Tudo aconteceu muito rápido. Da noite pro dia, como se em um abrir e piscar de olhos, todos paramos de chamar a região onde vivemos de "Três Fronteiras" e passamos a usar o termo (policial) "Tríplice Fronteira". Em vários trabalhos meus, tenho tentado desestimular o uso deste termo, mas eu mesmo tenho usado. Por exemplo quando digo "Que fazer na Tríplice Fronteira". O que quero destacar aqui é que o termo Tríplice Fronteira é uma "construção simbólica pejorativa e exógena". Abaixo, você vai ver (ou ler) um trecho do estudo do Ipardes: Vários Paranás, Oeste Paranaense: o 3° Espaço Relevante. Especifidades e diversidades.
Confira e pense sobre o assunto:
"Por muitos anos, o símbolo dessa região transfronteiriça eram os marcos das Três Fronteiras: obesliscos situados em pontos dos territórios, de onde se pode avistar porções dos três países, assim como a confluência dos rios Paraná e Iguaçu. Ícone de um período de entrelaçamento de relações amistosas, esses marcos deixaram de ser objeto de visitação obrigatória. A própria expressão que os denomina - Três Fronteiras - aos poucos foi substituida por "tríplice fronteira".
Se, em princípio, essa mudança apresenta ser uma simples referência à sinonímia, estudos demonstram que, buscando suas origens, percebe-se que ela decorre de uma sutil, lenta e elaborada construção simbólica, provavelmente menos ligada à concepção dos moradores da região sobre ela mesma e mais afeta uma construção exógena, introjetada no imaginário local". (Página 61 do estudo).
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