é um emissário em Miami, Flórida, Estados Unidos. Eu acho que a aceitação universal do "saneamento via emissários" é um sinal de alerta que denuncia um síndrome sofrido por uma civilização que sofreu lavagem cerebral. E tudo isso é recente. Tudo começou com a "descarga" ou os toilettes de descarga (flush toilets, em inglês). Mas nesse mundo tudo é ou 8 ou 80. Hoje em dia em questão de saneamento de dejetos e esgotos só há duas escolas de pensamento. Uma é a que as empresas de saneamento seguem. A outra é a do toilette compostável.Veja este vídeo com imagens de mergulhadores!   

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