domingo, 30 de março de 2008

Uma feirinha chamada Antiquarium





A Feira Antiquarium me pareceu ter de tudo. O que menos vi foi coisas antigas, assim no estilo mercado das pulgas que xiste em toda grande cidade. Vi livros usados, duas lojas presentes, vi empresa de aluguel de livros, é isso mesmo, conheço pelo menos duas em Foz, vi artesanato variado, vi gente, casais com filho, vendedor chamando a atenção de crianças, vi casais de namorados, vi jóvens e velhos, vi poucos turistas, e vi muita comida: beiju e tapioca, poba, pastel frito na hora, yakisoba, comida chinesa simplificada, vi produtos coloniais quer dizer queijo, doces, conservas, vinho e cachaça feitos no sítio. Encontrei o casal do chá do Espoerte que vi um dia antes na Praça da Bíblia ma região do Morumbi-Foz, não Morumbi-São Paulo.

Achei interessante que a feira a contece na pista principal da Avenida JK e que o trânsito foi desviado para a chamada Terceira Pista da JK, uma pista marginal. Isso demonstra poder. O trânsito foi mudado. Não sei se no ano que vem caso um novo prefeito e uma nova administração mande o prefeito atual e sua equipe descansar em casa - não deixa de ser um descanso merecido - não decida mexer na feirinha, mudar de nome, mudar de pista e quem sabe de rua. Mas no momento me parece que a feirinha está bem.

Se não há turista, creio que deve-se ao fato da estrutura, do modelito, do turismo atual não permitir. Do jeito que o turismo de Foz do Iguaçu está, o turista se lembra de tudo menos que há cidade, com gente querendo vender seus pastéis, seus yakisobas, artesnatos, ver crianças e gente. O turismo de Foz está caindo de cafona por não incentivar a troca de experiências. Tranquilo isso só um elogio!

Observação, se você é um visitante de longe e está se preparando para vir a Foz do Iguaçu, dê uma passadinha na Feira realizada aos domingos. Veja também a minha lista de sugestões do que fazer na Tri-Fron.

Chá do Esporte



Encontrei esta família sorridente e chinesa na Feirinha do Morumbi em Foz do Iguaçu. A feira traz para o bairro produtores rurais e artesãos para a Praça da Bíblia. Fotografando as barracas e conversando com o pessoal, descobri o Chá do Esporte feito pela família. O chá se encontra na variedade verde e preto. Um deles vem com bolinhas de sagu e o segredo é um produto natural colocado no chá. Se afirma que o chá é energético. Agradeço a amostra. Me pareceu bom.

Linda!


Parte da diversidade de Foz do Iguaçu... foto feita na feirinha de sábado na Praça da Bíblia

Feirinha na Praça da Bíblia

Rhema



A foto mostra uma das comunidades cristas de Foz do Iguacu - a Comunidade Crista Rhema que fica na Avenida Paraná pr[oxio ao Hotel Continental Inn. Rhema, em grego, quer dizer palavra. Ou seja Rhema é uma das palavras que significa palavra. A outra é LOGOS que tamb[em significa verbo. O que me chamou a atencao para esta comunidade entre as comunidades de Foz do Iguacu foi a placa que aparece na foto com citacoes em vários idiomas. Logo volto com mais informacao sobre a comunidade.
Observacao - este teclado me mata, nada de til, cedilha etc, logo ajeito!

