terça-feira, 26 de novembro de 2024

Editorial do Blog de Foz: Uma certa responsabilidade

Na quarta-feira, dia 20 de novembro de 2024, o casal Daniel Vitor de Paula e Larissa Silva Moura, estudantes de medicina no Paraguai, já no sexto ano, cruzavam a Ponte Internacional da Amizade, quando houve um acidente trágico envolvendo a moto e uma van. Larissa morreu. Vitor de Paula foi gravemente ferido. 

Que não permitamos que este acidente trágico que colheu uma vida e vai marcar a vida de Vitor de Paula, do pequeno filho que deixam, de familiares e amigos, seja esquecido. Já não se fala nada. Não se sabe nada. E isso não é bom.

Morrer no sexto ano de uma faculdade de seis anos é uma tragédia. Quanto investimento econômico, emocional, físico e espiritual. Como Larissa e Vitor, quantos brasileiros e brasileiras deixam seus estados e cidades, casas e famílias para estudarem "Medicina no Paraguai" - frase que já alcançou status de mantra. Estudar medicina no Brasil é proibitivo. É um curso caro. Fala-se de R$ 10 mil por mês de gasto. 

No Paraguai para o paraguaio também é caro. Mas não é meu propósito aqui, falar sobre tarifas. 

Falo da necessidade de uma certa responsabilidade de cidades fronteiriças como Foz do Iguaçu. Centenas ou milhares de estudantes geram divisas para o setor imobiliário de Foz do Iguaçu. Centenas desses estudantes trabalham em Foz e são encontrados dirigindo carros de aplicativos e outros trabalhos para arcarem com os custos. Esta população não pode continuar invisível. 

Tendo que morar em Foz, trabalhar em Foz e atravessar a ponte todos os dias,me vem à mente a questão do transporte. Como se chega a Ciudad del Este ou Presidente Franco? Pelo transporte público que não leva em consideração a existência desse público. Para uma aula que começa às 7h, embora os ônibus comecem a rodar às 05h10 dos bairros ao TTU, no TTU a espera do ônibus Vila C via Ponte pode demorar até uma hora. Isso para quem vai atravessar a ponte a pé. Se desejar ir no ônibus que se chama urbano internacional, a tendência é que os ônibus comecem a rodar às 6h. E quando há fila na Ponte? 

Por isso para os mais jovens vem a ideia salvadora de comprar uma moto e ganhar uns minutos em seu próprio veículo. 

Mas pilotar moto na Ponte Internacional da Amizade é uma atividade kamikaze. Mesmo nos lugares onde há canaletas para motos. Só gente com muita habilidade consegue enfrentar as curvas, movimento,buzinaços e outros perigos das canaletas e travessia da ponte no meio de carros e motos. Algumas manobras lembram as motos nos Globos da Morte de circos da vida.

Há que se divulgar que o Paraguai exige que quem estude medicina no país tenha residência no país. Mas é necessário investir em repúblicas- alojamentos para universitários, comunidades econômicas especialmente para os mais jovens. 

Finalmente é necessário melhorar o transporte público. No lado de Foz, a maioria dos ônibus tem ar condicionado. Mas não tem horários frequentes. Tanto é problemático o assunto que quando o passageiro está esperando há uma hora na fila, a fila cresce absurdamente e no final chegam dois ou três ônibus de uma vez. 

No sábado, três dias após o acidente com Vitor e Paula, eu atravessei a Ponte também para estudar no Paraguai. De ida e volta são seis ônibus até a faculdade. Me consome das 05 da manhá até às 15h com meia hora, mínimo, de espera, sentado em cada ponto de ônibus no lado brasileiro. Normalmente ao meio dia já estou cruzando a ponte de volta. 

Não estudo medicina, meu curso é de licenciatura em Língua e Cultura Guarani. Bem mais leve que a carga do curso de medicina. Mesmo assim é difícil, especialmente pelo transporte. 

