O voo no Aeroporto de Puerto Iguazu atrasou. Temia não conseguir chegar a tempo à fronteira. Finalmente chegamos à estrutura de migração e aduana na margem argentina do rio Iguaçu. Fiz saída do grupo na guarita da Gendarmeria. Eram mais de 30 passaportes. Eu era guia da Gatti Turismo. Atrás de mim, uns 35 cubanos que haviam fugido do Cuba e escapado para Miami. Já estavam a ponto de requisitar nacionalidade americana e eram todos residentes legais. A noticia de que havia 35 cubanos na fronteira caiu como uma bomba. Eu tinha em mãos os 35 documentos de viagem deles. Não era passaporte. Era um “Lassez Passer” (deixe Passar) dos EUA. Na capa se lia “Permissão de Reentrada aos EUA”.
Finalmente cheguei à estrutura da Polícia Federal na Avenida General Meira. Isso após atravessar o rio de barco à noite, subir o barranco com malas, carregar o ônibus, embarcar os pax (passageiros) e continuar o caminho. Foi um choque para os policiais que já se preparavam para fechar o posto. Se fossem cubanos com passaportes cubanos vindo de Cuba – a coisa seria complicada. Não me lembro bem o que aconteceu. Posso ter ouvido um “só amanhã”. Daí eu teria que voltar com todos para Puerto Iguazú. Argumentei calmamente que os documentos eram propriedade dos EUA e não de Cuba por isso seus portadores estavam sob a proteção dos EUA e tecnicamente não eram cubanos. Fui informado que teria que ir ao Centro para fazer algum procedimento inclusive uma lista de passageiros.
Segundo o site da Policia Federal, e no caso brasileiro, o laissez-passer (passaporte marrom na foto) é “um documento de viagem concedido ao estrangeiro portador de documento de viagem não reconhecido pelo governo brasileiro ou que não seja válido para o Brasil, expedido por países com os quais não se mantém relação diplomática”. O Brasil dá laissez-passer para cidadãos de vários países entre eles Taiwan, Butão, Ilhas Comores e a República Centro Africana. No caso dos cubanos – eles viajavam com um laisses-passer americano porque os EUA não reconheciam nem Cuba, nem o documento, o governo ou regime de Cuba.
Sei que na estrutura de fronteira não consegui resolver o problema. Tive que ir a PF no Centro de Foz – (na esquina da Avenida Brasil com Avenida Jorge Schimelpfeng). Finalmente foi decidido que o problema seria resolvido no outro dia pela manhã e assim meus cubanos foram para cama, naquela noite, como bons ilegais sem poder sair do hotel. Pela manhã resolvemos tudo. Se visitou as Cataratas do Iguaçu e depois eles prosseguiram a viagem. Só lembro dessa experiência naquele posto porque fiz a postagem anterior. Daí a lembrança surgiu. Aproveito e coloco fotos ligadas ao laissez-passer.
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