sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Este vídeo quer resgatar o "coração missioneiro". O espírito dos 30 povos

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Chegou, este vídeo até a minha caixa de entrada por meio de um amigo de longa data dizendo que o clipe o havia deixado emocionado. Fui assistir para ver e gostei. "Mas não basta ser gaúcho tampouco ser brasileiro se está te faltando um coração missioneiro". O vídeo abre com um coral guarani mbya  que diz o refrão  em guarani reafirmando que não basta ser gaúcho tampouco ser brasileiro se ainda está faltando "pete
ĩ py'a missioneiro" e aparecem comunidades cantando o refrão em russo e castelhano com legendas em italiano, polonês, alemão e castelhano. O vídeo está no canal do cantor e compositor Noé Teixeira. 

A produção é minuciosa e deve ter custado um bom dinheiro ou grande quantidade de carinho, dedicação e trabalho. E parece ter sido parte de um esforço de divulgação da região com fins de promover o turismo e a cultura. Gostei da valorização da coisa missioneira ou misionera. Mas não é só isso. O vídeo utilizou a música de Noé Teixeira para promover esta campanha que fecha o vídeo com a assinatura do Mercosul. Um exemplo simples, que utiliza recursos locais.  

Eu, aproveito para lembrar de onde vem esta coisa chamada "missioneira" ou "misionera" e de onde vem esta ideia de "Missões" ou "Misiones" como um território histórico que ultrapassa fronteiras. Digo de passagem bem rapidamente o seguinte: 

Quando os jesuítas foram expulsos das terras da Espanha em 1767, eles deixaram para atrás e abandonados 30 povos que estavam mais ou menos assim divididos: oito no Paraguai atual, 15 na Argentina atual e sete no que hoje é Rio Grande do Sul. Para preencher o vazio deixado pelos padres, a espanha criou algo chamado Governo das Missões Guarani (guaranis). Era conhecido também como Governo Político e Militar de Misiones ou ainda Governo dos Trinta Povos das Missões. Este governo funcionou entre 1770 e 1810 quando começaram as lutas de libertação da Argentina e do Paraguai e a separação de tudo o que fora sido a Governação do Paraguai e a Intendência de Buenos Aires. A província de Misiones na Argentina e o Departamento de Misiones no Paraguai são continuação, na minha visão, deste antigo "território missionero".  

O Brasil que tem a política de passar um apagador em toda história que não segue o currículo nacional luso-brasileiro, oficialmente apagou da memória a existência de uma região  autônoma que exisitiu dentro de parte de seus territórios. Mas o termo "missões" permaneceu resistindo à pressão mesmo sem adquirir nenhum status oficial. Por isso se diz que "misionero" ou "missioneiro" é um estado de espírito. 

É como se em alguma dimensão dos seres o antigo governo das missões continuassem dominando  corações. Turisticamente falando existe uma Assembléia Anual dos 30 Povos da Missões realizadas na cidade San Ignacio Guazu, Departamento de Misiones, Paraguai e uma um encontro de dirigentes e prefeitos dos 30 Povos das Missões (30 Pueblos de las Misiones). 

"O Brasil pensa em Sete Povos das Missões mas os Sete Povos foi o fim do prejeto" - disse Auri B. Kochman, um dos dirientes da Associação dos Municípios Missioneiros (RS). Ele finalizou dizendo que o Brasil tem uma dívida grande com as Missões. Assino embaixo. Outra frase de efeito que escutei nas andanças este ano foi: "Não existe gaúcho, sem ter havido missioneiro antes"; O autor da frase lembrou que 90% do Rio Grande do Sul é missioneiro.          

Tentativa de ficha tecnica

Cantores:

Noé Teixeira, cantor e autor

Coral do Tekoa Mbya Guarani São Miguel das Misões

José Guedes

Suzana Marques



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