O inglês de cada dia nas ruas de Foz



Estou fazendo esta nota porque recentemente escutei um casal de turistas brasileiros, nas ruas de Foz, falando sobre a normalidade do uso do inglês em placas indicativas de trânsito, sinalização turística e até particulares em Foz do Iguaçu. Eles não estavam reclamando. Estavam admirados. Me parece que eles estaam surpresos com o bilingüismo iguaçuense. Ouvindo isso, dei uma olhada ao redor e fiz as fotos acima. Muito bom. Gostei da reação dos turistas.

domingo, 16 de março de 2008

Cicloturismo ou bicicletando em Foz




A bicicleta é um veículo curioso. Seu passageiro é o seu motor - John Howard


Não!!! Eu não sou o bam-bam-bam do cicloturismo em Foz do Iguaçu. Devo prestar homenagem ao Niltinho ou Nilsinho fundador de uma agência de turismo chamada Cisturis que colocou bicicletas à disposição da comunidade viajante na antiga entrada do Parque Nacional do Iguaçu lá por 1990. Tenho certeza que muita gente tentou. Há na cidade também vários grupos que 'bicicleteiam' embora a cidade seja mesmo conservadora no que tem a ver com transportes. A cidade está pesteada de carros. Até eu vou comprar um fusca. Perdi!

Há o grupo do pessoal do esporte de competição com bicicletas e campeonatos liderados pelo Toninho da Bike Turbo que aparece nas fotos acima especialmente na foto mais estreita e mais recente que eu tirei na Sexta-feira da Paixão do Annus Domini de 2008. Toninho além de correr, organizar eventos esportivos ainda é uma mão santa na maecânica de bicicletas. E melhor, tenta passar adiante a tradição, introduzindo filho ou filhos na prática, oferecendo cursos de mecânica à quem deseje e fazendo manutenção.

E eu onde fico nessa? Conto agora. Em 1996 voltei de uma aventura no Pantanal onde tentei fazer uma empresa de turismo aventura chamada Ecoventuras. Não deu certo a empresa. Motivo: foi pioneira demais. Ao voltar para Foz do Iguaçu e reassumnir meu trabalho na saudosa "Gazeta do Iguaçu", trouxe cinco bicicletas Caloi Aspen - nenhuma Brastemp, mas boas. Daí consegui convidar alguns amigos para passear comigo à noite e fins de semana. Eu estava inspirado no grupo Sampa Bike da repórter Renata Falzoni e outro de Campo Grande.

Meus primeiros seguidores foram Ruth Sanchez e Fernando Martin da Martin Travel. Lembro-me que Ruth tinha uma bicicleta sem marcha, que pesava uns 10 quilos sozinha. E assim mesmo, lembro-me, ela pedalou, um dia, até o Parque Nacional Iguazú. Não é fácil fazer isso!

A repórter da TV Cataratas (RPC), Rede Globo, Sandra Regina Santos, também tinha uma bicicleta mais pesada que a da Ruth e ela também foi até o PNI. Me parece que o Fernando Martin tinha uma bicicleta também pesada, mas era meio mountain bike pois pelo menos tinha marchas. Eu emprestava as minhas bicicletas a outros colegas e amigos que queriam se aventurar um pouco. Não posso esquecer o Paulo, paulista ótimo ciclista que tinha sido do Sampa Bikes. Devo mencionar ainda a Silvana Canal, jornalista que participou em todos os passeios pioneiros desse grupo.

Foi um prazer para mim, quando logo todo mundo começou a entender de bicicleta e começou a comprar bicicletas melhores, mais leves, com peças mais resistentes. Creio que esse virus ciclístico que eu trouxe resultou na compra de mais de 30 bicicletas de preços mais altos. Daí veio a compra de equipamaments individuais: capacetes, luvas, pisca-pisca, velocímetro etc (antes eu emprestava capacetes). Um dia fomos todos de bicicleta à uma loja no Paraguai. Foi um tal de comprar luvas e bermudas. Infelizmente, minhas cinco bicicletas se esfumaçaram. Graças a variados roubos. Todas as minhas bicis foram roubadas. A última foi roubada da casa e vendida em uma favela local por 20 reais em drogas. Fiquei com muito desgosto e abandonei. Mas eu volto.

