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O museu Dicesano de San Ignacio Guazu pertence à Diocese de San Juan Bautista Misiones e Ñeembucu e é operado pelos Jesuítas |
Esta postagem não é exatamente sobre a história do museu ou da antiga Redução Jesuítica Guarani de San Ignacio Guazu, a primeira das missões organizada em território espanhol sob o comando da Companhia de Jesus, ou seja a Província Jesuíta na Bacia do Prata.
A postagem é sobre a experiência da viagem que fiz em busca de dados para uma "expedição" à cidade no mês de abril durante a Procissão da Sexta Feira da Paixão que parte da capela do distrito (sentido brasileiro) de Tañarandy até a Igreja San Ignacio de Loyola no centro da cidade. Como gosto de caminhar e como vou devagar, saí do hotel às 6h da manhã. Por volta das 7h já estava na praça principal dominada pelo bela Igreja San Ignacio de Loyola. Dei voltas e voltas na quadra e na praça para assegurar onde estavam os museus que iria visitar.
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O sol ainda baixo produzia as sombras |
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O edifício do museu - a entrada no "meio da quadra", porta da esquerda |
Uma primeira dica importante veio de um senhor sentado em uma cadeira de praia na calçada de uma casa de aparência nobre. Ele me disse: Senhor está procurando alguma coisa? Respondi que procurava o Museu Diocesano. "O senhor está indo no sentido contrário. Volte até aquela esquina, o museu está a poucos metros no meio da quadra", esclareceu. Ele explicou que na realidade toda a quadra era o Museu. A entrada ficava no meio da quadra.
Comecei a entender. Toda a quadra do Museu era a alma da redução jesuítica: a antiga Igreja e o Colégio Jesuíta Guarani. A praça que ocupa a próxima quadra, era a Plaza Mayor. Em frente à praça ficava o prédio que servia de Moradia para os Guarani. Ao redor desse núcleo cresceu a cidade que completou 413 anos em dezembro do ano passado.
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O púlpito de onde o padre falava aos fiéis |
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A antiga Igreja tinha uma arquitetura diferente de todas as outras missões: "era a primeira construída", explica Estela Cardozo
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Estela Cardozo |
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Plano ou mapa da Redução de San Ignacio Guazu |
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Em destaque a antiga Igreja demolida em 1917 (Clique para aumentar)
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Um retângulo protegido por cercado de tijolos protege o que restou do piso original da antiga igreja |
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Escultura lembra encontro de Maria com seu filho Ressuscitado: Tupãsy Ñuguaiti |
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Imagens policromática feita por artistas indígenas sob a orientação de padres professores jesuítas |
Já vi em comentários de turistas brasileiros sobre o museu a afirmação de que o museu é pequeno mas que vale a pena. "São só quatro salas mas abriga uma boa coleção de arte barroca guarani". Para mim as quatro salas são do tamanho que devem ser. O que impressiona são as obras. Outra afirmação que vejo e leio em sites brasileiros é que as estátuas foram feitas "utilizando" mão de obra guarani. Para mim a afirmação não é feliz. Os guarani que fizeram as estátuas não eram mão de obra, eram artistas e aprendiam a arte transmitida por mestres jesuítas que eram artistas. "A maioria italiana", me disse Estela Cardozo, responsável pelo museu, guia, anfitriã e profunda conhecedora da história local. A tradição jesuíta de padres e artistas da comunidade ensinarem arte continua. Um dos projetos jesuítas atuais é exatamente o ensino de escultura em madeira, artesanato em barro e outros materiais e música. "A música era o que segurava o indígena na redução", lembrou Estela Cardozo.
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San Pablo / São Paulo |
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Sala dos Jesuítas: no centro San Ignacio de Loyola, à esquerda São Francisco Xavier e à direita San Francisco de Borja |
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Parte da decoração do altar da antiga igreja da Redução |
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O que você acha das feições deste santo. Europeias ou indígenas? |
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Relógio do Sol - o segundo dentro de uma missão no Paraguai. Segundo Estela Cardozo, o relógio está marcando 11h15 |
A primeira vez que vi um relógio de sol em uma missão jesuítica guarani foi em San Cosme y San Damián durante uma viagem para a imprensa organizada pela Secretaria Nacional de Turismo (Senatur), onde Rolando Barboza chefe da regional da entidade mostrou o funcionamento do relógio de sol daquela missão. Em San Ignacio Guazu vi meu segundo relógio do sol localizado no pátio interno da antiga Escola Jesuísta hoje pare do Museu Diocesano. A Estela disse que esse era o segundo relógio do país.
O problema é que depois de sair e de ter me despedido do Museu e da Estela, dei de cara com outro relógio do sol, desta vez, ao lado de uma árvore, ao lado de um meio fio na rua em frente ao museu. Minha primeira reação foi pensar que o relógio estivesse abandonado, estivesse jogado fora como refugo de construção. Depois pensando melhor vi que o relógio estava mui bem cuidado, bem colocado e comecei a repensar o julgamento inicial e achar que ele é parte de uma grande "coisa".
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O relógio do Sol extra: ao lado de uma árvore, ao lado de um muro e ao lado de um meio fio. |
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