quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Editorial ressuscitado: que fim levou a revitalização do Porto Oficial?

Ônibus da antiga RYSA - Rapidos Yguazu SA linha São Paulo-Asunção via Foz do Iguaçu e Puerto Franco  chegando ao Porto Oficial de Foz do Iguaçu

Escrevi este editorial para o jornal Gazeta do Iguaçu em fevereiro de 2015. Jornal cuja existência chega a ser negada. Ao falar-se de Poerto Oficial, nem a Inteligência Artificial consegue resgatar dados. Ao procurar Porto Oficial aparece EADI, Porto Seco, MultiLog, Porto do Rio Iguaçu mas nada do antigo Porto Oficial. O editorial cobrava o projeto de reativação do portpo que contou até com licença ambiental para o projeto. Se contarmos dede o início do projeto chagaremos a 2001. Republico só para que você saiba que esta conversa existiu
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Porto Oficial de Foz do Iguaçu


Editorial Gazeta - 04.02.2015
Que fim levou a licença do Porto Oficial?

Na quarta-feira, dia 17 de novembro de 2004, o então governador do Paraná Roberto Requião entregou ao então prefeito de Foz do Iguaçu, Samis da Silva, a licença ambiental do terminal alfandegário do Porto Oficial. O documento permitia ao município construir, no local, o prédio onde atuariam os órgãos de fiscalização alfandegária e controle de pessoas. Era parte do chamado Projeto de Reativação do Porto Oficial iniciado em 2001. 


Havia certo ânimo no ar para a reativação do antigo porto de Foz fechado na década de ’60 década em que foi inaugurada a Ponte Internacional da Amizade. Na época da entrega da licença que permitia Foz do Iguaçu construir a estrutura foi informado à imprensa que a Receita Federal apoiava o projeto e alfandegaria o prédio. A Prefeitura estava animada tanto que o prefeito informou que o município havia realizado a pavimentação poliédrica do acesso ao porto e estaria pronta para construir o prédio que abrigaria os órgãos de fiscalização na fronteira.  

A entrega da licença incluiu as devidas assinaturas das diversas autoridades estaduais  presentes. No pacote também autorizava-se a construção da Torre do Marco das Três Fronteiras que todos ouvimos falar. A entrega da licença coincidiu com o desaparecimento de noticias sobre o assunto.

Hoje 14 após o início das conversas e 11 anos após a entrega da licença, continuamos sem o Porto Oficial reaberto. Os problemas que levaram à discussão sobre a reabertura do porto são os mesmos de hoje entre eles o congestionamento da Ponte Internacional da Amizade. O que aconteceu com o projeto?

Hoje continuamos a cobrar a reativação do Porto mesmo que haja a segunda ponte para que fosse uma alternativa a mais e que fosse a ligação da cidade com o rio e assegurasse a continuidade da tradição iguaçuense da navegação de lazer, de transporte e turismo. As obras deveriam ter sido concluídas até o final de 2004. 

Nota 
A entrada ao locl ado antigoPorto Oficial está nas proximidades do Senac e da sede da Mariha. Veja ESTE VIDEO curto sobre o acesso. Créditos ao H2Foz, Secret Falls, Francisco Amarilla. 

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Bertoni deu nome a Stevia, erva mais doce que o açúcar. Mas de onde veio a palavra Stevia?

 

Mosè Giacomo Bertoni (Moisés Santiago Bertoni). Nascimento em 1857, Ticino. Suíça. Morte 1929 Foz do Iguaçu, Paraná  

Produzido originalmente como "Conteúdo exclusivo para o Blog do Visit Iguassu" 2020

O nome científico da planta é Stevia rebaudiana bertoni mais conhecida em guarani no Paraguai como ka'a he' ou "erva doce". O nome científico é composto por três nomes. No nome final reconhecemos o bertoni, nome de família de Moisés Bertoni,  suíço italiano que se estabeleceu às margens do rio Paraná no Paraguai e foi o maior pesquisador, naturalista, autor a ter vivido na região Trinacional. 

