domingo, 17 de novembro de 2019

Os irmãos rebouças, os túnéis e pontes

O trem já está la na frente

O primeiro projeto da Estrada de Ferro Antonina – Curitiba foi feito pelos engenheiros negros e irmãos André e Antonio Rebouças. Quando a obra começou em 1880, dez anos após o primeiro projeto, duas coisas tinham mudado. Primeiro o traçado original de Rebouças. Em vez de partir de Antonina, a Corte, lembre que ainda éramos Império, aprovou a partida da linha de Paranaguá.


Na primeira proposta Rebouças junto com Francisco Monteiro Tourinho e Maurício Schwartz  também requeriam a concessão para a construção e operação da ferrovia. Eles já tinham a experiência com a construção da Estrada da Graciosa, no mesmo trecho e próximo à ferrovia, entre 1854 e 1873. 

Véu da Noiva
Antônio Pereira Rebouças Filho também tinha experiência na construção de ferrovias como responsável pela Estrada de Ferro de Campinas a Limeira, em São Paulo. Rebouças e sócios conseguiram a concessão mas não conseguiram o  dinheiro para  iniciar as obras dentro dos prazos estabelecidos. 

Por isso ele cedeu seus direitos em 1873 ao Barão de Mauá considerado o maior empreendedor brasileiro e criador da primeira estrada de ferro do Brasil em um período em que o empresariado majoritário não tinha nada contra continuar escoando a produção em lombo de burros. Porém o Barão tampouco  conseguiu iniciiar a obra no prazo devido a dificuldade de  capital nacional. Assim a concessão foi transferida para a Compagnie Générale de Chemins de Fer Brésiliens (CGCFB) – cuja tradução embora horrível fica assim: Companhia Geral de Caminhos de Ferro Brasileiros, de capital francês. Para botar a mão na massa a CGCFB  contratou a belga Societé Anonyme des Travaux Dyle et Bacalan. 
Pontes e Túneis

A construção começou em 1880 e terminou em 1885. Cinco anos para construir uma estrada de ferro naquela época. Um milagre, já que além das dificuldades do terreno ainda havia a malária. "Chegamos a manter 9 mil homens em serviço, dos quais a metade na cama, atacados pela malária ou outras doenças", comenta o site Patrimônio Belga no Brasil.

Viaduto São João, fabricado na Bélgica, montado in situ
Em números foram colocados 110 km de trilhos, escavados 14 túneis, construídos 75 pontilhões além de 71 pontes e viadutos. Só para a construção destas obras de engenharia foram importadas da Bélgica mais de 2.172 toneladas de ferro.

Destaque para a Ponte São João e o viaduto da Grota Funda. O Viaduto São João tem quatro vãos. Um de  12 metros, o segundo com 16,32 metros, o terceiro com 70 metros e o quarto com 12 metros. Confira o site para ver todos os números. O site presta um bom serviço ao destacar a participação belga já que quando falamos em ferrovias os ingleses aparecem em primeiro lugar.  


Nota: 
Tem muita gente envolvida nessa história. Um deles é o engenheiro Teixeira Soares. Leia mais sobre ele  

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