O casal está sentado em um banco brasileiro olhando para os saltos argentinos |
Você entende bem qual é a diferença entre Foz do Iguaçu Destino do Mundo e Destino Iguaçu? É simples: Foz do Iguaçu Destino do Mundo trata unicamente de Foz do Iguaçu, o município como um "destino" turístico.
Já quando se fala em Destino Iguaçu, o pessoal do trade, os parceiros oficiais falam de Foz do Iguaçu, Ciudad del Este, Presidente Franco, Hernandarias, Puerto Iguazu e as dependências e conexões dessas cidades (como a região Metropolitana de CDE) do outro lado do Iguaçu ou Paraná. Tudo como um único Destino de Viagem.
Existe uma divisão legal e fiscal aí. O Foz do Iguaçu Destino do Mundo é administrado por algo batizado como Gestão Integrada: Município, Secretaria de Turismo, COMTUR, Fundo Iguaçu, Itaipu Binacional, iniciativa privada, entidades de classe entre eles o Visit Iguassu. Como pode haver uso de dinheiro público, oficialmente, os órgãos da Gestão Integrada não podem gastar dinheiro ou verba para promover os destinos contemplados no transfronteiriço Destino Iguaçu.
Essa prática é comum nos níveis federal e estadual da administração turística no Brasil e nos países vizinhos. Por exemplo: a Prefeitura de Foz do Iguaçu ou Secretaria de Turismo não podem bancar uma campanha para promover o Comércio de Ciudad del Este ou vice-versa. Pode dar até "impeachment" do prefeito sem contar a demissão do secretário de Turismo. O mesmo aconteceria se o governador do Alto Paraná paraguaio ou o prefeito de CDE fizesse uma campanha para atrair moradores de Assunção para visitar Ciudad del Este destacando o fato de CDE estar na fronteira com Foz do Iguaçu. O impeachment sairia mais rápido ainda.
Nem as Cataratas do Iguaçu e os parques nacionais escapam dessa camisa de força fisco-legal. É por isso que as propagandas pagas pelo Ministério do Turismo do Brasil nunca vão falar em Argentina, lado argentino ou mostrar um salto que esteja 100% no lado argentino. Um exemplo seria uma bela foto do Salto Dos Hermanas, do San Martín ou da fileira de saltos da estrutra arqueada que inclui todos os saltos argentinos que fazem parte do Passeio Superior. As autoridades de turismo da Argentina têm o mesmo problema nos níveis municipal, provincial e nacional.
A foto que ilustra esta postagem é um bom exemplo. O casal que está usufruindo da vista deslumbrante das Cataratas do Iguaçu está sentado em um banco de praça instalado em solo brasileiro dentro do Parque Nacional do Iguaçu. Se a foto tivesse sido tirada de modo a mostrar só os mesmos saltos sem dar nenhuma referência brasileira (o banco) a Embratur ou o Ministério do Turismo não finaciariam a campanha que usasse a foto. Tanto na Argentina como no Brasil tem gente dos Ministérios Públicos (Fiscalías) de olho. Uma exceção seria o Paraguai que sempre coloca fotos das Cataratas do Iguaçu em folhetos que mostram as belezas do Paraguai. Mas lembremos, esses folhetos são da iniciativa privada, de agências ou operadoras. Não são da Secretaria Nacional do Turismo equivalente ao Ministério do Turismo. E se por erro uma foto dessas escapar, algum pescoço (cuello) vai rodar.
Esta é a mesma foto que aparece acima. O casal foi cortado fora dela. Do jeito que está, seria considerada propaganda de um atrativo estrangeiro e não poderia ser parte da propaganda brasileira. |
Aí entra em ação os "arranjos" produtivos ou de "governança" como a Gestão Integrada sendo montada e repicada nos três lados da fronteira. O Visit Iguassu, o Visit Iguazu e um parceiro paraguaio que se chama ou chamará Visit Ciudad del Este bem como uma gestão integrada de cada lado. O Visit Iguassu tem empresas associadas e mantenedoras nos três lados da fronteira e produz material de divulgação dos associados e, aí sim, dos destinos associados sem medo de infligir a parte legal quer dizer sem a "camisa de força" dos homens de Assunção, Brasília ou Buenos Aires no nivel federal (nacional) ou dos governos das capitais de estado (Província ou Departamento) como o de Ciudad del Este, Curitiba, ou Posadas.
Não esqueça que Ciudad del Este é a sede do Governo ou é a Capital do Alto Paraná. Neste nível a interlocutora dela é Curitiba e não Foz do Iguaçu. Todo mundo esquece do governador do Alto Paraná. Afinal como é o nome dele? Há recípocra! O Alto Paraná também não se incomoda muito com o Paraná ou, pelo menos, o acha longe demais junto com a maioria de seus governadores. Há espaço para mudar isso. Um exemplo, no Paraná, o nome do governador atual é Ratinho Jr. É preciso traduzir: Ratiño, não significaria nada. "Ratoncito Jr", não pega bem. E Ratito, pior. Ratito passa a ideia de algo que vai passar logo, vai durar pouco. Eu avisei. Fronteira é complicada. Três Fronteiras, mais ainda.
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