Felizmente na área da nomeação de nomes de espécies, os cientistas podem homenagear pessoas como outros profissionais, amigos e lugares. Neste caso Moisés Bertoni, deixou seu nome não só na planta como na história como sendo o autor da descrição minuciosa da planta. Em seguida, Bertoni homenageia o químico paraguaio Ovídio Rebaudi que nasceu em Assunção em 1860 e morreu em Buenos Aires, onde exerceu sua profissão, em 1931.  Ovídio Rebaudi foi responsável pela análise química da Stevia. 

Dr. Ovídio Rebaudi, cientista paraguaio de onde vem o "rebaudiana" em homenagem de Bertoni

Resta mais um nome para identificar e esse vai exigir uma viagem de volta ao passado. Seguindo a tradição científica botânica quem introduziu a palava Stevia foi o botânico Antonio J. Cavanilles. Ele é lembrado como aquele que introduziu a palavra Stevia para dar nome a um gênero de plantas  na taxonomia botânica universal. Cavanilles que viveu entre 1745 e 1804, analisou plantas enviadas das Américas por expedições científicas da época.     

Mas a pergunta persiste. De onde veio a palavra Stevia? Na tradição de homenagear os antigos, Cavanilles ao utilizar o nome Stevia, homenageou ao estudioso Pere Jaume Esteve (Pedro Jaime Esteves) que nasceu por volta de 1500 e que foi um dos primeiros titulares da Cátedra de Ervas da Universdidad de Valencia fundada em 1499 (em funcionamento até hoje) com o nome de Estudi General València. É daí que veio a palavra Stevia usada por Bertoni. Em latim o nome de Pere / Pedro foi traduzido como  Petrus Jakobus Stevius. De Stevius para Stevia foi só seguir a regra da formação de palavras.     

Continue daqui:   

El Mundo

Estevia ou Stevia 

Universitat de València - Estudi General

Antonio Cavanilles (Castellano)

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

A República da Feirinha no "Puerto Fronterizo Iguazú"

La Feirinha fica a 9.022 km de Madrid
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Os brasileiros adoram. Os argentinos torcem o nariz. O empresariado local pertencente a organizações como sindicatos patronais, associações de classe, Câmara de Comércio e outras detestam. Nem querem ouvir falar. As agências de turismo de Foz do Iguaçu do Iguaçu incluem a Feirinha no menu do quê fazer em Puerto Iguazú. Pergunto: já foi feito algum TCC sobre este enclave tão interessante de Puerto Iguazú?

A Feirinha ou em "espanhol feriense" La Feirinha me faz lembrar um bairro em Buenos Aires. Se chama República San Telmo. Assim como San Telmo, a Feirinha que está em Puerto Iguazú e ousada. Se chama a si mesma de Feirinha Puerto Fronterizo Iguazú.  Isso de Puerto Fronterizo é, pelo menos segundo o mural das distâncias exposto em uma esquina de acesso,  criatividade pura.

Mas por que a bronca com a Feirinha? Um bom amigo iguazuense de coração e portenho de nascimento, reclamou que na feirinha o idioma é o português, a moeda é o real e como se não bastasse, mais da metade das lojas tem nome em português. É um tal de Bar do Gaúcho, Banca do Careca e outros "identificatórios" brasileiros. 

O presidente da Associação dos comerciantes da feirinha, César Batista (que não é brasileiro) me explicou um dia que assim como em Foz do Iguaçu, a cidade começou a partir da Colônia Militar,  Puerto Iguazú começou pra valer com a instalação do Parque Nacional Iguazu. 

Todas as terras de Puerto Iguazú pertenceram ao Parque Nacional Iguazú. O Parque cedeu terras para os Militares, para a Aduana, para a Prefeitura Naval,  para o Porto, para escolas, criou setores para chácaras, cedeu terras e abriu espaço para tudo. Todo mundo recebeu terras da Administração de Parques Nacionales (APN). Menos a feirinha. Não tendo recebido uma terrinha numa boa, a feirinha ocupou. Hoje, lembrando César Batista, a feirinha funciona graças a um acordo de uso com a APN. 

