quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Nada de complexo de vira-lata em Foz do Iguaçu: casos em que Foz está na frente - transporte coletivo (Parte II)

Sinalização oficial de assento preferencial em ônibus de Foz do Iguaçu
Faltavam mais ou menos dez minutos para as duas da tarde de hoje (10 de janeiro) e o ônibus da linha Morumbi - TTU - Centro estava lotado. De repente uma passageira que estava em pé pede em voz alta: "pessoal alguém por favor cede o lugar para este senhor aqui que está em pé". 

Automaticamente umas quatro pessoas se levantaram. O senhor, sorrindo, se sentou ao lado de uma janela. "Mas ói' se não é o Seu Madruga", disse um senhor na casa dos 30, brincando com o idoso. Já com o Seu Madruga sentado, sobrou um lugar e eu era o mais velho da galera me sentei. O rapaz explicou porque o seu Madruga tem esse nome. "Ele vendia mandioca no Morumbi. Um dia encomendei umas mandiocas. E ele foi me entregar às seis da manhã", contou.


Essa cena não acontece em países mais desenvolvidos como Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos, Japão e nos grandes centros brasileiros. Não porque eles sejam mais adiantados. Esse senso de "semancol"* iguaçuense é ate mais adiantado do que o que existe na Europa, Estados Unidos e Ásia.  Neste sentido a Lei Iguaçuense está à frente das leis dos municípios de Tóquio, Londres, Berlim e outros. Pela Lei iguaçuense todos os assentos são preferenciais ou seja prioritários para idosos (a partir dos 60) além de grávidas, obesos e pessoas com qualquer deficiência. 
Foz à frente do Rio de Janeiro
Segundo uma lei do Rio de Janeiro sancionada pelo prefeito Marcelo Crivella, no começo de janeiro de 2019, passa a ser considerado idoso no Rio quem tem 60 anos ou mais. Antes da lei, idoso no Rio era quem tinha 65 anos. Para efeito de gratuidade parece continuar nos 65 anos. O idoso é idoso aos 60 em Foz há muito tempo. Há até uma campanha na Terra das Cataratas para reverter a lei e fazer o idoso ter direito a gratuidade nos ônibus municipais a partir de 65 anos. Uma espécie de retrocesso. Em 2016, a Lei nº 6.073, passou a garantir no Rio de Janeiro a prioridade nos assentos de veículos de transporte público.



São Paulo
Na capital paulista O vereador Gilberto Nascimento (PSC) apresentou em 2017 um Projeto de Lei (783) que propõe  norma geral para os assentos do transporte público paulistano: todos os lugares serão preferenciais aos idosos, gestantes, portadores de deficiências físicas e obesos. Parecido com o de Foz mas ainda é proposta.


Alemanha
Segundo o site The Local editado por Rachel Stern, a questão de ceder lugar para idosos e grávidas em ônibus e metrô na Alemanha é uma questão de pedir. A obrigação não existe por lei. Confia-se no "semancol alemão" ... se você quiser um lugar por ser idoso você tem que pedir e a pessoa dar se quiser. "Não espere que alguém ofereça um lugar. Os passageiros não são rápidos para abrir mão de seus assentos para idosos ou grávidas. A regra parece ser: Se você não pedir, você não leva", sugere Rachel Stern. 

Indicação de Aviso de assento preferencial no Japão

Reino Unido
Anna Whitehouse, repórter-isca com barriga falsa
 Um estudo promovido entre 2.000 usuários dos transporte regular em Londres, Inglaterra concluiu, entre outras coisas que, só seis em dez usuários do transporte oferecem lugar para uma mulher grávida. Também que um entre quatro, nunca havia cedido o lugar. A pesquisa foi encomendada pela Mama Mio que faz produtos para limpeza de pele. A campanha é para encorajar as mulheres grávidas a pedirem o assento. A repórter-isca e modelo Anna Whitehouse (Vídeo) lembrou que gravidez não é doença ou fraqueza, mas é uma vulnerabilidade.  
Aviso de assento preferencial na Irlanda apela para a "consideração" do cidadão

Turistas por fora em Foz
A linha 120 que vai do Terminal de Transporte Urbano (TTU) ao Parque Nacional via Cataratas é um "deus-nos-acuda" de lotado. Entre os usuários estão passageiros que se dirigem a  bairros ao longo da linha e inclui toda a mão de obra dos hotéis, shopping, restaurantes, atrativos, aeroporto, Cataratas, além dos turistas de todo o mundo que embarcam para as Cataratas no Parque Nacional do Iguaçu- inclusive os trabalhadores do Centro de Recepção de Visitantes do Parque Nacional. Nesta linha é normal ver em algumas viagens jovens europeus, alemães, ingleses sentados sem levar em consideração as placas (só em português mas com figurinhas) ao lado dos "assentos amarelos" ou "assentos preferenciais". Repetimos, os avisos contém texto e imagem - adotados e inteligíveis internacionalmente. 

Como é lei, é possível que o cobrador ou cobradora seja obrigado a pedir que alguém ceda o lugar. Se o caldo engrossar, é possível também que a polícia ou Guarda Municipal seja chamada para ajudar. Se isso acontecer, o barraco está armado. Essas abordagens são sofridas por problema de idioma, do cobrador, do agente da lei, de opiniões do agente quanto a estrangeiro e problemas similares. 

Por último, o Blog sugere que já passou do tempo de uma sinalização em lugares visíveis no TTU e dentro dos ônibus que avise sobre os lugares "preferenciais". Mas se houver, mesmo esse termo gera confusão. Assentos preferenciais não indicam um obrigação. Parece dizer que é preferência dos idosos. "Assento preferencial" pode ser confundido com o uso da expressão pelas linhas aéreas onde um "assento preferencial" é aquele que o passageiro paga a mais porque só viaja nele, gosta dele. Um exemplo de um assento preferencial, para mim é a cadeira, duas fileiras, lado janela, atrás da asa". Se você exige a cadeira, vai pagar a mais por ela. No caso do ônibus, a palavra utilizada seria "prioritário". Pelo menos é o que se usa na Europa, Japão, Estados Unidos entre outros países. A tradução: "Priority Seat" - "Assento Prioritário". 



* A gíria "Semancol" vem do verbo (gíria) "se mancar".
Ver parte I desta postagem 

Nenhum comentário: