sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Relembrando: O Turismo nos bairros ou bairrização do turismo

Nota: Esta Postagem é de 2005. É só para provocar. O que mudou?Não desabilitei os links seguidos de asteriscos. Sites tirados do ar - o tempo cobra! 

NT 15
Morabeza!

Que maravilha e beleza. As Notas de Turismo estão recebendo um apoio que eu não esperava. Agradeço ao empresário, amigo e ex-vereador em Foz do Iguaçu Mohamad Barakat pelos seus comentários dando forças a minha tentativa. O professor Antonio Rolim de Moura também elogiou o trabalho e sugeriu temas. O colega Jean Jefferson da Cataratas do Iguaçu SA também deu encorajamento. Os grandes sites TudoFoz.com e H2Foz.com entraram a fazer o que o jornalismo americano chama de “syndication” quer dizer, republicam as notas. O colega Douglas Dias deu um toque na coluna dele, n’A Gazeta do Iguaçu. Obrigado. E a todos aqueles que estão lendo, acompanhando, obrigado e participem. A proposta é fazer um bom trabalho, aproveitar as novas mídias. Não se omitam. Foz sofre muito por causa de nossas omissões.

Bairrização - Sugeri nas Notas do Turismo # 06 a idéia de “bairrização” do turismo em Foz e para o Brasil inteiro. Na proposta Foz seria dividida em quatro regiões mais o centro. Modelo 4+1. Região 1: Cataratas, BR 264, Remanso, área rural. Região 2 Grande Porto Meira. Região 3 Grande Três Lagoas e São Francisco. Região 4 Vilas de Itaipu com Jardim Jupira e o lado de lá da BR. O que cada região tem? Conheça os sites de alguns bairros famosos: Vila Madalena, Bixiga, La Boca*, Copacabana .*O nosso Santa Felicidade infelizmente não tem site. Tipo: santafelicidade.com.br. Se algúem souber me ilumine.

Região Cataratas

Esta região tem: o portão de entrada do PNI, Área de Desenvolvimento (Ad) Centro de Visitantes, Administração do PNI, o Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu / Cataratas, o Centro Internacional de Convenções de Foz do Iguaçu, a BR 469, boa parte de nossa hotelaria com a Termas Iguaçu, Aquamania, área rural, Parque das Aves, Lojas de Souvenir, restaurantes. Quanto isso representa do PIB de Foz? É bom colocar no papel. É possível que esta informação não exista. Por incompetência? Não! Por falta de uma contabilidade específica. E a contabilidade específica para isso se chama "Contas Satélites" de Turismo. É sobre isso que a Conferência Mundial da OMT vai tratar em outubro na Terra das Muitas Águas.

Região Porto Grande Porto Meira

O que é que esta região tem? Além de muitos eleitores a grande Porto Meira – que inclui os bairros Profilurb, Jardim das Flores, Avenida Morenitas tem: o Marco das Três Fronteiras. O Espaço das Américas (que custou R$ 4 milhões quando o câmbio estava quase a um por um); a Ponte Argentina-Brasil (O Mercosul manda escrever os nomes dos países em ordem alfabética), o encontro dos rios. A costa dos rios (embora estejamos de costas para ela), os dois rios. Quanto vale isso? Como está sendo utilizado? A gente já fez tudo o que pôde na exploração consciente destes “atrativos”? Me parece que estes atrativos estão abandonados. Vixe! - Além dos atrativos explícitos há muito que poderia ser explorado (no bom sentido) para gerar rendas, aumentar o PIB com bem-estar e diminuir a pobreza. Alguns dados: o Porto Meira é o único bairro do Brasil que aparece em mapas internacionais – pelo menos os mapas rodoviários da América do Sul feito na Argentina, Chile, Uruguai (ordem alfabética). GPM - O Grande Porto Meira (GPM) tem bairros temáticos. Bairros temáticos são importantes. Se não me falha a memória, encontramos no GPM os temas Pedras Preciosas, Peixes e Flores. Lembra? Rua Topázio, Rua Jade, Rua Esmeraldas. Depois há o tema peixes com Rua Dourado, Rua Pacu, Avenida Morenita... E logo em seguida as flores: Rua Orquídea, Rua Petúnias e muitas outras.