As fotos mostram que a coisa não morreu. Vejam o equipamento do pessoal! A carreta com bicicletas pertence a Martin Travel, que leva a proposta a sério e oferece a oportunidade para turistas ou melhor à comunidade cicloturística do mundo. Assim grupos de cicloturistas podem vir e deixar tudo na mão do gênio organizador do pessoal. Creio que esse passeio é o que chega mais próximo de um esforço que envolve vários segmentos da comunidade local. Bem, assim convoco a comunidade bicicleteira paranaense, paulista, carioca, brasileira em fim, e também argentina, paraguaia, uruguaia e mundial a que inclua Foz do Iguaçu na proposta bicicleteira e que venham bicicletar aqui. Um abraço! Logo coloco relatos de algumas viagens nossas. Para saber nais sobre cicloturismo organizado entre em contato com a Martin Travel. Após entrar no site clique em atividades, escolha bicicletas e região.

Confira alguns dos sites abaixo:
Bicicletada Curitiba
Clube de Cicloturismo do Brasil
Escola de Bicicleta

Exclusão: é preciso incluir o Paraguai

Paraguai! Ó Paraguai! O Paraguai é um grande ausente, grande excluído quando se fala de turismo na Tríplice Fronteira. Infelizmente, para os paraguaios, quando a maioria dos 180 milhões de brasileiros pensam em Paraguai, só conseguem lembrar talvez de Ciudad del Este. Pior, não é sequer de Ciudad del Este inteira. Pensam somente naquela região da cidade chamada de “micro centro”, onde se aglomeram as centenas de lojas dirigidas, pesadamente, para o público brasileiro.

O Paraguai é dividido administrativamente em 17 departamentos e mais o Distrito Capital (DC) que é a cidade de Assunção. Ciudad del Este é a capital do departamento do Alto Paraná. Os departamentos do Paraguai também são conhecidos por número. O Alto Paraná é o X Departamento, habitado por mais de 500 mil pessoas. O que quero dizer é que existe vida no Paraguai além do micro centro “estense” que é a região menos paraguaia de todo o Paraguai.

Na minha lista das 130 coisas que se pode ver na ou a partir da Tri-Fron (Tríplice Fronteira) muitas delas estão no Paraguai – além do micro centro – e outras que se aprofundam, departamento adentro. Além de Ciudad del Este, o Departamento del Alto Paraná tem as seguintes cidades: Juan León Mallorquín, Domingo Martínez de Irala, Hernandarias, Iruña, Itakyry,Juan Emilio O'Leary, Los Cedrales, Iruña, Mbaracayú, Minga Guazú, Minga Porá, Puerto Indio, Ñacunday, Naranjal, Naranjito, Presidente Franco, San Alberto, San Cristóbal, Santa Rosa del Monday, Santa Rita, Yguazú, Santa Fe del Paraná.

Algumas das sugestões na Lista nos levam à Ciudad Presidente Manuel Franco, normalmente chamada só de Franco, onde estão o Salto Monday, o Hito (Marco) das Tres Fronteiras e o Moumento Cientifico Nacional Moisés Bertoni; à Hernandárias - uma das cidades mais velhas das Três fronteiras (antiga Takuru Pucu)e outras só para ficar perto.

A lista recomenda visitar os Saltos Ñacunday, no Parque Nacional Ñacunday, os Indios Aché nas proximidades de Santa Rita, e outras regiões próximas à Tri-Fron. O problema é que esss passeios não são oferecidos por agências de turismo organizadas ainda. Assim, coloco aqui um telefone de um senhor chamado Amarilla que pode lhe levar a esses lugares. (45) 3572 9340 ou 8804 8671, e ainda esta semana eu volto a falar sobre como incluir o interior do Alto Paraná nas atividades turístico-culturais da Tri-Fron.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Açougues que servem à comunidade islâmica

Há poucos dias escrevi aqui sobre o Açougue Rouxi – quer serve a comunidade chinesa e coreana da Tríplice Fronteira. Hoje, apresento alguns açougues árabes que vendem carne para a comunidade muçulmana da Tríplice Fronteira. Para fazer esta nota visitei dois açougues árabes – que dizer açougues de propriedade de pessoas de língua árabe, de nacionalidade libanesa e de religião muçulmana.