Mas a Feirinha não corre mais perigo. Até porque o espaço popular de economia criativa foi incluído dentro do projeto de harmonização e revitalização da área central da cidade, aproveitando e valorizando o traçado original do projeto de Charles Thays, aquele contratado para colocar no papel o plano urbano do Parque Nacional Iguazú, leia-se o centro da futura cidade. 
O traçado original da cidade pode ser testemunhado no local onde sete esquinas, convergem e cada uma delas abriga um bar, um restaurante ou uma loja de vinho e outros empreendimentos. As sete esquinas são conhecida também como sete Bocas.      

A Barraca da Mirian dispensa explicações 


Até o Neimar tem uma barraca

A placa é pequena mas as conexões linguísticas são interessantes




 

sábado, 12 de outubro de 2024

O Yabuticaba Mercadito de la Selva de Puerto Iguazu completa um ano hoje

A centenária jaboticabeira ainda dá frutos. Não são muitos mas são grandes 

A empresária Patricia Durán de Puerto Iguazu com atuação também em Foz do Iguaçu criou uma série de produtos interessantes. Todos relativamente pequenos mas com propostas interessantes. Um desses empreendimentos se chama Yabuticaba Mercadito de la Selva (Jabuticaba Mercadinho da Selva), em Puerto Iguazu. O Yabuticaba completa hoje um ano. Estive na inauguração. 

Um dos cantinhos para pequenas reuniões

E por que o nome Yabuticaba (Jaboticaba)? A resposta é simples. No terreno do empreendimento há um pé de jaboticaba que pelos meus cálculos deve ter mais de sete metros de altura. É uma jaboticabeira gigante e deve ter seus aninhos. Na semana passada fui lá com o jornalista Ariel Figueroa, uruguaio residente em Ilhéus à convite da jornalista Silvana Canal. Nesta visita tive a sorte de ver a jaboticabeira que deu nome ao empreendimento. 

A árvore cuja idade chuta-se que seja mais de 100 anos, ainda produz frutos. Não tantos como uma jaboticabeira jovem e domesticada. Mas os frutos se não são tantos, ipressionam pelo tamanho. "Nossa nunca vi uma jaboticaba tão grande" - exclamaram tanbto Silvana Canal como o Ariel. Sem exagero é do tramanho de certos ovos de pássaros da Mata Atlântica, como o mutum-de-alagoas. 

Não sabia que existia tantas marcas e linhas de erva mate

Não faltam livros como este sobre o joão-de-barro, ave símbolo da Argentina

Conta ponto para a empresária dois fatos interessantes. O projeto de construção pisa leve no terreno e respeita  os ocupantes milenares como uma porção de Mata Atlântica (Chamada de selva misionera na Argentina) e um pequeno rio que atravessa certa área de Puerto Iguazu começando em outro empreendimento da empresa e desembocando no rio Iguazú (Iguaçu). Na arquitetura do terror antinatureza vigente neste mundo pirado, estes terrenos teriam sido aterrados, o rio desviado, canalizado e vencido. 


Escultura de uma jacutinga da artista Silvana Kelm

Um beija-flor gigante fico devendo o nome do artista

Uma homenagem em um vaso à Camellia sinensis, a planta do chá preto, verde, inglês  


E para quem nunca viu, um pé de Ilex paraguariensis ou simplesmente erva mate

Degustação de chás no Teyú Tea, espaço interno do Mercadito

A ideia do Mercadito

Sem contar com um restaurante com um extenso cardápio

O local tem restaurantes, bar, locais para venda de vinhos, erva mate gourmet, um local especlializado para degustação de chás variados, diversos cantinhos para reuniões de amigos ou empresas e uma paisagem cheia de detalhes naturais e artesanais.   

