quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Até o Sete de Setembro em Foz é diferente: o General adorou

Ten-cel Marcelo Pontes (Comandante do 34 BIMec,) General Luna e Silva (Itaipu), Chico Brasileiro (Prefeito) Capitão de fragata, Niemer Gomes Rickmann (Capitania do Rio Paraná) e o Maj. Aviador Luis Otavio Esteves Pardini (Controle Aéreo)  


Publicado propositalmente com atraso
Jackson Lima 
 
O diretor-geral brasileiro da Itaipu, general Luna e Silva, o mais faceiro na foto,  disse que se sentiu orgulhoso de ver como o Sete de Setembro é celebrado em Foz do Iguaçu. Eu gostei desse comentário e gostei do formato da notícia. No mesmo palanque, havia outras pessoas que viam o desfile de Foz pela primeira vez. Um deles era Sérgio de Deus Borges, que nem foi anunciado pelo sistema de som do cerimônial. Motivo: ainda faltavam pelo menos oito horas para Sérgio Borges assumir o cargo de Bispo da Diocese de Foz do Iguaçu e passar a usar o nome de Dom Sérgio de Deus Borges. 




Havia pelo menos 150 pessoas na lista de autoridades. O Bispo da Igreja Católica Apostólica Brasileira, Dom Manuel Rocha, (igreja que não comunga com a Igreja Católica Apostólica Romana) estava junto com os sheikhs, Mohammad Khalil da Mesquita Husseiniya (aquela da José Maria de Brito) e Oussama El Zahed da Mesquita Branca, nome oficial Omar Ibn al-Khattab. Todos sob o mesmo teto do palanque. 

Na Avenida, o desfile passou com 3,800 pessoas representando CMEIs, escolas municipais, estaduais, particulares como os colégios Dinâmica e o Vicentino São José, além dos Colégios San Blás e San Pedro de Ciudad del Este arrancaram aplausos por vários motivos. Entre eles, o principal, a dedicação dos alunos da instituições com participação de alunos dois anos até a adolescência. 
Paraguai na Avenida

No desfile militar, a mesma coisa. Parte da força do 34º BI Mec desfilou pela avenida ao som e ao ritmo imposto pela Banda do Batalhão. Desfilaram militares da Marinha, da Aeronáutica. Logo atrás veio parte da tropa da Escola Militar de Monte (Selva) do Exército Argentino. Aqui aconteceu um detalhe muito importante. Os militares argentinos marcham de maneira mais lenta que o brasileiro. O Ritmo brasileiro é forte e rápido. Foi de arrepiar ver a habilidade do maestro da banda 34º marcar com sua batida a diminuição de ritmo para adaptar-se à vibração (ritmo)  da marcha do pessoal da Infantaria de Selva do Exército Argentino. Isso mostra a diplomacia, o intercâmbio de conhecimento e informação dos militares do 34º cujo nome oficial é Batalhão República do Paraguai e nem precisa lembrar que o 34º Btl Rep Paraguai fica na Avenida República Argentina. 
Peça de museu: Veraneio da PF fez parte do desfile  

E o que dizer da hora em que desfilaram  os escoteiros de Foz do Iguaçu? Eles eram de vários grupos e sem dúvida um era o Guairacá e o outro o Libanês-Brasileiro. Lobinhos e lobinhas em uniformes de seus clubes com algumas meninas desfilando de jihab (lenços - não confunda lenço com burka)

Bandeiras do Brasil Império e do Brasil República na arquibancada

É um palanque de onde as autoridades podem ver a cidade se mostrando, apresentando com orgulho o que tem, a sua diferença. Vale a pena lembrar o equilíbrio nacional-patriótico. O povo não foi de verde-amarelo, fantasiado de torcida da seleção em tempo de copa do mundo. Cada um foi com sua roupa. Não havia como diferenciar “coxinha”  e “mortadeleiros” ou seja lá o que for que o câncer da divisão dicotômica queira implantar no Brasil e no mundo. Na avenida, eu me divertia. O palco foi decorado com muito verde-amarelo. A bandeira brasileira se agitava no vento no palco oficial junto com as bandeiras do Mercosul, da Argentina, do Paraguai, do Paraná e de Foz do Iguaçu. 

Veículo blindado sobre rodas do 34º Batalhão de Infantaria Motorizado é saudado pela bandeira do Brasil Império

Na arquibancada, havia muita bandeira do Brasil Império. Os monarquistas gastaram uma boa grana com bandeiras do Império. É democracia! O espaço é livre. Mas essa bandeira foi derrotada e muita gente morreu por isso: Salve Canudos! Porém, guardando o melhor para o final, o grupo que desfilou de branco, uniforme militar, parecido com o da Marinha, marchando em estilo militar, esse sim foi a surpresa do dia. Não, do mês todo. Entrou para a história. O que terá pensado nosso até então futuro bispo, Dom Sérgio de Deus Borges? Pessoas com quem falei e tampouco entendiam, sugeriram que o futuro bispo estava pensando: em que eu me meti? Que loucura de cidade é essa? E o general Luna e Silva? Há  grandes desfiles em Brasília, em São Paulo, mas assim como o nosso tão concentrado e tão cheio de surpresas é difícil achar. 
Anotem a data: O Povo de Deus desfilou na Avenida pela primeira vez em 7 de setembro de 2019 
Então vamos esclarecer e explicar quem é aquele grupo. Mas antes permita-me dizer que fui até o grupo para perguntar ou eu não seria “repórter”. Perguntei a uma jovem vestida com a indumentária oficial, usando um lenço branco sobre a cabeça. O lenço caia “compridamente” pelas costas por mais de meio metro. 
A Banda Escolta do Ungido

Perguntei: Você é da Marinha? Ela riu e disse que não. Aeromoça da Emirates? Eu conheço essa moda. Ela disse que não. Daí se aproximou um rapaz chamado Alexandre parte da organização e eu perguntei mais sério: esse grupo é religioso, tem pelo menos duas sedes em Foz do Iguaçu, uma na Gleba Guarani e outra aqui perto centro. Certo? Alexandre confirmou acrescentando que há mais uma: são três. 

Agora sim. O nome do grupo é Congregação Cristã Povo de Deus. As pessoas que desfilaram pertencem à Banda do Ungido. Como disse, a igreja  já está em Foz do Iguaçu há tempo. Mas o grupo que desfilou contou também com a presença em massa do Povo de Deus da cidade de Repatriação (Repatriación), departamento de Caaguazu, Paraguai. 

História: Em 1963, o então presidente do Paraguai, el Excelentísimo Señor General de Ejército, Don Alfredo Stroessner, incomodado com o grande número de paraguaios que a pobreza exportou especialmente para a Argentina e para o Brasil, criou uma Lei para a Repatriação dos paraguaios que quisessem voltar para o país (desde que não fossem comunistas).   
 
Por casualidade havia um senhor de Villarica,  cidade que merece uma visita de todo o brasileiro (recomendo), havia estado recebendo mensagens divinas e se encontrava em peregrinação. O nome dele era José. Saiu de Villarica, deve ter andado em direção à Assunção, deve ter  rodado no Chaco, e entrou na Argentina lá pelo rio Pilcomayo, adentrando a Província de Formosa. Por onde passou foi juntando gente e pequenos grupos de seguidores foram se fixando por essas cidades. Com a lei do presidente Stroessner, o “monje” (não é oficial esse termo)  viu a oportunidade de voltar à Terra Paraguaia. O grupo conseguiu lotes de terras na Colônia Repatriação.  Hoje, com mais de 2 mil hectares de terra, a área da colônia já é o Município de Repatriación


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