As autoridades precisam criatividade. Jaime Lerner em 1997, não sei como,  colocou um ligeirinho fura-fila que atravessava a ponte internacional super rapidamente. E a ponte era tão movimentada quanto hoje.

Para viajar na maionese, se você preferir ver assim, quero citar o caso / exemplo de uma tríplice fronteira na Europa. É no local onde Alemanha, França e Suíça se encontram. No local há grande movimento de pessoas especialmente pessoas a pé (pedestres) e pessoas de bicicleta. Gente a pé e de bicicleta também são cidadãos. Qual foi a solução encontrada? 

A resposta se chama Dreiländerbrücke ou "Ponte das Três Fronteiras" na cidade de Weil am Rhein (Weil no Reno) entre Alemanha e França. A Suíça fica ao lado.Vale a pena ver fotos da Ponte

Nos nossos projetos de pontes, não se pensou em intermodalidade. Exemplo: ponte para carros, trens, bicicletas e pedestres. Enquanto não progredimos,meus pêsames e sincera compaixão com familiares e amigos de nossa plantonista, pois nesse dia ele não chegou ao plantão designado. E ao Vitor, desejos de que se recupere e não desista do curso.   

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Você já viu o Certificado de Patrimônio Mundial do Parque Nacional do Iguaçu?

Transcrição ipsis litteris abaixo:

 Organización de las Naciones Unidas para la Educación, la Ciencia y la Cultura Convención sobre la Protección del Patrimonio Mundial Cultural y Natural

El Comité del Patrimonio Mundial ha inscrito 

el Parque Nacional Iguaçu 

en la lista del Patrimonio Mundial

La inscripción en esta lista confirma el valor excepcional y universal de un sitio cultural o natural que debe ser protegido para el beneficio de la humanidad


Fecha de la inscripción

28 de diciembre de 1986


Amadou-Mahtar M'Bow 

Director General de la UNESCO 

   


quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Editorial ressuscitado: que fim levou a revitalização do Porto Oficial?

Ônibus da antiga RYSA - Rapidos Yguazu SA linha São Paulo-Asunção via Foz do Iguaçu e Puerto Franco  chegando ao Porto Oficial de Foz do Iguaçu 

Série "Cutucando a Memória"
Escrevi este editorial para o jornal Gazeta do Iguaçu em fevereiro de 2015. Jornal cuja existência chega a ser negada. Ao falar-se de Porto Oficial, nem a Inteligência Artificial consegue resgatar dados. Ao procurar Porto Oficial aparece EADI, Porto Seco, MultiLog, Porto do Rio Iguaçu mas nada do antigo Porto Oficial. O editorial cobrava o projeto de reativação do porto que contou até com licença ambiental expedida nas gestões Samis da Silva- Roberto Requião para o projeto. Se contarmos desde o início do projeto chagaremos a 2001. Republico só para que você saiba que esta conversa existiu
.  

    

Porto Oficial de Foz do Iguaçu


Editorial Gazeta - 04.02.2015
Que fim levou a licença do Porto Oficial?

Na quarta-feira, dia 17 de novembro de 2004, o então governador do Paraná Roberto Requião entregou ao então prefeito de Foz do Iguaçu, Samis da Silva, a licença ambiental do terminal alfandegário do Porto Oficial. O documento permitia ao município construir, no local, o prédio onde atuariam os órgãos de fiscalização alfandegária e controle de pessoas. Era parte do chamado Projeto de Reativação do Porto Oficial iniciado em 2001. 


Havia certo ânimo no ar para a reativação do antigo porto de Foz fechado na década de ’60 década em que foi inaugurada a Ponte Internacional da Amizade. Na época da entrega da licença que permitia Foz do Iguaçu construir a estrutura foi informado à imprensa que a Receita Federal apoiava o projeto e alfandegaria o prédio. A Prefeitura estava animada tanto que o prefeito informou que o município havia realizado a pavimentação poliédrica do acesso ao porto e estaria pronta para construir o prédio que abrigaria os órgãos de fiscalização na fronteira.  