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Para quem estuda inglês e é do turismo: As piores comidas típicas do Brasil

Minha primeira postagem destacando características do inglês, o significado e o sabor de palavras foi inspirada no Furacão Milton. Hoje a nota é uma reação a uma publicação com o título (manchete) "Comida típica do Paraná é considerada uma das piores do Brasil"  o site se baseia na informação do portal Taste Atlas (Atlas do Sabor) com sede nos Estados Unidos e criado pelo croata Matija Babic. Entre os piores pratos do Brasil estaria o barreado. Nesta época de redes sociais me preparei para responder e mandar o Matija Babic para aquele lugar "onde o macaco escondeu o caju". Mas preferi checar tudo. Descobri que o erro é linguístico. 

A frase "as 37 piores comidas do Brasil" é uma tentativa de tradução da frase "37 Worst Rated Brazilian Foods". Assim, "37 worst rated" não quer dizer "37 Piores", assim no seco. Quer dizer "piores avaliadas", ou "comidas brasileiras com pior classificação". Ou talvez menos mencionadas ou menos conhecidas.  

Mas o Taste Atlas poderia ter usado outro termo em inglês. Em vez de "worst rated" poderia ter sido mais verdadeiro e menos maldoso utilizar "most underrated" (mais subestimadas + ou -). O barreado vai bem. Não tenha vergonha do barreado, cuscuz paulista, caruru, o tucupi e a pamonha. Cuidado com o complexo do pinto pequeno (desculpe).  

Confira o ranking completo com as piores comidas do Brasil (segundo a confusão): 

Cuscuz Paulista, Arroz com Pequi, Acém, Paleta, Maria-mole, Lagarto, Sequilhos,  Sagu, Tareco, Coxão Mole, Ostra ao bafo, Pé-de-moleque, Quibebe, Músculo,  Patinho. Maniçoba, Peito, Sanduíche de mortadela, Salada de maionese, Cajuzinho, Salpicão de frango, Abará, Caldo de piranha, Biscoito de polvilho, Canjica, Mocotó, Bolo formigueiro, Caruru, Pato no tucupi, Pamonha, X-Tudo, Galinhada, Casadinhos, BarreadoCreme de papaya (mamão), Baba-de-moça, Carne de onça.

Secretarias de turismo, jornalistas de turismo, convention bureaux, viajantes e turistas fiquem atentos com a indústria dos "rankings" e avaliações. Nem tudo que reluz é ouro  


quinta-feira, 10 de outubro de 2024

O furacão e o poder da imagem de algumas palavras ou expressões (em inglês).

Foto de Kameca Rowe telespectadora do canal WPBF 

Lembrando o tempo de professor de inglês 

Lendo noticias sobre o Furacão Milton, me encantei com termos que os colegas jornalistas anglo-parlantes usam nos EUA. Termos que exploram imagens do fenômeno. 

O primeiro é "touchdown", refere-se àquele momento em que uma coisa que vem descendo toca o solo. Não é chocar-se contra o solo. Em um "touchdown" não se diz o que toca só dá a ideia que "toca para baixo". Tipo os pneus de um avião quando tocam o solo e solta aquela fumaça. Você já viu? 

 A outra palavra é "landfall", é a imagem de uma coisa que vem caindo controladamente e toca terra. É tipo atingir a terra. É usada também para substituir a palavra descobrimento. Ex.:7 de outubro é o "Dia da descoberta das Américas", em vez de "Descoberta das Americas" se diz "America's Landfall Day".  Se destaca o fato de Colombo ou Cabral, em outra ocasião, terem saltado do barco para a terra, caído na terra. 

Outra imagem poderosa está na palavra "spawn" que os biólogos usam para falar da desova de peixes. Os peixes viajam por distâncias longas e chegam em um local onde desovam. A imagem é a de que o que foi desovado foi transportado no ventre. Estamos falando de milhares de ovos que serão fecundados. Os títulos das matéria dizem: "Hurricane Milton spawns 150 tornadoes" - O Furacão Milton desova 150 tornados. A imagem é um furacão com a barriga cheia de filhotes o que leva a crer que filhote de furacão é tornado.  

O furacão trouxe no ventre os 150 tornados que ele desovou na terra mesmo antes de fazer sua "landfall" (chegada à terra) ou de fazer seu touchdown (toque do solo). 

