segunda-feira, 23 de julho de 2012

Plano de manejo do Parque Nacional do Iguaçu e os conflitos com o turismo e a comunidade I


Histórico


O Parque Nacional do Iguaçu teve até hoje três Planos de Manejo. O de 1979 que entrou em vigor em 1985; um Plano de emergência criado em 1995 e o de 1999 que foi feito entre 1998 e 1999. É o de 1999 que está em vigor hoje. Com a exceção do Plano de Emergência de 1995, venho estudando todos os outros desde que foram lançados. Um dos problemas que me saltam à vista é baixíssima participação da sociedade e falta de transparência sobre os documentos. O Plano de Maneio de 1999 por exemplo, foi feito sem levar em consideração a existência de Foz do Iguaçu com sua estrutura hoteleira, de turismo, serviços, recursos humanos. O Plano foi feito como se o Parque Nacional do Iguaçu estivesse localizado em Bodoquena (MS), onde a estrutura é sofrida, não há ônibus, não há pessoal e como se tratasse de um  Parque Nacional que quando for implantado demorará muito pensar em receber  50 mil pessoas por ano. Uma prova disso é que o PM diz, por exemplo, ao tratar do transporte único determina:

Dotar os ônibus de serviço gravado, de interpretação e informação, disponibilizando as informações, através de headphone, em português, inglês e espanhol

E isso em uma cidade que tem empresas que oferecem serviços de guia em russo, japonês, chinês, árabe, coreano, francês, italiano, polonês, alemão. Eu pergunto, de que adianta para um chinês escutar algo em espanhol? E nesta falta de levar em consideração uma cidade como Foz do Iguaçu com experiência em turismo desde os primeiros anos 1900, É nesta linha que o PM ditou a criação de um transporte público único dentro do Parque. O PM manda estudar o fluxo para definir horários, fala de horas fixas e determinadas. Ao meu ver uma tentativa de invenção de roda sem abrir espaço para a comunidade. Ao pé da letra, o PM reza: 


“Estudar o fluxo de visitantes para definir os horários de circulação dos ônibus, que funcionarão em horas fixas pré-determinadas e atenderão ao público no esquema estabelecido para visitação”


E ainda previu, sem estudos, pois não houve pesquisas de carga, e definiu entre coisas o seguinte:

Até que se proceda ao estudo do fluxo de visitantes, o transporte coletivo circulará com até oitenta pessoas, saindo do Centro de Visitantes a cada dez minutos

E a parte mais perigosa é que ainda afirma que esse transporte vai definir a quantidade de pessoas que podem estar nas diferentes atrações dentro do PNI em dado momento. Hoje vemos o PNI, o trade e gestão integrada celebrando que recebeu 1,4 milhão de visitantes e anunciando novas metas e números cada vez maiores. Quando o PM afirma:
    
"Esse transporte servirá como meio de regular a capacidade de suporte das áreas de uso público localizadas ao longo da BR-469, principalmente da trilha das Cataratas e a distribuição dos visitantes nas diversas atividades oferecidas"

Então juntando dois mais dois podemos dizer que a capacidade de carga seria de um ônibus com 80 pax a cada dez minutos o caso da trilha das Cataratas? Até para isso chamo a atenção. Até pouco tempo para ver as Cataratas a gente usava as passarelas – agora estão chamando “trilhas”. Estou chamando a atenção para estes pontos porque vejo cada dia mais pessoas pedindo a revisão do PM. Então devemos pelo menos saber de que se trata!  


Observação: mais postagens sobre assuntos ligados ao Plano de Manejo do Parque Nacional e o conflito com a comunidade no blog Notas do Turismo.


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