Ao contrário do Açougue Rouxi, onde eu pude fotografar o cartaz trilíngüe, nos açougues árabes não há nada especial ou exótico para mostrar na área de cartazes exóticos. Pelo que entendi até agora, o que diferencia um açougue árabe não é o corte da carne. No Açougue Al-Litani ou Casa da Sfiha, a plaquinha simples na parede anunciava tudo aquilo que o brasileiro (que também é cliente) procura: picanha, filé, músculo, carne moída, carne em massa (para mini pizza),coxa e peito. O que saí um pouco do padrão brasileiro eram a lingüiça temperada de boi chamada ma’ani, o kafta e sfiha para levar.

O que diferencia a casa de carne árabe são os preceitos, regras e até leis do Islã. Aí entra uma palavra que o iguaçuense deveria incorporar ao vocabulário. É a palavra “Halal”. Halal significa “permitido”. O oposto de halal é "haram" - proibido.

O muçulmano só pode comer carne que seja considerada halal. Há uma lista de alimentos que o muçulmano não pode comer: porco, javali,lobo, cachorro, cobra, macaco etc. E Mesmo quando se pode comer um animal, o muçulmano só pode se alimentar de carne de animal que foi morto segundo as regras islâmicas. Há um ritual chamado Zabiha que orienta como deve ser o abate. "...O ritual exige que os animais sejam mortos com um corte em movimento de meia-lua no pescoço, para que não sofram e não liberem enzimas na carne na hora da morte. Qualquer muçulmano que tenha chegado à adolescência pode realizar o abate Halal, desde que, durante o ato, pronuncie o nome de Alá com a face voltada para Meca ou diga uma oração com o nome de Alá". Lei mais sobre o asuto AQUI.

A produção de alimento Halal está se tornando um assunto muito sério no Brasil. Existem organizações certificadoras de produtos halal para exportação a países muçulmanos. Uma delas é a Cibal - Central Islâmica Brasileira de Alimentos Halal que certificam produtos brasileiros como o frango, o boi para exportação.

Cataratas do Iguaçu - Vista geral

Vista Geral das Cataratas Binacionais, Universais e Cósmicas do Iguaçu / Iguazú 
A foto acima é parte de um panfleto de divulgação do Parque Nacional Iguazú. Material muito bom. Não vende o peixe de ninguém. É oficial, feito pela Administración de Parques Nacionales (APN) em conjunto com a Secretaria de Turismo de la Nación que está diretamente ligada à Presidencia de la Nación ou como diríamos nós, à Presidência da República. Assim, fica claro que este é um material financiado pelos "pesitos" pagos pelos contribuintes argentinos.

Aí aparecem as Cataratas do Iguaçu /Iguazú em uma concepção artística como se o artista tivesse voado em cima das Cataratas. Vemos muitas coisas na ilustração. A primeira é a linha de fronteira em pontinhos que deixa ver bem claramente a divisa entre os países. Se vê, ou vê-se, que a Argentina tem 80% das Cataratas e o Brasil tem 30%. Ou será menos ainda?

Em um outro blog meu, o rio Iguaçu, destaquei que 90% do rio Iguaçu pertence ao Brasil. Interessante, né. Temos 90% do rio e 10% das Cataratas. Aparecem também os diferentes roteiros para quem quer ver as Cataratas do lado argentino. Lá em cima, se vê a passarela (linha vermelha) que vai ao que eu chamo de "Salto da Grande Manifestação" e o resto do mundo chama de Garganta do Diabo. Se vê também com linha amarelada, o trajeto chamado "passeio superior" que permite uma visão fantástica das Cataratas, de cima e de perto. É o estar nas Cataratas.