Cuidado

"Spawn" não se usa para humanos ou mamíferos. Uma gravida não "spawns" o que ela faz é um "delivery". No final da gravidez a mulher faz uma entrega (delivery) de seu filho ou filha ao nosso mundo. Por isso a necessidade de preservar o nosso mundo porque está uma loucura!



segunda-feira, 30 de setembro de 2024

A ONU Turismo (OMT) convoca: turismo abre mentes

Bandeira da iniciativa "O Turismo abre mentes" da ONU Turismo (ex-OMT)

A Organização Mundial do Turismo tem um novo nome: ONU Turismo (UN Tourism). De repente para melhorar a identidade e definir melhor seu propósito na vida. Um de seus propósitos é orientar o turismo mundial em uma época difícil em todos os sentidos. Um bom exemplo é a "Iniciativa Turismo Abre Mentes" lançada em setembro de 2023 na Arábia Saudita. Já ouviu falar dela? Ou já viu a bandeira que aparece acima? 

Ela foi feita por gente de design gráfico super avançado a partir das cores de todas as bandeiras do mundo. O "abrir mente" em questão tem significado. Não se limita ao nosso conhecido ditado "viajar abre a cabeça, abre os olhos" quando queremos mostrar a importância de viajar e mudar de ares.

O "abrir cabeça" da ONU Turismo inclui isso mas é mais amplo. A campanha pede que destinos turísticos, administradores do turismo, autoridades, turismólogos abram a cabeça. Porém não pára por aí. Aponta para o turista também. O viajante é convidado a abrir a mente na escolha de seus destinos. Evitar os males que assolam destinos na Europa. Ficar de olho nas tendências que são manias. Nada de queridinha da vez ou coqueluche do momento.

A Iniciativa pede que os viajantes viagem a lugaras poucos visitados, que não estão na lista do turismo de massa. Há no mundo destinos (leia-se cidades, aldeias, parques etc) que morrem à mingua sem ser visto pelo turismo. Não é só mudar de rota e todo mundo viajar para Camboriú no mesmo dia, por exemplo. A bandeira lembra que há muito que conversar e debater para icentivar o turismo de mente aberta sem repetir os erros que acontecerão de novo se o turismo continuar a ser visto como, como se diz em português, a Casa da Mãe Joana.

Informação oficial completa: 
Turismo abre Mentes (não oficial)
Turismo oipe'a apytu'ũ (ver em castellano)

Nota do editor / blogueiro:
Não gosto de publicar somente mensagems de parabéns no Dia do Mundialdo Turismo. Deixo passar uns dias para lembrar coisas que estamos esquecendo como a Campanha do Dia do Turismo de 2023. Este ano o tema foi: Turismo e Paz. Na semana do Dia Mundial do Turismo começaram os bombardeios no Líbano. Continua a Guerra na Ucrânia e gente se assananado por toda parte. É difícl pensar em turismo assim. A vida precisa de Paz, mas desse jeito está difícil.  O tema para o Dia Mundial do Turiso em 2025 será: Turismo e Transformação Sustentável. Meras palavras se a gente não lembrar o lema de 2024 e campanha de 2023. Transformação sustentável pede fim das guerras.  
 
 

domingo, 15 de setembro de 2024

Meu primeiro emprego: um hotel, uns náufragos e um navio grego

Antigo Hotel Beiriz: meu primeiro emprego. A porta de entrada continua no mesmo luigar. Hoje sede da Polícia Científica de Alagoas 

Foi acrescentado uma proteção para os veículos 

Aviso: Série Memórias / Texto longo

Fui informado que o prédio acima, hoje é a sede da Perícia Oficial de Alagoas sob a tutela da Poiícia Civil do Estado. Mas para mim este prédio abriga grandes lembranças do final da adolescência e começo da idade adulta. 

Chuto que andava na casa dos 18 anos quando consegui um emprego nele. Fui contratado como recepcionista.Trabalhei no hotel em todos os horários. Das 06h às 14h, das 14h às 23h e das 23h às 6h. Era para ganhar experiência. Eu gostava do horário das 14h às 23h porque me dava mais oportunidade de interagir com os hóspedes. Eu não me lembro de nenhum hóspede ruim. Mas se forço a memória um pouco ainda me lembro de uns 15 nomes dos bons hóspedes. 

