A Mesquita no Jardim Polo Centro. O terreno vazio, à esquerda, é ocupado hoje por um centro de eventos |
A Mesquita branca que aparece no horizonte de Foz do Iguaçu, localizada no bairro Jardim Polo Centro, e vista de vários pontos da cidade, se chama Omar Ibn Al-Khattab. A maioria da literatura de divulgação turística chama-a somente de “Mesquita Muçulmana”. Muita gente na população local chama-a de “Igreja dos Árabes” e algumas publicações a chama simplesmente de “Mesquita que é parte da cultura árabe”.
Eu prefiro dar o nome como é: Mesquita Omar Ibn Al-Khattab. Evito dizer Mesquita Muçulmana porque toda mesquita é muçulmana. Não existe mesquita cristã. Quanto a dizer que a mesquita é da cultura árabe, isso também é desencaminhador. Nem todo árabe é muçulmano. Assim como nem todo muçulmano é árabe. A mesquita está aberta a todos os muçulmanos e isso inclui os indonésios, os maldivos, iranianos, filipinos, brasileiros, paraguaios.
Em construção |
Lançamento da Pedra Fundamental |
O bairro Polo Centro ainda "rural" ao por do sol. Destaque para a mesquita ainda em construção, Foto de um (livro) Guia Japonês |
Em Foz do Iguaçu, a maioria dos “linguisticamente árabes” são de nacionalidade libanesa. Ou são filhos e netos de libaneses. Pode haver árabes de outras nacionalidades em número muito menor como marroquinos, tunisinos ou egípcios. Quem foi Omar Ibn Al-Khattab?
Um pouco da História da Comunidade Árabe de Foz do Iguaçu
Este artigo do autor foi publicado na revista 100 Fronteiras há alguns anos. Agrego aqui para contar um pouco da história da comunidade árabe. (JL)
Estima-se que a comunidade árabe de Foz do Iguaçu, predominantemente libanesa, esteja na casa das 12 mil pessoas. Mohamad Mahmoud Ismail do Centro Cultural Árabe Brasileiro, diz que há noticias de que desde os anos 30, comerciantes libaneses, especialmente os mascates, já “beliscavam” a praça de Foz do Iguaçu e aventuravam-se nas “obrages” da região. “Mas a partir dos anos 50, começaram a estabecer-se na região”, conta Ismail que junto com com Menzer Osman, à frente da Associação Cultural Árabe-Brasileiro, começou a fazer um levantamento histórico e cultural da comuidade árabe de Foz do Iguaçu.
Na
sala que funciona como a sede do Centro Cultural, as paredes estão cobertas de
fotos e material de grande valor histórico e cultural cuja importância
ultrapassa a fronteira da colônia. “Já pertence a toda a comunidade Iguaçuense
e das Três Fronteiras”, explica Menzer Osman, lamentando que este ano não deu
para expor na Fernatec – Feira local que celabra a diversidade cultural de Foz
do Iguaçu e da Fronteira.
Entre
as curiosidades estão o registro de nascimento da primeira criança que nasceu
na “Colônia”. Foi uma menina: Florida Hassan El Nirssr no dia 27 de setembro de
1957. O primeiro casal a se casar na colônia árabe de Foz foi Ali Saïd Rahal e
Leila Canan. Há ainda fotos, muitas fotos familiares e documentos como
passaportes expedidos no Líbano.
Uma
das famílias mais antigas da Colônia árabe em Foz do Iguaçu é a família
Barakat. “Meu avô, Mohamad Hussein Barakat imigrou para o Brasil em 1892” diz
Mohamad Ibrahim Barakat, ex-vereador, ex-secretário da Indústria e Comércio na
gestão do prefeito Harry Daijó. “Na época, o Líbano estava sob o domínio turco,
sob o Império Otomano e os libaneses que saiam do Líbano viajavam com
passaporte do Império Otomano ou turco. “Por isso até hoje, as pessoas chamam
árabes em geral de turcos”, explicou Barakat.
