Sim, Foz do Iguaçu tem marujo |
Este barco é o Kattamaram III. Na foto ele está margeando o "barranco" típico do rio Iguaçu recoberto por vegetação ou seja Mata Atlântica, "Selva Misionera" ou "Bosque Atlántico del Alto Paraná", como você preferir. Quem navegou no Kattamaram III em Foz do Iguaçu, navegou. Quem viu ele no rio Iguaçu ou subindo e descendo o Paraná, viu. Não vê mais. Por quê: Simples. Ele agora é um equipamento turístico de Florianópolis, Santa Catarina, a antiga Ilha chamada Desterro.
A pergunta mais interessante sobre este assunto hoje é: como o Kattamaram chegou na antiga Desterro, a mesma ilha em que Cabeza de Vaca aportou em 1541? De super caminhão galgando a BR-277? E competindo por espaço na BR-101? Não! O Kattamaram chegou até lá com seus próprios pés ou melhor seus próprios cascos duplos.
Os mapas abaixo copiado do Google Maps mostra a rota. O primeiro mapa mostra o primeiro trecho entre Foz do Iguaçu e Encarnación. Na parte de cima do mapa dá para ver o azul do lago de Itaipu, Foz do Iguaçu, o contorno do Parque Nacional do Iguaçu grudado com o contorno maior da Província de Misiones. Logo à frente de Encarnação, dá para ver o lago da Usina de Yaciretá. Identifica ele?
A rota que o Kattamaram III fez é a mesma que centenas de barcos faziam levando erva mate de Foz do Iguaçu para Posadas e de lá para Buenos Aires e Montevideu. É a mesma rota que Moisés Bertoni fazia, levando bananas de sua propriedade até Encarnação, Bertoni usava os barcos que desciam e subiam o rio a serviço das empresas de mate argentinas, paraguaias e brasileiras.
O Kattamaram entrou no Lago de Yaciretá e seguiu navegando em direção a Ayolas. Duas coisas sobre esse corpo de água artificial. Ele não é chamado de lago, como o Lago de Itaipu. Ele é simplesmente chamado de embalse. Este lago é enorme e fez um "arregaço" ambiental muito maior que Itaipu. Só para ter um exemplo, as área inundadas de Encarnação demandaram a construção de sete pontes dentro da cidade. A cidade até ganhou o nome de "cidade das sete pontes". Milhares de pessoas foram desalojadas. Oito mil só em Encarnação. Mais de 3 mil só na antiga Ilha de Yaciretá. Em Cambyretá outra tacada de gente foi desalojada.
Toda essa região é rica em "remanescentes de missões jesuítas" algo que me interessa muito. Seguindo o "embalse-mar", o Kattamaram e todos os barcos inclusive as barcaças que saem de porto Presidente Franco que estejam navegando aí, apontam a proa na direção da "ECLUSA", a cerca de 450 km da fronteira com todas as curvas do grande rio. Falarei da Eclusa em breve. Passada a eclusa (o mapa ainda mostra as ilhas de Yaciretá e Apepu, não estão mais assim), o barco continua navegando pelo rio ainda do jeito que a natureza fez. À frente o rio Paraná vai receber o rio Paraguai que vem de Assunção, Concepción, Porto Murtinho e Corumbá. "Eu já naveguei de Foz do Iguaçu até Corumbá", confessou o Ademir, o portomeirense da navegação marítimo fluvial.
De Foz (TriFron) até Encarnação, Ayolas |
Confira os nomes dos portos ao longo do caminho (acima). Neste tamanho a maioria estão no lado argentino como Puerto Esperanza, Eldorado, Montecarlo. Se ligue em San Ignacio. É um porto. É uma cidade chamada oficialmente de Municipalidad de San Ignacio e é também a sede das "ruínas" de San Ignacio Mini. Isso mesmo estamos na Terra das Missões nos dois lados da fronteira. Estamos falando de Argentina e Paraguai. Depois de San Ignacio vem Posadas, capital da Província de Misiones e Encarnación, capital do Departamento de Itapúa, Paraguai. A partir daí a coisa a coisa fica séria. Começa o "embalse", o reservatório da Usina de Yacireta.
Dá para ver o trajeto completo |
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