Clientes que marcaram

Susana Echeverría é o primeiro. Uma argentina linda, para os meus olhos, que fazia parte de uma equipe de vendas. Não me pergunta vendas de quê. Logo que chegou notei que ela estava doente. Parecia uma gripe. Depois do check-in, numa hora mais tranquila na recepção, fui à cozinha e pedi um chá alagoano quente, estilo chá da vovó, com um comprimido. Talvez uma melhoral. 

Levei o chá pessoalmente. Ela adorou, agradeceu e melhorou. Assinei a comanda. Muita gente desconfiou das minhas intenções e lembrou que hóspedes não era, para o meu bico. Confesso que eu estava apaixonado pela minha ciiente de Buenos Aires. 

Outro cliente, desta vez um homem para que elimine-se qualquer dúvida, se chamava  Earl Boden, um capitão de navio, de nacionalidade hondurenha e que apesar disso não falava espanhol. 

Eu estava no meu intervalo, quando a chefia me chamou para atendê-lo porque não havia ninguém que falasse inglês naquele momento ou que entendesse o inglês caribenho do Mr Boden.  Ele preencheu a ficha, entreguei-lhe a chave e o levei ao apartamento. O elevador era daqueles que só era dirigido por um ascensorista. Eu era ascensorista também além de também atender à mesa telefônica à noite (PABX) quando entrava chamada. 

Ele me disse que precisava sair cedo para pegar o avião da manhã para Recife. Ele contou que estava em viagem de trabalho. Ele deveria ter assumido o comando de um navio ancorado no Recife mas como o voo com tantas escalas tinha sido longo, ele dormiu e só se acordou com avião partindo para Maceió. Mais tarde o Sr. Bodem desceu, veio à recepção e conversamos um pouco mais. Eu queria saber como um nativo de Honduras é nativo do inglês. 

Daí ele deu uma aula sobre a costa caribenha de Honduras e a existência de comumidades na Costa de negros de língua inglesa e sobre uma ilha hondurenha chamada Roatan onde a maioria da população fala inglês (ou falava). 

Náufragos no hotel
 
En certa ocasião, no turno da madrugada, escutei apitos insistentes de um navio no porto. Era um sinal de SOS. O hotel não era tão perto do porto mas o mar ficava no final ou começo da rua. 

O Hotel estava com boa lotação. Só havia dois apartamentos livres. O chamado de SOS do navio parou. Pensei que estivesse tudo resolvido. Mas por volta das 2h da manhã chegam veículos do Corpo de Bombeiros, não eram caminhões de incêndio, eram mais carros oficiais do tipo de transporte. O oficial me pede gentilmente mas dando ordem para arranjar apartamentos para 15 pessoas. Argumentei que não havia. Só tinha dois duplos. 

O oficial disse que eu me virasse porque eles poderiam ficar até na receção. O meu companheiro de recepção queria lavar a mão e sair fora. 
 
Pedi para ver a galera. Eram 15 "náufragos", 14 gregos e um palestino com algum documento egípcio chamado Mike Afifi, residente na Itália. Conversei com o Afifi, definitavamente o líder,  que me disse que eles tinham dinheiro para pagar, que não precisava de luxo, que podiam dormir até no chão. Eles só precisavam de aconchego, lençóis quentes porque todos estavam com frio e pelo menos dois precisariam de cuidados médicos na manhã seguinte. 
 
Enquanto conversávamos, a solução se apresentou à minha cabeça. Eu tenho dois quartos. Posso tirar as camas e colocar colchões. Aceitam? Daí corri para a recepção e liguei para o dono do hotel, o português Carlos da Silva Nogueira  avisando que eu iria fazer essa operação e que os "náufragos" tinham dinheiro e queria instrução sobre como  deveria cobrar de maneira que tivessem direito ao café-da manhã. Instruído pelo Sr. Nogueira sobre o café-da-manhã e  liberado, executei a ação. 

