segunda-feira, 21 de outubro de 2024

A República da Feirinha no "Puerto Fronterizo Iguazú"

La Feirinha fica a 9.022 km de Madrid
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Os brasileiros adoram. Os argentinos torcem o nariz. O empresariado local pertencente a organizações como sindicatos patronais, associações de classe, Câmara de Comércio e outras detestam. Nem querem ouvir falar. As agências de turismo de Foz do Iguaçu do Iguaçu incluem a Feirinha no menu do quê fazer em Puerto Iguazú. Pergunto: já foi feito algum TCC sobre este enclave tão interessante de Puerto Iguazú?

A Feirinha ou em "espanhol feriense" La Feirinha me faz lembrar um bairro em Buenos Aires. Se chama República San Telmo. Assim como San Telmo, a Feirinha que está em Puerto Iguazú e ousada. Se chama a si mesma de Feirinha Puerto Fronterizo Iguazú.  Isso de Puerto Fronterizo é, pelo menos segundo o mural das distâncias exposto em uma esquina de acesso,  criatividade pura.

Mas por que a bronca com a Feirinha? Um bom amigo iguazuense de coração e portenho de nascimento, reclamou que na feirinha o idioma é o português, a moeda é o real e como se não bastasse, mais da metade das lojas tem nome em português. É um tal de Bar do Gaúcho, Banca do Careca e outros "identificatórios" brasileiros. 

O presidente da Associação dos comerciantes da feirinha, César Batista (que não é brasileiro) me explicou um dia que assim como em Foz do Iguaçu, a cidade começou a partir da Colônia Militar,  Puerto Iguazú começou pra valer com a instalação do Parque Nacional Iguazu. 

Todas as terras de Puerto Iguazú pertenceram ao Parque Nacional Iguazú. O Parque cedeu terras para os Militares, para a Aduana, para a Prefeitura Naval,  para o Porto, para escolas, criou setores para chácaras, cedeu terras e abriu espaço para tudo. Todo mundo recebeu terras da Administração de Parques Nacionales (APN). Menos a feirinha. Não tendo recebido uma terrinha numa boa, a feirinha ocupou. Hoje, lembrando César Batista, a feirinha funciona graças a um acordo de uso com a APN. 

Mas a Feirinha não corre mais perigo. Até porque o espaço popular de economia criativa foi incluído dentro do projeto de harmonização e revitalização da área central da cidade, aproveitando e valorizando o traçado original do projeto de Charles Thays, aquele contratado para colocar no papel o plano urbano do Parque Nacional Iguazú, leia-se o centro da futura cidade. 
O traçado original da cidade pode ser testemunhado no local onde sete esquinas, convergem e cada uma delas abriga um bar, um restaurante ou uma loja de vinho e outros empreendimentos. As sete esquinas são conhecida também como sete Bocas.      

A Barraca da Mirian dispensa explicações 


Até o Neimar tem uma barraca

A placa é pequena mas as conexões linguísticas são interessantes




 

sábado, 12 de outubro de 2024

O Yabuticaba Mercadito de la Selva de Puerto Iguazu completa um ano hoje

A centenária jaboticabeira ainda dá frutos. Não são muitos mas são grandes 

A empresária Patricia Durán de Puerto Iguazu com atuação também em Foz do Iguaçu criou uma série de produtos interessantes. Todos relativamente pequenos mas com propostas interessantes. Um desses empreendimentos se chama Yabuticaba Mercadito de la Selva (Jabuticaba Mercadinho da Selva), em Puerto Iguazu. O Yabuticaba completa hoje um ano. Estive na inauguração. 

Um dos cantinhos para pequenas reuniões

E por que o nome Yabuticaba (Jaboticaba)? A resposta é simples. No terreno do empreendimento há um pé de jaboticaba que pelos meus cálculos deve ter mais de sete metros de altura. É uma jaboticabeira gigante e deve ter seus aninhos. Na semana passada fui lá com o jornalista Ariel Figueroa, uruguaio residente em Ilhéus à convite da jornalista Silvana Canal. Nesta visita tive a sorte de ver a jaboticabeira que deu nome ao empreendimento. 

A árvore cuja idade chuta-se que seja mais de 100 anos, ainda produz frutos. Não tantos como uma jaboticabeira jovem e domesticada. Mas os frutos se não são tantos, ipressionam pelo tamanho. "Nossa nunca vi uma jaboticaba tão grande" - exclamaram tanbto Silvana Canal como o Ariel. Sem exagero é do tramanho de certos ovos de pássaros da Mata Atlântica, como o mutum-de-alagoas. 

Não sabia que existia tantas marcas e linhas de erva mate

Não faltam livros como este sobre o joão-de-barro, ave símbolo da Argentina

Conta ponto para a empresária dois fatos interessantes. O projeto de construção pisa leve no terreno e respeita  os ocupantes milenares como uma porção de Mata Atlântica (Chamada de selva misionera na Argentina) e um pequeno rio que atravessa certa área de Puerto Iguazu começando em outro empreendimento da empresa e desembocando no rio Iguazú (Iguaçu). Na arquitetura do terror antinatureza vigente neste mundo pirado, estes terrenos teriam sido aterrados, o rio desviado, canalizado e vencido. 