Por fim, há um trajeto com linha violeta-azulada, que é o que na gíria turística se chama de passeio inferior. Trilha bem complexa e que pode incluir a Ilha de San Martín. Clicando na foto, você poderá vê-la, geralmente, maior. Não deixe de pegar esse material pago pelos contribuintes argentinos. Há muita informação neutra e sobre o funcionamento do Parque Nacional del Iguazú. Há informações também sobre passeios no interior do parque como Trilha (sendero) Macuco e outros. O material original é bem maior que o que aparece aqui. Ficaram fora informações da área do Hotel Internacional que para mim é um prédio horrível.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Adeus Vila Portes! Repeteco Previsível!



Olá, iguaçuenses homens e mulheres, neste blog gosto de publicar coias que ajudem a aumentar o orgulho dos moradores de Foz do Iguaçu pela sua cidade. Foz do Iguaçu tem muita coisa que encheria a cada iguaçuense de muito orgulho. Mas definitivamente, entre as coisas que o iguaçuense pode ter orgulho, não se encontra os políticos locais. Bem, os políticos brasileiros em geral, e com exceções mui raras, podem provocar orgulho em alguém. Isso no Brasil. Em Foz do Iguaçu, a exceção sendo somente aquelas ligadas à amizades pessoais, é raríssima. Inexistente.

A maioria ou melhor, deixe-me deixar de ser hipócrita, todos os políticos iguaçuenses têm se comportado como verdadeiros "guias cegos". Ora, não me interprete como preconceituoso com os deficientes visuais. Estou retirando uma frase da Bíblia. Foi Jesus quem disse: Ora, se um cego guia outro cego, os dois cairão num buraco”. (Mt 15,14). Assim qualquer protesto dirija-o a Jesus. Mas é isso o que aconteceu a Foz do Iguaçu. A cidade, guiada por cegos, caiu em um buraco. A cidade está falindo, fechando, sucumbindo e os guias não conseguem ver, e sendo cegos, não conseguiram prever. E como continuam a ser cegos, continuam a não ver para prever.

Primeiro foi o Jardim Jupira - onde todas as portas fecharam e Foz do Iguaçu conseguiu ter o primeiro bairro fantasma. Depois foi o Porto Meira e região de influência argentina. Agora é a vez da Vila Portes. Passei por lá. Caiu a desolação na região. A foto mostra uma entre dezenas, centenas de propriedades fechadas - com placas que dizem "aluga-se". Está registrado meu protesto contra a classe política que não previu, não prevê, não previrá. Pelo contrário será pega de calças curtas todas as vezes, ou seja quantas vezes forem necessárias.

E agora?

Vende-se galinha na Vila Portes



O cliente da Vila Portes sumiu. Vi muitas lojas fechadas. Ruas, vazias. A multidão, sumida. Me alegrei em ver que essa loja que expõe galinhas na Avenida José Maria de Brito, ainda está lá, cocoricó aqui, cocoricó lá, tocando a vida prá frente. Parece que ainda há clientes para essa loja. Pelo menos, até não chegar um boato de gripe-galinácea, aviária, passarínea ou qualquer outra. A Vila Portes, quando se for, vai deixar saudade. Não existia no Brasil, ou melhor, não existe ainda, um lugar parecido com a Vila Portes. Tudo se acha lá. Mas fazer o quê? O que a cidade faz para evitar a morte desse trecho da cidade? Há alguma providência? Há remédio? Como revitalizar? Como reorganizar? Para isso existe administração.

Portunhol de chinês da Tríplice Fronteira


Você acaba de chegar na Tríplice Fronteira. Tríplice Fronteira é um termo que eu evito porque, graças, à imposição policial mundial, esse termo está associado ao trambique internacional - isso quando se está falando bem. Quando é para aumentar lenha à fogueira da confusão, Tríplice Fonteira está associada a todas as espécies de pecados desde o terrorismo, à lavagem de dinheiro, contrabando, descaminho, tráfico de pessoas e o que você quiser imaginar. Mas isso é problema de polícia.