O Mike falava um grego fantástico e fez que com em meia hora, todos estivessem nos quartos. Todos de cueca, roupa secando onde era possível, e mais interessante, dinheiro em dólar e libras esterlinas secando nos espaços vazios do quarto. 

O dono do hotel veio excepcionalmente cedo para tomar cafe-da-manhã e ver o estrago nas instalações. Os meus 15 hóspedes desceram super bem comportados, cada um vestido como pôde, tomaram café e seguiram, para um lugar combinado, onde "liderei" uma curta expedição até uma loja de roupa popular que por casualidade pertencia a um grego. Voltamos ao hotel todos bem vestidos e prontos para várias cessões de colocar as coisas em pratos limpos. 

Os nossos hóspedes naufragaram na tentativa de chegar à terra, escondidos, secretamente antes do navio ter realmente aportado. O navio estava fundeado - quer dizer 'ESTACIONADO" em alto mar que no caso do porto de Maceio nem parece ser tão "alto assim". Colocaram um daqueles barcos que o navio carrega como segurança, superlotaram o barco e partiram em direção à Praia da Avenida. O mar estava agitado, o barco virou e eles só se salvaram porque eram marinheiros. Daí o pedido de SOS, e a comumincação às autoridades sobre o ocorrido. 

A primeira visita oficial da manhã foi da Polícia Federal. Lembremos que o ano era 1975, pode ser um ano a mais ou menos, e o presidente da República era o general Ernesto Geisel.  Os agentes queriam saber quem autorizou a hospedagem? Eu expliquei que meu trabalho era hospedar. E que os bombeiros trouxeram os hóspedes vítimas e me mandaram hospedar. Lembrei que a obrigação do hotel é receber, hospedar e dar conforto ao hóspede especialmente em caso de emergência humanitária.  

Navio MS Master Dáskalos (IMO 5228516) carga geral, construído em 1959 Fem Riejeka, Croácia, para a Grécia. Desmontado em Kaoshiung, Taiwan 1982. Fonte foto ShipSpotting

Em seguida chegaram o agente do navio da Agência Wilson Sons, um oficial do navio e uma equipe médica que tinha convênio com a agência. Até então eu nem sabia que existia agente de navio. A partir daí o grupo do que nesse  momento já eram os meus hóspedes e eu já estava comprando todas a brigas para defendê-los, começou a ser dividido. 

Quatro foram internados entre eles o Mike Afifi, um rapaz de uns 22 anos chamado Stávros Polyzópoulos. Stávros sigifica Cruz. Não lembro do nome dos outros dois porque a internação deles foi curta. 

O Stávros ficou uns 15 dias e depois da alta, foi levado para Recife de onde voou para a Europa. Mike Afifi ficou mais de um mês tempo que aproveitou para ficar bom e comprar todas as brigas possíveis com a agência de navegação e o capitão. Desde o primeiro dia de internação, eu acompanhava os marujos no hospital e logo se incorporaram outros alagoanos voluntários. Destaco o José Costa e a Alice Mantovani.   

Tudo pelo Mike
 
Como o Mike era líder, o capitão o despediu.  Por contrato, além da recisão, o marinheiro receberia uma passagem aérea para o país de origem. O Mike Afifi considerava que o país de origem seria a Itália onde fora contratado. Mas o apitão queria mandá-lo para o Egito onde ele residira como refugiado. Esta quebra-de-braço era perigosa porque ele teria perdido o direito de residência após sair do país e possivelmente seria preso para futura deportação já que a vida de palestimo não era fácil naquela época e continua não sendo.  

Como o Mike iria perder de qualquer maneira, eu, à revelia do hotel e já por conta própria, fui à Agência Central dos Correios e enviei um telegrama ao Presidente Ernesto Geisel pedindo ajuda e contando a situação do Mike Afifi. Para suprersa de todos, um pouco antes do prazo do embarque forçado do Mike, chegou uma ordem superior, ninguém sabe de quem, dizendo que o estrangeiro fosse enviado para o país que ele quizesse e que a situação fosse resolvida imediatamente. Foi uma experiência inesquecível. Obrigado presidente! 