Escultura de uma jacutinga da artista Silvana Kelm

Um beija-flor gigante fico devendo o nome do artista

Uma homenagem em um vaso à Camellia sinensis, a planta do chá preto, verde, inglês  


E para quem nunca viu, um pé de Ilex paraguariensis ou simplesmente erva mate

Degustação de chás no Teyú Tea, espaço interno do Mercadito

A ideia do Mercadito

Sem contar com um restaurante com um extenso cardápio

O local tem restaurantes, bar, locais para venda de vinhos, erva mate gourmet, um local especlializado para degustação de chás variados, diversos cantinhos para reuniões de amigos ou empresas e uma paisagem cheia de detalhes naturais e artesanais.   

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Para quem estuda inglês e é do turismo: As piores comidas típicas do Brasil

Minha primeira postagem destacando características do inglês, o significado e o sabor de palavras foi inspirada no Furacão Milton. Hoje a nota é uma reação a uma publicação com o título (manchete) "Comida típica do Paraná é considerada uma das piores do Brasil"  o site se baseia na informação do portal Taste Atlas (Atlas do Sabor) com sede nos Estados Unidos e criado pelo croata Matija Babic. Entre os piores pratos do Brasil estaria o barreado. Nesta época de redes sociais me preparei para responder e mandar o Matija Babic para aquele lugar "onde o macaco escondeu o caju". Mas preferi checar tudo. Descobri que o erro é linguístico. 

A frase "as 37 piores comidas do Brasil" é uma tentativa de tradução da frase "37 Worst Rated Brazilian Foods". Assim, "37 worst rated" não quer dizer "37 Piores", assim no seco. Quer dizer "piores avaliadas", ou "comidas brasileiras com pior classificação". Ou talvez menos mencionadas ou menos conhecidas.  

Mas o Taste Atlas poderia ter usado outro termo em inglês. Em vez de "worst rated" poderia ter sido mais verdadeiro e menos maldoso utilizar "most underrated" (mais subestimadas + ou -). O barreado vai bem. Não tenha vergonha do barreado, cuscuz paulista, caruru, o tucupi e a pamonha. Cuidado com o complexo do pinto pequeno (desculpe).  

Confira o ranking completo com as piores comidas do Brasil (segundo a confusão): 

Cuscuz Paulista, Arroz com Pequi, Acém, Paleta, Maria-mole, Lagarto, Sequilhos,  Sagu, Tareco, Coxão Mole, Ostra ao bafo, Pé-de-moleque, Quibebe, Músculo,  Patinho. Maniçoba, Peito, Sanduíche de mortadela, Salada de maionese, Cajuzinho, Salpicão de frango, Abará, Caldo de piranha, Biscoito de polvilho, Canjica, Mocotó, Bolo formigueiro, Caruru, Pato no tucupi, Pamonha, X-Tudo, Galinhada, Casadinhos, BarreadoCreme de papaya (mamão), Baba-de-moça, Carne de onça.

Secretarias de turismo, jornalistas de turismo, convention bureaux, viajantes e turistas fiquem atentos com a indústria dos "rankings" e avaliações. Nem tudo que reluz é ouro  


quinta-feira, 10 de outubro de 2024

O furacão e o poder da imagem de algumas palavras ou expressões (em inglês).

Foto de Kameca Rowe telespectadora do canal WPBF 

Lembrando o tempo de professor de inglês 

Lendo noticias sobre o Furacão Milton, me encantei com termos que os colegas jornalistas anglo-parlantes usam nos EUA. Termos que exploram imagens do fenômeno. 

O primeiro é "touchdown", refere-se àquele momento em que uma coisa que vem descendo toca o solo. Não é chocar-se contra o solo. Em um "touchdown" não se diz o que toca só dá a ideia que "toca para baixo". Tipo os pneus de um avião quando tocam o solo e solta aquela fumaça. Você já viu? 

 A outra palavra é "landfall", é a imagem de uma coisa que vem caindo controladamente e toca terra. É tipo atingir a terra. É usada também para substituir a palavra descobrimento. Ex.:7 de outubro é o "Dia da descoberta das Américas", em vez de "Descoberta das Americas" se diz "America's Landfall Day".  Se destaca o fato de Colombo ou Cabral, em outra ocasião, terem saltado do barco para a terra, caído na terra. 

Outra imagem poderosa está na palavra "spawn" que os biólogos usam para falar da desova de peixes. Os peixes viajam por distâncias longas e chegam em um local onde desovam. A imagem é a de que o que foi desovado foi transportado no ventre. Estamos falando de milhares de ovos que serão fecundados. Os títulos das matéria dizem: "Hurricane Milton spawns 150 tornadoes" - O Furacão Milton desova 150 tornados. A imagem é um furacão com a barriga cheia de filhotes o que leva a crer que filhote de furacão é tornado.  

O furacão trouxe no ventre os 150 tornados que ele desovou na terra mesmo antes de fazer sua "landfall" (chegada à terra) ou de fazer seu touchdown (toque do solo). 

Cuidado

"Spawn" não se usa para humanos ou mamíferos. Uma gravida não "spawns" o que ela faz é um "delivery". No final da gravidez a mulher faz uma entrega (delivery) de seu filho ou filha ao nosso mundo. Por isso a necessidade de preservar o nosso mundo porque está uma loucura!