Havia uma empresa nacional chamada Brazil Railway
Company, assim mesmo, muitas empresas tinham nomes em inglês. Esta pertencia ao
norte-americano Percival Farquhar.
A empresa de Farquhar era proprietária ou detinha
o controle das estradas de ferro: Sorocabana, Madeira-Mamoré, EF Paraná,
EF Dona Teresa Cristina, EFNorte do Paraná, EF São Paulo-Rio Grande, EF Vitória
a Minas, EF Paulista S/A, Mogiana, Companhie Auxiliaire des Chémins de Fer au
Brésil além decontrolar os Bondes de Salvador, São Paulo, Belém e Rio Grande. Para
coroar o portfólio, possuía ainda a Southern Brazil Lumber & Colonization
Company – uma madeireira e serraria com um braço imobiliário dedicado à
colonização com sede no que hoje é Três Barras (SC).
Para lembrar, a Estrada de Ferro Madeira Mamoré é aquela que partia da
atual Porto Velho, Rondônia, às margens do rio Madeira até Guajará Mirim, na
beira do rio Mamoré na fronteira com a Bolívia. Era uma linha férrea brasileira
construída para escoar a produção de borracha da Bolívia. A estrada foi parte
do acordo e do pagamento pela “compra do Acre”. A partir da inauguração da
estrada de ferro apelidada Mad Maria, a Bolívia teria acesso aos portos de
Manaus, Belém e por fim aos mercados mundiais. Há dois fatos a lembrar sobre a
Mad Maria. Primeiro, morreu muita gente. Dizem que para cada dormente colocado
no lugar, morria um homem. Segundo, a estrada foi concluída, foi inaugurada mas
não serviu para nada.
O comércio da borracha implodiu graças um ato de
biopirataria perpetrado por Sir Henry Alexander
Wickham que roubou 70.000
sementes de seringueira na região de Santarém (PA) em 1876. As sementes
roubadas chegaram às possessões britânicas na Ásia como Malásia e acabaram com
o monopólio da borracha do Brasil, Bolívia e Per. Um baque econômico para as
grandes cidades da Amazônia: Manaus (AM), Belém (PA), Rio Branco (AC) no Brasil
e Iquitos no Peru. Foi o fim da bonanza e dos barões da borracha. Foi um dos
primeiros golpes do império de Farquhar.
Três anos mais tarde, em 1908 a empresa de Farquhar, adquire o controle
da Brazil Railway Company e toca a obra iniciada por Teixeira
Soares entrando no Rio
Grande do Sul em 1910. Como parte do pagamento, o Brasil doou entre 9 e 15
quilômetros nos dois lados da ferrovia para a empresa de Percival Farquhar com
direito a, incialmente, explorar a madeira dos dois lados e depois promover a
colonização. O número de trabalhadores empregados na construção passou dos oito
mil.
(Para a Terceira Parte)
(Para a Terceira Parte)
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