O
primeiro Barakat a vir para Foz do Iguaçu foi Ibrahim Mohamad Barakat. Ele
subiu a abordo de um navio no Líbano no dia 20 de abril de 1950. Um mês depois
desembarcou no Porto de Santos em São Paulo. Ibrahim subiu a Serra do Mar e se
instalou precariamente em São Paulo. “Ficou mascateando com amigos no bairro de
Jabaquara durante os primeiros meses”, contou. Em 1951 Ibrahim Barakat chegou a
Foz do Iguaçu e se hospedou no Hotel Lamarque (que mais tarde pegou fogo, diz
Mohamad Barakat, nosso entrevistado).
“Meu
pai contava que na época não havia confecções. O que havia eram cortes de
tecido. Em duas ou três semanas ele vendeu tudo e assim ele continuou viajando
entre São Paulo e Foz do Iguaçu. Em 1951, chegou meu irmão Adnan Barakat,
falecido há quatro anos. “Meu pai nasceu em uma cidade libanesa chamada Balul.
Minha mãe veio de Lala”, lembra Barakat e acrescenta “o núcleo da Colônia de
Foz do Iguaçu é Balul e Lala, cidades localizadas no Vale do Bekaa”.
Segundo
Barakat, “esse é o núcleo da Colônia de Foz pelo qual chegaram sobrenomes como
Osman, Omairi, Rahal, Sleiman entre outros. “Todos de alguma maneira parentes,
sobrinhos de pai ou de mãe” disse Barakat.
Depois a imigração se extendeu. Barakat cita um levantamento realizado
por um professor do Centro Educacional Libanés del Paraguay em Ciudad del Este,
que conclui que a Colônia Árabe nas Três Fronteiras hoje representa 180 cidades
libanesas.
A
partir dos anos 60, a Colônia Árabe de Foz do Iguaçu deixou de ser unicamente
libanesa. Yusef Nassar, nasceu em Jerusalém em 1939. “Na época a Palestina
estava sob o domínio inglês e continuou assim até 1948 quando os ingleses se
foram e o Estado de Israel foi criado”, esclarece Yusef, comerciante que
chegou em Foz em 1960. “Eramos oito irmãos. Quatro homens e quatro mulheres.
Primeiro viemos dois irmãos e depois mais dois. Depois disso veio o restante da
família”, conta Yusef, pai de três filhas que nasceram aqui: Samyra, Soraya e
Sumaya.
Breve histórico da
Colônia Árabe de Foz do Iguaçu
1892
– Passa pela fronteira primeiro árabe libanês que se tem noticia a caminho da
Argentina
1930 Mascates e comerciantes começam a visitar Foz do Iguaçu
1950
Instalam-se, com suas famílias, primeiros imigrantes árabes
1957
Nasce em Foz o primeiro filho de árabe
1958 Fundada a Associação Cultural Sírio
Brasileira de Foz do Iguaçu
1962 Fundado o Clube União Árabe de Foz do
Iguaçu
1977 Lançada a 1ª Fartal. Participação da comunidade árabe é marcante
1980 Fundada a Sociedade Árabe Palestina Brasileira
1981 Funda-se a Sociedade Beneficente Islâmica de Foz do Iguaçu
1981 Funda-se o Centro Cultural Beneficente Islâmico de Foz do Iguaçu
1981 Lançada Pedra Inicial da Mesquita
Omar Ibn El Khatab
1982 Começa a funcionar a Escola Árabe Brasileira usando instalações do Colégio
Estadual Mosenhor Guilherme.
1986
Lança-se a 1ª FERNATEC – Feira das Nações, Artesanato, Comércio e Turismo de
Foz do Iguaçu
1994
Fundado o Lar Druzo Brasileiro de Foz do Iguaçu
1996
Inaugura-se a Sede da Escola Árabe Brasileira
1998
Fundada a Associação Beneficente Árabe Brasil
1999
Fundada a Igreja Evangélica Árabe Brasileira
2001
Inaugurada a Escola Libanesa Brasileira, primeira no Brasil com a língua árabe
como matéria curricular
Nota:
Foz do Iguaçu tem ainda a Mesquita Husseniya localizada na mesma região. Ciudad del Este também possui mesquitas. As escolas progrediram e já oferecem o ensino médio completo. Estamos atualizando.
Foz do Iguaçu tem ainda a Mesquita Husseniya localizada na mesma região. Ciudad del Este também possui mesquitas. As escolas progrediram e já oferecem o ensino médio completo. Estamos atualizando.
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