Uma borboleta 88 da família Nymphalidae do gênero Diaethria no dedo de um visitante das Cataratas do Iguaçu, Parque nacional do Iguaçu deixando ver detalhes de cores e os padrões que formam o 88 no lado exterior da asa
Há pelo menos 18.682 espécies de borboletas no mundo. Dessas, 3.280 espécies estão no Brasil. O Parque Nacional do Iguaçu serve de abrigo para cerca de 800 espécies, das quais só 257 foram devidamente identificadas. O pesquisador argentino Ezequiel Núñez Bustos catalogou 653 espécies para o Parque Nacional Iguazú, Argentina.
Mas ainda há trabalho a fazer, pois algumas áreas do parque ficaram fora da pesquisa. Nesta altura, você pode estar perguntando: esses números, para os parques nacionais Iguaçu/Iguazú, são muito ou pouco? São significantes. Basta lembrar que a Europa inteira tem 244 espécies de borboletas.
É cada vez mais comum os viajantes mencionarem as borboletas das Cataratas do Iguaçu como uma das grandes atrações da região. Há comentários de visitantes em sites como o Trip Advisor, em que afirmam que as borboletas, em si, já seriam motivo para a criação dos Parques Nacionais que levam o nome do rio Iguaçu, um em cada lado da fronteira.
Quem visita os parques nacionais Iguaçu/Iguazú nos meses do verão, outono ou primavera terá a companhia de inúmeras borboletas. No inverno, o número diminui por causa do frio, mas algumas espécies estão presentes. Borboletas de vários tons de amarelo voam sobre o trecho da BR-469 no interior do Parque Nacional do Iguaçu.
Outras espécies preferem as trilhas que permitem ver as Cataratas. Duas das espécies mais presentes nesse trecho são a Borboleta 88, as Diaethrias (acima) e suas parentes mais próximas, as Callicores. Entender e diferenciar as duas espécies não é tarefa fácil. Mas pode-se tentar. A primeira dica é constatar que as 88 podem ser acompanhadas por outros números como 89, 98, 69 e 96. Os números aparecem no lado de fora da asa quando estão fechadas. Abertas, a história é outra. É possível ver duas callicores descansando no corrimão da trilha que permite ver as cataratas e jurar que são iguais.
Uma Callicore pygas, do mesmo gênero que a Diaethria, nas Cataratas do Iguaçu mantendo o "estilo 88" mas com padrões diferentes |
Um panapaná* de borboletas Phoebis sennae e Anteos clorinde do gênero pieridae. (*Panapaná é um "congresso" ou "reunião" de borboletas em tupi antigo, língua geral ou nheengatu) |
Muitas outras espécies de borboletas são observadas ao longo das trilhas das Cataratas, tanto do lado brasileiro como do lado argentino. Muitas delas chegam a pousar no braço, mão ou no ombro dos visitantes. Elas podem também escolher pousar em mochilas e outros pertences dos visitantes. O motivo da escolha é o sal presente no suor dos visitantes.
Borboletas no Parque das Aves
Uma borboleta Olho de Coruja ou Caligo brasiliensis |
Famoso e reconhecido como um centro especializado em aves da Mata Atlântica, o Parque das Aves também tem um borboletário. Das 800 espécies de borboletas estimadas para os Parques Nacionais do Iguaçu/Iguazú, 42 são criadas no borboletário do Parque das Aves.
Uma visita ao borboletário do Parque das Aves é uma importante ferramenta para a educação ambiental, para entretenimento e vira quase uma terapia contra o estresse do mundo que fica do lado de fora. Dentro do espaço, as borboletas voam compartilhando o recinto com diferentes espécies de beija-flores.
Em um laboratório dedicado à reprodução das espécies de borboletas, uma equipe coleta ovos das diferentes espécies reproduzidas. Os ovos são minúsculos, alguns um pouco maiores que um grãozinho de areia. Parte deles são mantidos em uma área protegida fora do alcance do visitante. O isolamento é necessário para proteção biológica contra vírus, bactérias e fungos.
Em uma das salas do laboratório funciona uma verdadeira maternidade de borboletas, com lagartas (larvas) em diferentes estágios de crescimento. As lagartas em desenvolvimento passam o tempo comendo para obter e armazenar a energia necessária para a etapa da imobilização, quando se forma o casulo.
“O corpo dessa aqui já está se preparado. A pele começa a mudar de cor, vai ficando transparente”, explicou a bióloga Agnis Ramos. A próxima etapa para a lagarta é escolher um lugar seguro para se agarrar, se pendurar e entrar no sono que acompanhará o processo de abrir mão do corpo de lagarta e apostar que após certo tempo em um casulo, ela renascerá como borboleta.
Dentro do casulo, o corpo de lagarta começa a passar a um estado líquido no meio do qual começa a ser formado o corpo da borboleta. Um dia, chega a hora de renascer. Penosamente, a borboleta começa a sair do casulo que a abrigou. Uma vez fora dele, o novo ser se descobrirá com pernas, asas, antenas e proboscis – uma pequena tromba que utilizará para se alimentar. Nada disso existia no corpo anterior do estágio lagarta.
O outro lado da Borboleta Coruja (Caligo brasiliensis; não confundir com a borboleta morpho) |
Por fim, chega a hora de abrir as asas. Será a primeira vez que ela verá suas asas. “Mas uma borboleta não nasce e sai voando”, explicou a bióloga apontando para uma Caligo brasiliensis, conhecida pelo nome de Borboleta coruja, que sem se mover esperava pacientemente que as asas secassem. “Leva quatro horas para a secagem das asas”, explicou Agnis. Apesar de viverem na floresta, cada borboleta tem uma dieta especializada própria. “A Morpho come maquerium”, explica a bióloga. As três variedades de caligo gostam de folhas de plantas da família das bananas e das helicônias. “A Monarca brasileira se alimenta da árvore ascléplia”, reforçou Agnis, acrescentando que a maioria dos amantes das borboletas não sabe que o Brasil também tem borboletas monarcas.
Morpho epistrophus Com as asas fechadas |
Morpho epistrophus Com as asas abertas |
Outra espécie de borboleta criada no borboletário do Parque das Aves é a Morpho epistrophus, uma borboleta grande, que passa 11 meses de sua vida no estágio lagarta. Não é à toa que essa linda borboleta seja um símbolo de fé e paciência na capacidade da vida acontecer. O gênero Morpho, inclui também as fantasticamente belas morphos azúis também presentes no Parque Nacional do Iguaçu, nas Cataratas do Iguaçu, nos dois lados da fronteira e até diferentes locais de ruas e avenidas no centro de Foz do Iguaçu. Recentemente o Parque homenageou as morphos azuis com um totem na forma de asas de uma borboleta morpho para que os visitantes possam registrar a presença e guardar a lembrança da passagem no local. Fique de olho caso uma morpho cruze o seu caminho. Ela tem voo lento, passa mais ou menos à altura dos olhos podendo variar de altitude rapidamente. Abaixo a foto de uma publicação em redes sociais onde a influenciadora @lilisjustino registra sua passagem pelo Parque das Aves levando a lembrança de uma das espécie mágicas de borboletas presente no que o pessoal do turismo chama de Destino Iguaçu!
@lilisjustino postada em seu Instagram e repercutido pela equipe das redes sociais do Parque das Aves |
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