Eu quero falar de coisa bem mais leve. Agorinha eu lhe apresento o portunhol chinês. Sempre existiu o portunhol brasileiro-argentino, o argentino-brasileiro, brasileiro-paraguaio e assim sucessivamente segundo a fronteira. Mas agora, recentemente, acabamos de acrescentar à lista da variedade lingüística, o "portunhol sino-brasileiro-paraguaio-altavista-babelfishian-espanhol". Quer dizer é o portunhol utilizado por chineses de Ciudad del Este, utilizando programas de tradução como o - Babel Fish da Alta Vista. O resultado é o que você tem o privilégio de ler no Outdoor ou placa ao ar livre, acima.

Para piorar as coisas, quem fez a placa é possivelmente um brasileiro iguaçuense falante de portunhol. No fim, não deixa de ser uma obra de arte! O argentino querendo dizer " eu conheço o Brasil" diz "eu conhóiço o Brasil", o brasileiro portunhol-falante diz "io coneço la Argentina".

terça-feira, 11 de março de 2008

Esse é o Portal de Entrada de Foz do Iguaçu




Uma vez existiu uma órgão brasileiro chamado Departamento Nacional de Estradas e Rodagens - DNER. Um dia, em alguma época, a BR 277 foi concluída. A BR 277 liga Paranaguá via Curitiba até Foz do Iguaçu. Há um lugar na BR onde o motorista vê a primeira entrada para Foz do Iguaçu. Há uma placa que avisa, entrada para Foz do Iguaçu pela Avenida Costa e Silva. Logo à frente, o DNER, em uma área redonda, muito parecida com um parque de entrada, um trevo muito bem planejado, plantou umas palmeiras chamadas cientificamente de Syagrus romanzoffiana e popularmente conhecidas como pindó ou jerivá.

O DNER construiu uma base de pedra utilizando pedras balsáticas que se pode dizer típicas da região e ligadas ao último capítulo geológico de extravasão magmática da história do Planeta. Vem da época em que a região estava começando a deixar a Pangéia, os continentes se criavam e faltavam uns 60 milhões de anos para a futura extinção dos dinossauros.

Em cima dessas pedras alta e geologicamente históricas, o DNER, que hoje já se extinguiu, (passou a chamar-se DNIT) colocou umas letras com algo parecido a DNER - Bem Vindos a Foz do Iguaçu. Logo, a região passou a ser vítima do esquecimento de um país, de uma cidade e até de um povo. O sinal mais visível, a partir dos anos 90, foi a gradual queda das letras. Ninguém consertava. De letra em letra caiu o Bem-Vindo. Restou o Foz do Iguaçu. mas mesmo asism, o Foz do Iguaçu continuou a perder letras. Um dia passei por lá e só havia "oz do Iguaçu". Caiu o "F". Depois caiu o "I". Sumiu o "do".

Outro dia passei por lá e restava somente "GUAÇU". Mas ninguém viu que o nome da cidade estava sumindo. Um dia vi que só sobrara o "ÇU". Daí caiu o cedilha. O cedilha é uma coisa que incomodava a muita gente. Sem o cedilha sobrou o "CU". Pensei que a partir do "CU" se começaria a reconstrução da palavra de maneira retroativa. Mas não aconteceu. Caiu o "C". Ontem, fui ver o que havia acontecido com o "U". O pobre está lá, No chão como a foto lá de cima mostra. Restaram ferros retorcidos. Ao lado do que restou do "U", uma tigela com restos de um despacho de terreiro. Pelo menos alguém reconhece que este lugar é encruzilhada importante.

Rouxi: Um Açougue chinês de Foz





Bem, não é bem um açougue chinês. É um açougue internacional. Diria que é um açougue sino-coreano-brasileiro, para dizer o mínimo. O nome dele é Rouxi e fica na Avenida Juscelino Kubitschek em Foz do Iguaçu. Pelas tabelas bilingües pintadas com letras vermelhas sobre um fundo branco na parede do açougue iguaçuense, a gente vê que a clientela alvo é coreana, chinesa e brasileira. A placa que aparece primeiro está escrita em coreano e português.

