quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Pirá Rendá um atrativo turístico que inclui aquário, museu e floresta reconstruída em São Cosme e Damião (PY)


Ranulfo Fletes: Pirá Rendá, o atrativo turístico criado por este senhor é uma utopia que deu certo, criada ao longo de 19 anos

Ainda sobre San Cosme y San Damián cidade certificada pela OMT como uma das 44 "Melhores Vilas Turísticas" escolhidas em em 2021 e anunciadas este ano, graças à sua Missão Jesuíta preservada, ter sido sede do primeiro Observatório Astronômico do Cone Sul e estar buscando colocar-se na rota de turismo e economia sustentável equilibrando passado, presente e futuro


No aquário principal

Aquários, oceanários e parques aquáticos são investimentos de capital intensivo e estão espalhados pelo mundo em destinos de turismo de massa. 

Não deixa de ser uma surpresa que na lista de atrativos de San Cosme, em Itapúa no Paraguai há um. Se chama Pira Rendá. "Pira" é peixe e "rendá" é lugar. O significado fica entre Lugar de Peixe e, na moral da história, "aquário".  A diferença entre o aquário de San Cosme e os outros aquários do mundo é que este foi idealizado, projetado e construído pelo engenheiro agrônomo Ranulfo Fletes, que entre outras experiências no currículo está ter sido vice-ministro do Meio Ambiente no Paraguai. 

"Isso aqui é uma utopia que nasceu 19 anos atrás quado comprei esse terreno", explica o dono do aquário Pira Renda ao receber o grupo de oito jornalistas de vários meios de imprensa paraguaios e no meio deles estava eu, de Foz do Iguaçu. "Esse terreno era uma pedreira e logo depois de comprar comecei a recuperar a terra", explica.


Aí começa o tour do Pirá Rendá. Logo na entrada há uma pequena piscina tipo laguinho onde se vê tartarugas. "Esta é uma tartaruga-cobra. Ela tem um pescoço enorme que permite defender-se de qualquer coisa que a agarre", e continua não só explicando mas contando história e se divertindo com os visitantes. Logo vem pequenos mini bosques ricos em orquídeas, canteiros de bromélias e  árvores em crescimento. "Temos até chuva com arco-íris", avisa acionando um ferramenta que aciona um aspersor de orvalho. 

Antes de chegar ao aquário há o museu. Um museu pequeno mas sério com amostras de objetos que contam a história do dia a dia da cidade, obras de arte atuais, ferramentas e ate uma lança do período de guerras e conflitos. 

O aquário tem alguns tanques com diversos exemplares de peixes como pacu, piranha, dourado (piraju) e até uma carpa que retribui o olhar do visitante.   

Embora a visita durante viagens de familiarização sejam relâmpago, há tempo para conhecer as várias cabanas que podem alojar até 40 pessoas no total. Uma delas é especial. "Quero mostrar a cabana feita com garrafas. Se não tivesse sido reutilizadas onde estariam agora?", pergunta. 

Maureen Gauto do Programa "Sombrero Viajero" na sacada do chalé: Vista maravilhosa do rio Paraná lá em baixo    


Garafas em pé e nichos trabalhado. Parede frontal do chalé 



Jornalista Karen Martínez de Assunção testa sofá da sala-de-estar do chalé. Paredes e piso também feitas de garrafas 

Foram usadas 3,900 garrafas. No primeiro andar da cabana tipo chalé as garrafas são de fundo quadrado. Na área de estar são de fundo redondo. De qualquer lugar do terreno incluindo as cabanas se vê o rio Paraná lá embaixo. "Ao contrário da Itaipu a gente não diz Lago de Yacyreta. às vezes dizemos "embalse", mas geralmente é somente Rio Paraná.   

Apontando para a imensidão do "embalse" ele lembra que o complexo de ilhas encabeçado peças ilhas de Yacyretá e Apipe tinham cerca 180 ilhas. 

Durante a conversa, eu disse ao engenheiro que ele me lembrava Moisés Bertoni. E ele reagiu: "Bertoni sempre foi minha inspiração", contou. E confidenciou uma experiência. "Quando eu trabalhava no serviço público, fiz um levantamento dos solos do Paraguai em parceria com o Instituto Alemão de Geodésia usando instrumentos modernos e laboratórios e o resultado foi igual às conclusões Bertoni que só utilizava amostras que os nativos traziam. Não foi parecido, foi igual", concluiu.

Ativo na sociedade onde ajudou fundar e é membro do Conselho Distrital de Turismo, continua trabalhando ára que a tradição da vila de San Cosme y Damián e o Rio Paraná receber grandes cientistas como Buenaventura Suárez, Moisés Bertoni e Curt Schrottky (este último não muito conhecido nas Três Fronteiras).

Ranulfo Fletes no Museu do Aquário Pirá Rendá. O quadro na parede é dele. O que há de raro nele? 
("Um peixe nada na direção contrária dos outros. Nem todo mundo pensa igual", responde)



Nota   

San Cosme y Damián tem sete pousadas turísticas. Além dos chalés do Aquário Pirá Rendá. Não é mais necessário que o visitante chegue correndo e saia voando sem entender o local, seu patrimônio, sua proposta e ver sua gente. A cidadezinha "Melhor Vila Turística" pode ser melhor aproveitada também pelo turismo que atende a nichos como observadores de pássaros, amantes de astronomia (a Argentina tem um grupo chamado Turismo de Estrelas), a amantes de história, turismo religioso quer como fiel ou interessados em história da religião, neste caso a história das fascinantes reduções (missões) jesuíticas, a proposta da Congregação de Jesus e ver como a história se reflete hoje. O meu entrevistado favorito disse também que um público que pode ganhar muito com a visita é o dos ligados nas energias. 


Pendentes com quartzo da comunidade Pindó

"Isso é um vortex de energia", disse lembrando que a geologia do local já cristalina ou rica em quartzo. Os mbya (guarani) da comunidade ou Tekoa chamada Pindó, oferece artesanato que inclui as pedras de quartzo. Fica a sugestão.    


Nesta série de postagens faltam duas reduções:

1. Santísima Trinidad del Paraná 

2. Jesús de Tavarangue

* Pira Renda em guarani e no uso paraguaio não necessita de acento. Transcrevo em português como "Pirá Rendá" para não confundir a pronúncia. 

  


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