Grande Três Lagoas (G3L) e Grande São Francisco (GSF)

Senhoras e senhores, catadupos e catadupas, é fácil demais vender a região da Grande Três Lagoas-São Francisco com Portal da Foz, Avenidas República Argentina e Costa e Silva. Três Lagoas é um bairro charmoso. Quando você chega lá, você sente que não está mais em Foz (Isso é um elogio ou um insulto? Não vou entrar na discussão, hoje, sobre se isso se deve a descaso ou é estratégico). Três Lagoas em si tem identidade própria. É fácil vendê-la. Além de identidade, lá estão os clubes ICLI, Porto Dourado e Oeste Paraná; a Prainha de Três Lagoas, a Base Náutica (Ui Ui Ui) com aquele farol depredado, aquele cheiro de fezes, tudo quebrado, o Lago de Itaipu, a tendência aos esportes radicais ar-água. Lá estão o clube de Ultraleves, a base da impressionante da Weekend Fly, navegação à vela e ainda um certo ar rural. Uma área maravilhosa para estar morrendo à mingua!

Por quê? - Por problemas de racismo, classismo, falta de solidariedade, atraso político histórico crônico, essas regiões se identificam com a pobreza, assaltos, favelas. Mas tudo pode ser vendido se for organizado para o benefício da população. Implante um bom modelo de desenvolvimento na favela, e isso será de interesse mundial. Esta região tem algumas áreas temáticas.

No Portal há a região temática ligada a ornitologia: Rua Sabiá, Pica-Pau, Rua Papagaio, Sanhaço e outros pássaros. A rua papagaio leva à uma região temática do futebol: Rua Palestra Itália, Manuel Garrincha, Rua Pelé onde se encontra também nomes de estádios e clubes. Ótimo lugar para fabricar e vender bolas, abrir uns museus, além de incentivar a arte e o artesanato.

Na região encontramos Hotéis e equipamentos turísticos como o Rafain Palace, Muffato, o Teatro Plaza Foz, a Rodoviária, a animada República Argentina e interessante Costa e Silva com o Hotel Falls Galli, motéis (por que não?).

Exemplo

Não muito longe de alguns desses hotéis há favelas como é caso do Portal. O que fazer com elas? Desfavelar? Sim. Como? Mandando os pobres para as Cucuias? Não! Cada área temática, aproveitaria o nome para especializar-se em certo artesanato. O artesanato é muito importante.


Em 1998 ou 1999 o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais patrocinou um congresso internacional de controladores de rotas de satélites. Descobri que no congresso havia vários observadores de pássaros que, normalmente são controladores rotas de satélites e trabalham para a NASA. Além de orienta-los sobre que pássaros ver na região, eu os levei ao Portal da Foz para conhecer o bairro temático dos pássaros. A grande festa foi ver dois pica-paus na Rua Pica-pau, beija-flor na Rua Beija-flor, ver sanhaço na rua Sanhaço e pardais em todas (claro!).

Ninguém foi assaltado. Pelo contrário, os moradores do Portal que freqüentam uma padaria na avenida principal, ficaram encantados de ver americanos da Nasa no Portal da Foz. Que chique! O pessoal da Nasa ficou lisonjeado com a visita.

Feirinhas

Imagine cada bairro temático com pelo menos uma feirinha onde as mães de família pudessem vender artesanatos ligados ao tema do bairro. Imagine, os bairros temáticos equipados com equipamentos públicos relativos ao tema (todas as cabinas de telefone ** das ruas ornitológicas do Portal representando o pássaro que deu nome à rua). Céu Azul, já faz isso. Colocou cabines de telefone com formas de onças, pássaros, na rua que acompanha a BR 277). Artesanatos de pedras no bairro das pedras. Artesanato de peixes, restaurantes, barzinhos com o tema de peixe nas ruas de peixe. O turismo vende ilusão, contato, interação. Gramado, Canela, Florianópois, Key West na Florida vivem de suas ilusões.

A área de Itaipu

Esta área é muito rica embora o pessoal das Vilas C 1 a 3, das favelas da região não veja riqueza nenhuma. São pobres sentados em ouro. Essa região turística da cidade tem, primeiro, a Itaipu Binacional. O que a Itaipu Binacional gastou em relação à construção de equipamentos turísticos, entrou em que espécie de contabilidade? Contas do turismo? Repito a importância das Contas Satélites de Turismo e a conferência da OMT que está sendo organizada no maior silêncio. Cuidado!

