Foi mais do que um Ato Público, foi uma audiência, sessão de exibição de filmes e palestra de esclarecimento sobre a construção da Usina Belo Monte, no Xingu. O Ato Público contra a Belo Monte em Foz do Iguaçu aconteceu no Teatro Barracão na Praça da Bíblia e foi um chamado do Centro de Direitos Humanos de Foz do Iguaçu, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) com a participação de artistas, artesãos, alguns jornalistas, estudantes universitários entre eles da Unila - Universidade da Integração Latino Americana de várias nacionalidades. Veio uma comitiva Avá Guarani da comunidade Vya'arenda de Santa Helena (PR). O cacique Pedro Alves (à esquerda) deixou claro que apoia os povos do Xingu em sua luta contra a Usina Hidrelétrica de Belo Monte e lembrou que entre Foz e Guaíra o territorio sempre foi guarani. "Tinhamos 40 aldeias no lado brasileiro entre Foz e Guaíra e 30 no lado paraguaio", contou. Segundo o testemunho dele, a chegada de Itaipu - coisa que ninguém questiona mais - acabou a terra, as matas, os recursos, os peixes. E isso é o que deve esperar os povos do Xingu como avisa o cartaz acima. Os avá guarani de Santa Helena cobram o reconhecimento do Governo. O grupo composto por homens mulheres, adolescentes e crianças fizeram apresentação do coral guarani na Praça da Bíblia. Mas antes da apresentação cultural, falou Maria Cristina, também avá guarani de Ciudad del Este. Ela contou que pertence a um grupo que vive nas ruas e acampa próximo à Rodoviária de Ciudad del Este. Ela disse que o grupo vive sem motivos para viver, deprimido e com muitos do grupo entregues ao álcool. O depoimento dela foi fortemente aplaudido. A chuva não permitiu que a população que frequenta a "efervescente" Praça comparecesse. Hoje foi um dia de baixa presença na praça. Pelo menos oito indios Maká de Ciudad del Este vieram ao encontro. Eles assisitiram ao vídeo produzido pelo MAB sobre o Xingu com paisagens belas, depoimentos e informação sobre a corrente contrária à construção de Belo Monte e disserem que ficaram impressionados com o fato deles ainda terem selva, rios e outras coisas da época do início do mundo. Me chamou a atenção, pessoalmente, quando o Maká que se chama Patrocínio (à direita) falou sobre as dificuldades de viver nesse mundo de visão estreita e controlador que é o mundo civilizado. Patrocínio reclamou que desde que tudo foi tomado deles, terras, rios, selvas, sobrou o artesanato e na fronteira eles sofrem. Eu quase caí da cadeira quando ele disse que por muito tempo eles se sentavam na Avenida Brasil e expunham seus produtos artesanais. "Mas daí vem os fiscais (da Prefeitura) e mandam que eles saiam das calçadas. "É proibido", dizem. Eu achei o cúmulo. Com a experiência que eu tenho em questões de turismo e responsabilidade social, creio que se o fato de índios não terem espaço numa cidade como Foz do Iguaçu pegaria muito mal, mas mal mesmo, caso esse fato fosse divulgado!
Nenhum comentário:
Postar um comentário