segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Marco das Três Fronteiras: Foz do Iguaçu revive 500 anos de história (ou Quem dizia que Foz não tem historia?)

Destaco aqui essa imagem de reportagem que fiz para a Gazeta do Iguaçu sobre as obras no Marco das Três. as fotos são de Roger Meireles. Note na foto superior que os trabalhadores estão preparando o espaço que chamarei aqui de "piscina" para o chafariz com fonte (Foto abaixo) que é parte do projeto de revitalização do local na fronteira.  Quem visitar o Marco das Três Fronteiras após a reabertura do espaço vai encontrar cerca de 500 anos de história resumida contada pelo sistema de "eduentretenimento" (se não me confundo). O espaço está dividido em três praças. A recepção terá como tema o governador espanhol da Província do Prata, Álvar Núñez Cabeza de Vaca enviado para a assumir o governo em Buenos Aires logo após a primeira fundação da cidade (a cidade teve duas fundações).  



Entre a saída da Espanha e a chegada em terras americanas - neste caso a Ilha de Santa Catalina (hoje SC Brasil), ele descobriu que os índios do Pampa haviam destruído a fundação. Isso forçou alguns espanhóis a voltarem para a Espanha e outros a se aventurarem rio da Prata (Paraná) acima e fundar a capital no que hoje é Assunção. Cabeza de Vaca soube por meio dos guaranis que era possível chegar à Assunção por terra. A expedição partiu de Santa Catarina entrou no que hoje é o Paraná, margeando o rio Iguaçu e assim em 1542, Cabeza de Vaca e sua expedição passou pelas Cataratas do Iguaçu em direção à Assunção. 

É o que os "homens brancos" chamam de descobrimento das Cataratas. Depois da revitalização, quem visitar o Marco das Três Fronteiras terá mirantes melhorados para ver o encontro dos dois rios  e o local onde Cabeza de Vaca e seus companheiros atravessaram o rio saindo do que é hoje Porto Meira (Foz do Iguaçu) para o Paraguai. Os 300 cavalos e mulas atravessaram o rio em uma balsa-ponte feita com as canoas amarradas da expedição amarradas uma à outra. Uma cena fantástica e há quem diga que seja impossível. Houve muito agito nessa área naquele longínquo dia.

Passando a área da recepção, vem a Praça das Missões - um espaço que relembrará muita coisa sobre a importância dos jesuítas na região que hoje é Paraná (Brasil)  e na época era a Província Real del Guayrá (Guaíra). Lembra o conflito bandeirantes - jesuítas e a fuga de jesuítas e índios de territórios desocupados na porrada para o território espanhol mais ao sul. Novas construções incluem réplicas de missões jesuíticas como a de San Ignacio Mini que foi erigida primeiro no Paraná e depois da guerras foi reconstruída na Argentina a quase 300 quilômetros daqui. Por fim, chega a Praça do Marco das Três Fronteiras em sim que conta a história do monumento colocado no Brasil e Argentina em 1903 como celebração do final do conflito diplomático de mais de 50 anos entre Brasil e Argentina no que foi chamado de "a questão das missões".  Neste espaço haverá restaurante, bar, parquinho com brinquedos e programações especiais. 

De tudo o que o diretor da empresa responsável pela administração do espaço Adélio Demeterko contou, duas coisas saltaram à minha vista. Primeira, a trilha sonora do filme The Mission composta por Ennio Morrricone será tocada no final da tarde para acompanhar o pôr do sol. Ainda sobre o filme,   Demeterko anunciou que uma das cenas mais famosas do filme The Mission, aquela em que um padre foi crucificado e jogado nas Cataratas será relembrada no "atrativo". 

Os bonecos utilizados na cena e que pertencem ao acervo de um pequeno museu em Puerto Iguazú, serão expostos no espaço das Três Fronteiras. E por fim, ainda este ano, acontecerá   o Primeiro Réveillon  Trinacional Simultâneo com organização tri-conjunta com queima de fogos dos três lados da fronteira. Para quem não sabe, dos três países das Três Fronteiras (TRIFRON), o Brasil é o primeiro a entrar no ano novo. Paraguai e Argentina entram no ano novo uma hora depois.  A reabertura à visitação e inauguração acontecerá entre 20 e 24 de dezembro.       

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