Região Itaipu

Veja o que a região tem: a maior hidrelétrica do mundo; refúgios biológicos, único museu de Foz do Iguaçu e talvez único ecomuseu do Paraná, o Lago, o Canal de Desova e Navegação lerniana-kayakística, bairros planejados, hospital, clubes, Centro Comercial próprio, Espaço Gramadão, Templo Budista, Ponte Internacional da Amizade, Ilha Acaray, comunidades universitárias e o pessoal do Jardim Califórnia, Jardim Jupira e a daijoniana Cidade Nova passando fome? Tem alguma coisa errada!Mistério - Quem explica o motivo da área em torno da Ponte da Amizade, especialmente no Jardim Jupira não ser um lindo Parque dedicado à temática internacional, à paz, à integração, com bar, restaurante, parque, monumentos, feirinha, negócios? É por isso que eu digo: Foz não explorou 2% de sua capacidade turístico-econômica. E agora? Vamos ficar assim mesmo?

Nota importante

O que eu chamo de "bairrização" do turismo destacando o potencial dos bairros da cidade não tem nada a ver com a proposta de "cidade temática" com propósitos puramente comerciais, turismo de massa, para aqueles poucos que comem caviar. Confiram as Notas do Turismo # 6. A bairrização deve partir do orgulho do morador do bairro. Eu tenho orgulho da rua Pica-pau, Rua Jade por que morei nelas. E logo estarei no jardim Ipê - que é a árvore oficial do município. Lembra?

Relembrando: o Turismo nos bairros

Esta nota foi escrita e postada em 2005. Republico. É uma oportunidade de ver o que mudou.

Notas do Turismo # 6:
O turismo nos bairros
Postada originalmente em 31/03/2005

O que eu faria se fosse secretário de turismo, - mas só tivesse 24 horas para realizar tudo o que gostaria de realizar? Em diversas entrevistas e programas de colegas, na imprensa local, eu já disse que promoveria a segmentação do setor. Mas hoje, irei mais longe e acrescentarei o conceito de segmentação do turismo por bairro.

Chamemos isso de “bairrização” do turismo municipal. Por quê? Porque embora cada um de nós viva em alguma cidade. Todos nós moramos num bairro. Nossa cama está em um bairro.

Foz do Iguaçu

Tomemos Foz do Iguaçu como exemplo. Só porque eu moro aqui. No meu projeto de bairrização do turismo, eu dividiria a cidade de Foz do Iguaçu em quatro regiões turísticas e mais o centro. Uma espécie de 4+1. Cada região teria sua grande vocação turística por ser a sede de um “atrativo”.


Região 1

Cataratas: Incluiria toda a região onde hoje se concentra o grosso do turismo. Inclui a área dos grandes hotéis, Aeroporto Internacional Foz do Iguaçu/Cataratas, Parque Nacional do Iguaçu, Cataratas, Parque das Aves e é onde tudo tende a concentrar-se. Poderia incluir a Vila Yolanda /Iolanda.

Região 2

O Grande Porto Meira. O Carro-chefe é o Marco das Três Fronteiras, o Espaço das Américas, a Avenida General Meira, A Avenida Morenitas. Os rios Paraná e Iguaçu.

Região 3

A Grande Três Lagoas que inclui o Morumbi, Portal da Foz, Três Lagoas e Avenida República Argentina. O carro chefe aqui é a BR 277, possibilidade de um Portal da Cidade, Prainha de Três Lagoas, Ruínas (vergonhosas e Lernianas) da Base Náutica, Acesso ao Lago, Limite com Santa Terezinha e Costa Oeste. Aí se encontram o Hotel Rafain Palace, o Plaza Foz, o Muffato Hotel.

Região 4

Itaipu. Inclui as Vilas de Itaipu e vizinhança, entre elas a Ponte da Amizade, a atual Favela do Jupira e toda aquela região, tudo do lado de lá da BR 277.

“Atrativos” da R4

Itaipu, Ecomuseu, Espaço Gramadão, Unioeste e Uniamérica, o ótimo centro comercial da Vila A etc.

O Centro

Seria o ponto de encontro que será, após a finalização da Avenida Brasil com tudo o que tem direito e que promete. Entendeu?

A essência - A mágica seria explorar o potencial de cada região.
A primeira coisa a ser explorada: a inteligência, os talentos locais. Como? Depois aprofundarei a idéia. Embora eu a tenha na cabeça há anos, ela (a idéia) não nasceu na minha cabeça. Peço que vocês, especialmente os turismólogos, legisladores, políticos etc façam uma leitura rápida do documento que está neste link. É um projeto ligado à educação turística e dirigido aos alunos das escolas primárias de Maceió.

