Artesanato de comunidade guarani de Ciudad del Este exposto no Festival das Cataratas 2023 (Ilustração) |
Conheci um sueco, já idoso, que morava em Letícia, capital da então Comisaría del Amazonas na Colômbia. Ele saíra da Suécia logo após a universidade. Toda a vida morou na América Latina porque gostava e viveu a vidinha latino-americana até a velhice. Ele me contou a história de um escritor sueco que vivia na Guatemala e escrevia em inglês, não se sabe por que carga d'água. Mas outros escritores de outros países escreveram em inglês em vez de fazê-lo em sua língua nativa. Um exemplo é Joseph Konrad, polonês de nascimento que tornou-se um ícone da literatura em inglês e mundial.
Falo isso para lembrar a história de um dos livros do escritor sueco da Guatemala. A história fala de um empresário americano que em uma viagem de turismo visitou uma aldeia. Lá ele viu uns cestinhos para venda. O guia falou sobre a importância do artesanato indígena para a sobrevivência da comunidade. O viajante comprou todos os cestinhos que havia à mostra. O guia fez aparecer o artesão responsável. Ele contou ao viajante que cada cesto era confeccionado com dedicação e para cada cestinho era criada uma musica assoviada para ele.
Impressionado o turista nova-iorquino encomendou 100 cestos. E acertou o preço. Como ele tinha pago, digamos 1 dólar por cesto ele perguntou ao índio se ele faria um desconto na compra de 100. Por exemplo, 80 centavos. O indígena calculou, calculou, às vezes fazendo cálculos no ar e disse que sim. Três meses depois, a encomenda foi entregue, já que o empresário em viagem para um convenção pegou os cestos pessoalmente.
Em Nova York quem começou a fazer cálculos foi o empresário. Deu todos cestos como brinde a seus clientes. Um dos clientes tinha uma fábrica de chocolates. Ele teve a ideia, um chocolates especial, vendido para clientes seletos para presente embalado em um cestinho direto das terras maias. Fechou um pré e voou para a Guatemala, calculando. Um milhão de cestos a 30 centavos de dólares.
Uma vez na aldeia, perguntou. Um milhão de cestos a 30 centavos de dólares. O indígena disse que não sabia enxergar na cabeça o que significaria um milhão de cestos. O americano insistiu. O índio calculou e disse 10 dólares cada cesto. O empresário nervoso, irritado e surpreso calculava desta vez o prejuízo. O índio justificou: nós não temos um milhão de cantigas para assoviar para tecer tantos cestos.
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