"Minha mãe falava que nasceu abordo do navio, em alto mar, no caminho para o Brasil. Meus avós eram poloneses" - João Rosentalski |
Faleceu no dia 31 de maio, o seu João Rosentalski,76 anos, cinco filhos e pequeno comerciante e muito conhecido na Vila Borges e Morumbi I. Seu João deu entrevista ao repórter e locutor Roque Avelar em edição de março da Gazeta do Iguaçu. Ele contou como veio para Foz do Iguaçu em 1954 para servir ao Exército e onde ficou “internado” por 11 meses. Seu João tinha um pequeno negócio na Avenida República Argentina quase esquina com a Jules Rimet onde vendia de tudo. Ele foi um dos primeiros compradores de lotes do senhor Manoel da Silva Borges. O seu João é parte daquela comunidades que eu chamo de “os poloneses da Vila Borges.
Republico aqui o que Roque Ovelar escreveu:
João Rosentalski tem 76 anos de idade e quase a metade de sua vida reside no bairro. Casado e pai de 5 filhos, o gaúcho de José Bonifácio, hoje município de Erechim, foi um dos primeiros a adquirir terrenos na Vila Borges. "Vim com os meus pais de carroça para o Paraná. Viajamos durante 30 dias para chegar em Laranjeiras do Sul e encontramos um verdadeiro sertão. Eu era apenas criança, tinha 9 anos, mas já sabia cuidar dos animais. Trouxemos um casal de cachorros, eles dormiam comigo debaixo da carroça e ajudavam na nossa segurança, principalmente à noite".
Seu João conta que precisou precisou assumir ainda na adolescência as responsabilidades de um adulto após a morte precoce do pai dele. "Minha mãe ficou viúva e alguém precisava ajudá-la. E essa tarefa coube a mim. Só sabia andar a cavalo, tratar de burro e criar porcos. Por isso não tive chance de estudar, tinha que trabalhar muito". Ele revela que conheceu Foz do Iguaçu em 1954, quando completou 18 anos. Era época de servir ao Exército. Com o apoio da mãe e irmãos, se apresentou ao Batalhão de Fronteira onde permaneceu "internado" por 11 meses.
Somente após esse período ganhou direito de retornar para casa. "Não existia a BR e os ônibus percorriam a Estrada Velha de Guarapuava. Todos que moravam na região de Laranjeiras eram obrigados a se deslocar até Foz para poder servir à pátria. Era muito dificultoso e sofrido". Rosentalski relembra o tempo de farda com imenso orgulho. "Fui voluntário pois queria aprender viver na cidade e o Exército forma pessoas de caráter. O comandante era o tenente Paulo, muito boa gente".
Anos mais tarde a família Rosentalski decidiu se transferir para a localidade de São Jorge, no município de São Miguel do Iguaçu, "onde casei com a dona Regina. lá acabei conhecendo também o Manoel da Silva e nos tornamos amigos. A gente derrubava mato para plantar arroz". E foi através desse trabalho duro na roça que o seu Manoel fez o "pé de meia". Segundo Rosentalski, com o dinheiro economizado durante muitos anos, Silva investiu na compra de terras em Foz do Iguaçu onde adquiriu chácaras e posteriormente fundou a Vila Borges.
Ele acreditou no crescente ramo imobiliário na fronteira e apostou no novo negócio. "Certa vez ele disse que estava abrindo esse loteamento e ofereceu terrenos para eu comprar. Não pensei duas vezes: arrematei dois lotezinhos ao preço de dois mil cruzeiros por mês. Nessa época eu já morava em Foz, lá na Vila Brasília". De acordo com o pioneiro, no começo tudo era precário. As poucas ruas existentes eram de terra, principalmente a Avenida República Argentina. Havia dificuldade de deslocamento. Para ir à escola as crianças eram carregadas na bicicleta. Não tinha condução, não existia ônibus.
A Vila Borges não passava de um imenso banhado. Um córrego, que cortava o bairro, alagava as áreas mais baixas em períodos chuvosos. Na parte alta, divisa com o Morumbi, aos poucos a mata era substituída por cultivos agrícolas, como plantações de café, algodão e hortelã. Na baixada plantava-se arroz. O aposentado lembra também do campinho de futebol onde os meninos do bairro se reuniam para praticar o esporte. "A piazada se uniu e fez o campinho no braço, na base da foice e da enxada. Acabaram com as ferramentas tirando alguns tocos de árvores e arrancando as toceiras de capins para poderem jogar bola. Meu caçula era um deles", disse sorrindo. E acrescentou: "Havia ali um senhor que não gostava quando a bola caía no quintal dele, ficava brabo.
Chegou, inclusive, a tomar a bola da gurizada. Aí os meninos faziam vaquinha, compravam outra bola e voltavam lá para jogar". Em sua avaliação a Vila Borges prosperou após a chegada do asfalto na Avenida República Argentina. "Hoje, temos de tudo: mercado, farmácia, casa lotérica, onde hoje fui pagar meu IPTU. Tudo pertinho e isso facilitou barbaridade. O bairro está 100 por cento".
2 comentários:
È com muita saudade que somente hoje (12/07/2015) leio a reportagem que foi publicada neste jornal com ref ao meu AMADO PAI!...Sou a quarta filha...nasci e me criei em Foz!...Cidade de minha infancia...acompanhei a luta de meu pai nesta cidade que acolhe os "polacos"...assim como a todos os estrangeiros que nela vivem!...Leio e escrevo aqui da Italia...cidade de Piacenza!...mas em breve retorno...e se Deus quiser vou até Foz rever os irmãos e nossa mãe...d. Regina!
Ass. Julia Rosentalski
Obrigado por suas palavras Júlia. Tudo de bom para você em Piacenza. Foi um prazer receber sua mensagem. Foz te aguarda!
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