Tem mais

Em Nova York (EUA), os bairros chegam a ter Convention Bureaux ou Centros de Visitantes e brigam pelos eventos. Não basta levar um evento para NY. Há que trazê-lo para o meu bairro.

Na prática

É como se em Foz, um evento que acontece no Rafain Palace fosse assumido pela comunidade da Região e seria considerado um ganho da Região 1.

Veja o site do Centro de Visitantes do Brooklyn (Bem-vindos ao Brooklyn, o Centro do Universo) e o do concorrente do Bronx. E não me diga: O bronx é o Bronx. Tudo o que existe no bairro é primeiro do bairro, depois do muinicípio. Porque quem nasceu lá sabe que a Batalha é dura.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Um meteoro voou sobre Foz do Iguaçu - experiência maravilhosa

Primeira etapa: as primeiras bolinhas que lembram fogos de artifício na calda
Olá a quem possa interessar! Eu assisti o show da passagem de um meteorito ou meteoro na terça-feira, dia 22. O evento foi registrado em vários lugares do Paraná. Foi uma  das vistas mais bonitas que vi na vida. Saí do trabalho e por coincidência decvidi descer a rua Marechal Floriano em Foz do Iguaçu. Eu normalmente vou pegar ônibus na Avenida JK e pego outras direções. Passei na frente do restaurante City Beer. O restaurante fica em um terreno grande e por isso eu tinha uma janela para olhar para o céu que estava escuro e bonito. De repente vi explodir umas quatro ou cinco bolinhas de luz vermelha. Pensei que fossem fogos de artifício. Daí pensei: fogos de artifícios notícias não explodem descendo ou pelo menos ninguèm solta fogos de cima para baixo. Na hora entendi que era um fenômeno astronômico. 
A foto da NASA ("Primeira etapa") mostra o que eu mais ou menos vi. Só que aqui as primeiras bolinhas apareciam maiores e vermelhas, uma tonalidade de vermelho morno com um brilho molhado.   Entre as "bolas fogos de artifício" e a parte que eu chamo de "ponta da flecha" - havia uma linha que não consigo mais lembrar como era. 

Penúltima etapa: a ponta da flecha (NASA)
Por fim a "ponta da flecha" que no evento que vi tinha uma explosão de cores: verde, amarelo, vermelho, violeta, azul - todas vivas, brilhantes e como se mudassem de tons assumindo tons cada vez mais vivos. Do meu ponto de vista limitado e aceditando que eu observava o meteorito - meteoro passar nos céus do terreno do City Beer, vi a ponta da flecha sumir atrás de um edifício. Me mantive ali olhando quando, de repente, veio o clarão. Foi como se a ponta da flecha tivesse explodido. No meu limitado palco de observação, eu só via metade do clarão a outra metade estava atrás do edifício. O clarão foi uma explosão não só física mas de emoções. Não houve barulho na explosão. A cor do clarão era  exatamente o amarelo que aparece na foto "última etapa", abaixo tirada pelo professor de física e astrônomo amador finlandês Asko Aikilla da rede local de observação de meteoros (fireballs). As fotos são ilustrativas 
 

Última etapa: a bola de fogo, o clarão.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

O que significa vender o Brasil lá fora? Que nível de Brasil vendemos?

Campanha Embrartur para vender o Brasil lá fora (anos 70).
Atenção: 

Esta nota foi publicada originalmente em 2003 em um provedor de blogs que fechou.  Em 2005 peguei todas as postagens do antigo provedor e colei tudo em novo blog (já da blogspot) o que o privou de visibiliodade. Pretendo resgatar mais postagens. Várias postagens falaram de "sete níveis" em várias áreas. Foi uma época em que eu estava apaixonado  pelo trabalho de Richard Barrett sobre os "Sete Níveis da Consciência Organizacional". Para mim, continuam, valendo.  

Notas do Turismo # 29
10 de maio de 2005


Hoje vamos falar sobre a “venda” do “Brasil” “lá fora”. O que é que vendemos? O que é Brasil? Por muito tempo vendemos a imagem do corpo de nossas mulheres. Ou melhor vendíamos partes ou fragmentos do corpo delas. Hoje já estamos arrependidos disso. E agora? Que vendemos?