Assim no dia combinado, o Mike foi escoltado pela Polícia Federal para o Aerporto Internacional dos Guararapes de onde embarcou para Roma com destino a Pescara na Itália. Me correspondi com Mike e Stávros por um bom tempo depois. Continuei no Hotel Beiriz por um tempo. Até hoje agradeço a oportunidade dada pelo proprietário do Hotel, o Senhor Carlos da Silva Nogueira.   


Era uma felicidade colar o sticker do hotel na maleta dos hóspedes. Era um ritual (Flickr)

Nota 

O Hotel Beiriz funcionou entre 1958 e 1990 na Rua João Pessoa, nº 290, Maceió como uma iniciativa do empresário português Carlos da Silva Nogueira (In Memoriam). A tradição hoteleira  foi continuada por sua filha Mariza e o esposo, o médico Ismar Malta Gatto com a Rede Brisa de Hotéis: Brisa Praia, Brisa Jatiúca e Brisa Tower. Informações sobre a hotelaria de Maceió no período pesquisada no trabalho acadêmico de Juliana Costa Melo da UFAL





quarta-feira, 11 de setembro de 2024

"A Imagem" de uma época: Mulher carrega filho na cabeça para enterrar

 

Mujer paraguaya enterrando a sus hijos / Mulher paraguaia enterrando a seus filhos / Parguayan Woman Burrying her sons 

Há mais de dois anos esta imagem me persegue. Ela foi criada pelo ilustrador Solomon (Sol) Eytinger para a antiga revista semanal Harper's Weekly de Nova Yotk 1870. O ilustrador se baseou nos rascunhos do último embaixador dos Estados Unidos no Paraguai durante a Guerra da Tríplice Aliança, General Martin MacMahon. Mães carregando filhos mortos na cabeça, acomodados em uma tábua era, segundo MacMahon, uma vista comum. 

Fiz um gravação no meu canal no Youtube sobre o tema. No vídeo está o link para um Blog meu dedicado à História para "historiadores amadores", internacionalmente conhecidos como History Buffs. No vídeo dou uma ideia sobre a necessidade de se organizar Expedições para History Buffs ao Paraguai. 

A rota que a mulher da foto seguia, feita pelo  general MacMahon, os soldados, velhos, crianças e outras mulheres ligadas a outros capítulos - está muito bem identificada. Com esta nota nota fica o convite. Você gosta de história? Você se vê como um History Buff? Veja o vídeo ainda em baixa qualidade, acompanhe este blog e o Blog dos Buffs que um dia será especializado nisso. Quer conhecer os locais da rota? Há várias possibilidades. No Paraguai uma coisa nunca é só uma coisa.       

O vídeo no meu canal: 


O Texto do Harper's no Blog dos History Buffs 

(Com tradução experimental do inglês para o português, espanhol e guarani - Há link no vídeo)    

Imagem de parte do texto de 26 de fevereiro de 1870, faltando dois dias para o fim da Guerra da Tríplice Aliança



Empresa de turismo de Puerto Iguazú transforma banhados em riqueza ambiental e investe em sustentabilidade

Arquitetura homanageia projetos de 1935 dos primeiros edifícios públicos da cidade

Da Assessoria

O Hotel El Pueblito Iguazú e o atrativo turístico Biocentro, em Puerto Iguazú/AR, integram a preservação do meio ambiente e a cultura da região missioneira no setor de turismo através da preservação da fauna e flora.

El Pueblito Iguazú Hotel Temático

A empresa argentina Cuenca del Plata, sediada em Puerto Iguazú, vem redefinindo a maneira como áreas ambientalmente sensíveis são tratadas. O que muitos veriam como uma área a ser drenada e aterrada, o grupo transformou em um símbolo de preservação e desenvolvimento sustentável. “Nós não precisamos mexer na natureza para construir nossas empresas. Pelo contrário, podemos usar as riquezas naturais para atrair a atenção dos visitantes e conviver com a preservação do meio ambiente”, explica a CEO do Grupo Cuenca del Plata, Patrícia Duran.