A entrega da licença incluiu as devidas assinaturas das diversas autoridades estaduais  presentes. No pacote também autorizava-se a construção da Torre do Marco das Três Fronteiras que todos ouvimos falar. A entrega da licença coincidiu com o desaparecimento de noticias sobre o assunto.

Hoje,14 anos após o início das conversas e 11 anos após a entrega da licença, continuamos sem o Porto Oficial reaberto. Os problemas que levaram à discussão sobre a reabertura do porto são os mesmos de hoje entre eles o congestionamento da Ponte Internacional da Amizade. O que aconteceu com o projeto?

Hoje continuamos a cobrar a reativação do Porto mesmo que haja a segunda ponte para que fosse uma alternativa a mais e que fosse a ligação da cidade com o rio e assegurasse a continuidade da tradição iguaçuense da navegação de lazer, de transporte e turismo. As obras deveriam ter sido concluídas até o final de 2004. 

Nota 
A entrada ao local ado antigo Porto Oficial está nas proximidades do Senac e da sede da Marinha. Veja ESTE VIDEO curto sobre o acesso estrelado por Francisco Amarilla. Créditos ao H2Foz / Secret Falls 

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Bertoni deu nome a Stevia, erva mais doce que o açúcar. Mas de onde veio a palavra Stevia?

 

Mosè Giacomo Bertoni (Moisés Santiago Bertoni). Nascimento em 1857, Ticino. Suíça. Morte 1929 Foz do Iguaçu, Paraná  

Produzido originalmente como "Conteúdo exclusivo para o Blog do Visit Iguassu" 2020

O nome científico da planta é Stevia rebaudiana bertoni mais conhecida em guarani no Paraguai como ka'a he' ou "erva doce". O nome científico é composto por três nomes. No nome final reconhecemos o bertoni, nome de família de Moisés Bertoni,  suíço italiano que se estabeleceu às margens do rio Paraná no Paraguai e foi o maior pesquisador, naturalista, autor a ter vivido na região Trinacional. 

Felizmente na área da nomeação de nomes de espécies, os cientistas podem homenagear pessoas como outros profissionais, amigos e lugares. Neste caso Moisés Bertoni, deixou seu nome não só na planta como na história como sendo o autor da descrição minuciosa da planta. Em seguida, Bertoni homenageia o químico paraguaio Ovídio Rebaudi que nasceu em Assunção em 1860 e morreu em Buenos Aires, onde exerceu sua profissão, em 1931.  Ovídio Rebaudi foi responsável pela análise química da Stevia. 

Dr. Ovídio Rebaudi, cientista paraguaio de onde vem o "rebaudiana" em homenagem de Bertoni

Resta mais um nome para identificar e esse vai exigir uma viagem de volta ao passado. Seguindo a tradição científica botânica quem introduziu a palava Stevia foi o botânico Antonio J. Cavanilles. Ele é lembrado como aquele que introduziu a palavra Stevia para dar nome a um gênero de plantas  na taxonomia botânica universal. Cavanilles que viveu entre 1745 e 1804, analisou plantas enviadas das Américas por expedições científicas da época.     

Mas a pergunta persiste. De onde veio a palavra Stevia? Na tradição de homenagear os antigos, Cavanilles ao utilizar o nome Stevia, homenageou ao estudioso Pere Jaume Esteve (Pedro Jaime Esteves) que nasceu por volta de 1500 e que foi um dos primeiros titulares da Cátedra de Ervas da Universdidad de Valencia fundada em 1499 (em funcionamento até hoje) com o nome de Estudi General València. É daí que veio a palavra Stevia usada por Bertoni. Em latim o nome de Pere / Pedro foi traduzido como  Petrus Jakobus Stevius. De Stevius para Stevia foi só seguir a regra da formação de palavras.     

Continue daqui:   

El Mundo

Estevia ou Stevia 

Universitat de València - Estudi General

Antonio Cavanilles (Castellano)