O que é o Brasil? Vou dividir esta resposta em sete níveis: (1) Brasil Estado, (2) Brasil Nação, (3) Brasil Território, (4) Brasil Governo, (5) Brasil Povo, (6) Brasil Natureza e (7) Brasil Essência. Lembro que nada do que está escrito aqui é uma revelação divina. Parte das respostas vem de Weber. Outras de dicionários e outras fontes. Vejamos:

(1)
Estado é uma estrutura política que pretende, com êxito, o monopólio de uso legítimo da força física em determinado território. O Estado é uma relação de homens dominando homens”.
(2) Nação é o agregado de indivíduos que se encontram unidos por uma história comum, costumes, idéias, valores, conservando-se esta unidade pela consciência do povo que a forma.
(3) Território é a dimensão geográfica que abriga a instituição Estado.
(4) Governo é um conjunto de indivíduos, órgãos ou uma cúpula administrativa que estabelece leis, sentenças e promovem a sua execução.
(5) O Povo nós sabemos o que é. O povo é a alma da Nação.
(6) a Natureza – nós temos ideia do que seja. Mas para este propósito, Natureza será aquilo que não foi feito pelo homem, o seu meio, a paisagem, a orografia, a geografia, a hidrologia, a topografia, a fauna e a flora neles.
(7) A Essência, segundo o dicionário é “o que constitui a natureza de um ser, de uma coisa. O que há de fundamental. É o extrato – como no caso de um ótimo perfume. Qual é a essência do Brasil?

Com a exceção do Estado e do Governo, nós podemos vender ou incluir em nossas vendas todos os outros aspectos. O que eu vendo em turismo, vendo mas não entrego. Abro as portas para que “os outros” (os que vem lá de fora) usufruam dos aspectos de minha nação em meu território. Para que desfrutem da música, arte artesanato, literatura, monumentos, cidade, praias, florestas, rios, patrimônios naturais, culturais, intangíveis, para que mergulhem em nosso “Volksgeist” – o espírito da nação (coisa de Weber).

Mas há confusão sobre o que é Brasil. O Estado brasileiro (Federação), sua forma de governo (República), seu regime de governo (Democracia Representativa) e o sistema de administração (Presidencialismo) são todos de origem européia. Como Estado, somos filhos de Portugal e da Europa. Como “Território”, como “Natureza” somos filhos da Terra. Somos o Planeta.

Sinto, às vezes que o Brasil de instituições europeias, ainda não fez as pazes com o Brasil natural. Às vezes sinto que o Brasil da Essência foi despejado do território do Brasil República ou que o Brasil ainda não se fez carne e ainda não habita entre nós. É necessário diferenciar entre os diferentes brasis. Um Brasil onde tudo está conectado.

Muitos secretários de turismo e gente do “trade” ao retornarem de feiras internacionais, dizem: “os europeus pensam, que o Brasil só tem índio, mato e bicho”. Eles voltam nervosos. Ofendidos, com a auto-estima baixa. Por quê? Por que foram vender um Brasil europeu na Europa. Um Brasil que na Europa, não consegue competir com a Europa na sua “europaneidade”. Não deu tempo ainda para fazer do Brasil uma cópia exata da Europa (Graças a Deus). Por isso o desespero do Ministério do Turismo em querer que as Cataratas do Iguaçu sejam uma réplica de Niágara com traços da Disneyworld ou Disneylândia. Mas isso só acontece porque o brasileiro não descobriu o “Brasil”.

Antes da chegada dos europeus, o País era conhecido como Pindorama – a Terra das Palmeiras. Que palmeiras? O nome já dá uma dica. As palmeiras “pindó” ou “pindova”. Mas existiam muitas outras palmeiras: açaí, buriti, catulé, carandá Os europeus chegaram na nova terra e não enxergaram “pindovas”. Enxergaram o pau-brasil, que em 35 anos extinguiram. Creio que a diferença de visão começou aí. O Brasil milenar via o pindó. O Brasil europeu viu o pau-brasil. Daí até hoje não sabermos o que o Brasil tem!

E assim, ao ter dito estas palavras, acho que posso me dedicar ao que, realmente, desejo falar: de um turismo diferente. Não só do turismo de massa ou do eco-turismo. Mas de um ecopsicoturismo. Ou eco-turismo com espiritualidade onde gostaríamos de trabalhar os níveis 6 e 7 de nosso “Brasil”, com uma visão que parte da ecologia profunda.

Convido a todos ao “desvio” do território conhecido e que saiamos da mesmice e que conspiremos (co-inspiremos) o Holo-Brasil. Haverá mercado? Tchau!