domingo, 7 de fevereiro de 2010

Volta às aulas 2010 - Tenho pena e me solidarizo com os alunos

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Vai começar hoje mais um ano letivo e na maioria das escolas o que vamos ver é o que Paulo Freire chamou de "educação bancária". O aluno vai se sentar no banco e vai copiar contéudo. O quadro ainda é a tecnologia mais utilizada. Ainda bem que a palmatória foi proibida. A educação bancária é domesticação. O professor mal pago e não devidamente preparado não tem como ou não sabe utilizar tecnologias modernas na classe. Esta educação é mais uma "inducação".

É um questão de uso de prefixos. "Ex-ducare" contra "in-ducare". "E-duc-ar" ou "ex-duc-ar" nos trás a imagem de alguém cuidadosamente tentando tirar de dentro de alguma coisa ou lugar, algo precioso como se estivesse usando um pequeno ducto ou 'duto'. Como se estivesse usando um canudinho para sugar para fora e retirar o que está dentro. Como o beija-flor que utiliza sua enrome língua como um duto para extrair néctar das flores. No nosso caso, o potencial fantástico (néctar) que toda criança traz consigo desde a hora em que nasce. Ao passo que vejo um canudinho usado na 'educação', vejo o contrário sendo usado na educação de massa à qual os meus conterrâneos mirins se submeterão a partir de hoje.

Vejo um funil, onde a equipe pedagógica vai desesperadamente tentar empurrar conteúdos de fora para dentro como se fosse um francês enfinado comida goela abaixo de um pobre pato que se debate no processo de criar o "paté de foi gras". Embora o paté seja agradável ap paladar, foi bom para o pato? Eu queria muito que a escola estivesse criando cidadãos críticos e autônomos, e não futuros bonecos alheios à grandeza de sua existência, para serem, quando muito, utilizados e inseridos no mercado de trabalho. Queria que as escola estivessem criand cidadãos críticos que soubessem detectar mentiras, vãs promessas em discursos, ideologias e outros esquemas de dominação.

Linguisticamente falando, adoro ver a sabedoria inerente às palavras. Como a palavra eduação surgiu? O que eu mencionei do duto (canudinho) extraindo conteudo passou pela cabeça de quem escolheu os prefixos para formar a palavra? Convido os professores a transgredirem e não se conformarem com esse sistema que inclui tratar mal e torturar as crianças, pagar mal e recompensar mal o professor. Não aceite ser "desviador' de rotas de seres. Assuma a pedagogia, seja um pedagogo. Em grego, Παιδαγωγέω ou 'Paidagogeo' ou pedagogo em português é um condutor de criança. Era, na realidade, na Grecia antiga, a pessoa que levava os filhos do patrão à escola, protegendo-o, tranquilizando-o até entregá-lo à escola. Demos o tempo necessário para que as palavras mudem e seus novos usos se cristalizem, temos hoje o professor como alguém que fez pedagogia e assim são os modernos "condutores de crianças". Que todos tentemos acabar com a educação bancária, essa que já fracassou há tanto tempo.

Um comentário:

OSVALDO LUIZ disse...

A educação realmente tem declinado ao longo dos últimos anos! Foi-se o tempo em que o professor era comumente conhecido por "mestre"!! Quando caiu em desuso o termo "APM", ASSOCIAÇÃO DE PAIS E MESTRES, que foi substituído por "APP" ASSOCIAÇÃO DE PAIS E PROFESSORES, não foi somente uma expressão antiquada sendo substituída por outra moderna, mais atual; foi um sinal! Um sinal de que algo começava a decair! Os professores não mais eram tratados como mestres, e não mais eram pagos como mestres, então por que continuar a chamá-los de mestres né?! O termo "mestre", tem muito mais impacto do que "professor"! Está implícito na primeira expressão a função de "mostrar", de "ministrar", de "transmitir" conhecimento, de conduzir realmente, e é lógico que, um "mestre" tem de sobra argumentos para ganhar mais e isso não é nada bom para o governo que tem muito mais profissionais em sua folha de pagamento que as instituições privadas! Resultado dessa estratégia providencial é que, o status de "mestre", se perdeu, junto com a dignidade e outras tantas coisas mais! A profissão passou a ser pouco atrativa em termos de carreira e o talento, o dom e o amor ao que se faz passaram a ser, na maioria das vezes, substituídos pela falta de opção, seja por que o magistério é um curso barato ou por que, infelizmente funcionalismo público, no Brasil, ainda é sinônimo de estabilidade! Antigamente, (E bons tempos aqueles!!), desde a primeira semana de aula a menininha de seis ou sete anos de idade já sabia o que queria ser quando crescesse: Professora e o menino: Bombeiro, policial, coisas assim! Hoje a menininha aos três anos já conhece roupa da moda e até produtos de beleza e não tem dúvida: quer ser fashion, quer ser modelo, comprar carrão e sair na capa de revista! Os meninos??, querem ser jogadores,(famosos) de futebol pra "pegar" as modelos (famosas) e andar de Ferrari! Saudosismos à parte, a palmatória não foi a coisa mais maravilhosa do tempo dos "MESTRES", mas o tempo em que os professores eram respeitados e chamados de "MESTRES" teria sido perfeito se não fosse a dita cuja!! Abraço!