Espero que você não seja daqueles ou daquelas que não conseguem ver a diferença entre coreano e chinês. As letras do coreano são agrupadas de maneira a que o produto final apareça mais quadradinho. A placa chinesa é a de baixo e exibe letras mais complicadas - com muito mais traços que a coreana. Bem, aqui eu não estou escrevendo para explicar os alfabetos - eu tenho um blog para tratar de assuntos lingüísticos que se chama Idiomas e Diversidade - mas mesmo assim creio que não tenha nada sobre o alfabeto coreano agorinha.

O que eu quero destacar aqui é o açougue que serve a duas etnias da Tríplice Fronteira ou Tri-Fron. Sempre destaco que há diferença entre etinias e nacionalidade. Coreano e chinês são etnias. Eu diria que 99% dos chineses são de etnia Han. O alfabeto acima é o alfabeto nacional Han. Existem chineses que não são Han. Han é uma entre as 56 etnias da China que incluem os uigur, hui, yi, tibetanos, mongóis, miao, puyi, coreanos e cazaques. Agora nos concentremos na coisa que me chamou a atenção: os cortes de carne.

Desde que vi a placa pela primeira vez, há uns quatro anos, me encuquei com a tripa da vida, com o garrão e o testículo. Até hoje não sei qual é a tripa da vida. Isso me soa bem - existe uma tripa da vida. Destaco que a gastronomia testicular não é coisa de chinês. O testículo é usado no churrasco gaúcho, na cozinha nordestina e em todo o mundo. Creio que o item de número 23, a barriga, tem um detalhe muito interessante em chinês. Não leio chinês-chinês, mas como estudei japonês, e como o japonês usa a mesma letra chinesa até certo ponto, consigo identificar o que quer dizer. Vejo alí os kanji(s) ou Han zi (letra Han-Chinesa), para Cinco, Flores e Carne. Então barriga ali quer dizer Carne das Cinco Flores. Legal, né?

Este açougue é muito interessante e entra na minha lista de coisas interessantes da Tri-Fron. Se os nomes das carnes estão traduzidas para o português, isso revela duas coisas, temos muitos coreanos e chineses que já não lêem as duas linguas e, segundo, que o açougue está aberto para brasileiros. Quando visitei o açouge para fazer as fotos, havia alí uma equipe de três pessoas. Um loiro, possivelmente de descendência alemã-gaúcha, um chinês Han e um brasileiro de descendência não claramente identificada por mim na hora. De repente de descendência nordestina, ou italiano sulista.

Na placa, a palavra "garrão" me parece influenciada pelo nosso Sul e pela "colônia". Vejo muita gente pela área rural onde ando pregando turismo sustenstável e presevação das culturas, linguas, e meio ambiente que a palavra garrão é usada como substituto para calcanhar. Já vi muita gente que não conhece a palavra calcanhar. Vi certa vez uma moça me dizer que estava com uma dor no garrão. Eu fiquei meio desorientado tentando lembrar onde ficava o garrão.

Assim, em um simples açougue iguaçuense vejo dicas para explorar um monte de coisas. O próximo passo, é dar a seguinte receita de testículo, uma entre muitas, retirada do site do blog Prato Feito:


Corte 12 testiculos de boi em 8 pedaços cada um, lave bem, seque e separe. Bata o 1 colher e meia de sopa de sal com o 6 dentes de alho no liquidificador.

Coloque os pedaços de testículo numa tigela de vidro e tempere, deixando durante 24 horas.

Depois, coloque no 1 litro de vinho branco seco misturado com 1 colher e meia de sopa de vinagre de vinho branco e deixe por uma semana em geladeira.

Na hora de preparar, retire e frite-os em azeite bem quente até que fiquem macios.

Na hora de servir, regue com um azeite de oliva e salpique uma porção generosa de
alho frito.