sexta-feira, 5 de maio de 2017

O Satélite Brasileiro SGCD I já está no espaço

O Satélite Geoestacionário de Comunicação e Defesa (SGCD) já está no espaço. Ele foi o passageiro número um do Voo Ariane (VA) 236 com destino ao espaço. O segundo passageiro foi o satélite Korea Sat-7.  Não vou entrar em detalhes sobre o voo porque, como acompanhei tudo de Foz do Iguaçu pela transmissão oficial, há fontes melhores como a Agência Brasil e o site Telesíntese, só para dar dois exemplos. O que me interessa é a parte emocional, humana do   lançamento, aquela pressão no estômago que denuncia uma vontade de virar  gastrite além da alegria de ver o lançamento e compartilhar do sentimento de quem estava lá envolvido ou envolvida como parte interessada e participante do projeto.           

Na tela do computador se via que o céu sobre o espaço-porto de Kourou,  45,8 quilômetros de Caiena em linha reta, estava 'amazonicamente' nublado. O foguete Ariane V que levaria os dois satélites para o espaço estava lá, imponente, de pé e silencioso. Dois urubus faziam voos arredondados  ao redor da área de lançamento e pareciam estar mais altos que as torres e o Ariane V. São urubus franceses, protegidos pela lei local, devem ter autorização.  Aquele silêncio, estava acompanhando via computador cujo som foi cortado, eu não podia evitar de pensar no pior. 

Momento de roer unha
Urubu e voos motorizados, lembranças do ônibus espacial Challenger em 1986, traumas de Alcântara, lembranças da crise social (greve geral) no departamento francês de ultramar que ainda não foi completamente  apaziguada, tudo me fazia ficar apreensivo. E vendo a plateia sentada na área de controle da missão,  eu podia ver muita gente roendo unhas - quer dizer, não sei se realmente roíam unhas ou não, mas estavam com as pontas dos dedos na boca. Daí por telepatia, eu comecei a roer as minhas também. O estômago começou a dar sinais de apreensão. O estômago, é uma espécie de sub cérebro abdominal, como dizia Waldo Vieira. Continuei assistindo pensando com o meu sistema sub cérebral.
 
Pausa da seção "roer unha"
Se foi casualidade, não sei. Vi uma fumaça branca saindo da metade superior da torre que sustentava o Ariane. Era uma fumaça como se fosse produzida por vaporização de água. A Câmara interrompeu o "close" que fazia da fumacinha branca e passou a mostrar uma panorâmica da área da base com o Ariane à distância. Alguns minutos passaram e veio o anúncio na tela em francês, inglês e português avisando que tinha havido um 'alerta vermelho' e que a transmissão seria descontinuada até que houvesse mais informações detalhadas. Creio que esse limbo deve ter feito muita gente voltar a roer unhas com mais ímpeto decisivo. Cada um segundo o seu idioma. Brasileiros,franceses e coreanos - todos com interesse especial na operação, roíam as unhas em seus idiomas. 

 SGCD - Korea SAT:  Foto Confraternização Parabéns

A transmissão voltou de supetão. Não esqueça que eu não tinha audio à disposição e perdi a finalização da contagem regressiva. Já peguei o lançamento nos primeiros sete segundos. A partir daí entrei no estágio de euforia, vibrava como se o projeto tivesse sido feito por mim. Me dediquei a acompanhar a trajetória do foguete pelo monitor e ver como  os números ligados à altitude, distância e velocidade aumentavam enquanto ele atravessava o Oceano Atlântico, a África  até que, em cerca de meia hora,  já estava voando por cima da Índia e daí destino atingido.

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