sábado, 11 de agosto de 2012

Turismo, eco-turismo ou eco-terrorismo? Inspirado em Anita Pleumarom da Tailândia

Tradução e notas de Jackson Lima, blogueiro, bacharel em comunicação e jornalista interessado no fenômeno humano conhecido como "o turismo". Abordo este tema pois Foz do Iguaçu passa por um dilema que necessita ser discutido tanto local como nacionalmente. No meu ver, a fachada ecoturística implantada na área de visitação do Parque Nacional do Iguaçu, se aproximará ao eco-terrorismo, e à eco-injustiça nos próximos dias.O que quero dizer é que para mim o ICMBio está fazendo turismo convencional escondido por trás de uma máscara ambiental.   

O turismo no Brasil bombou a partir de 2003 quando o presidente Lula criou o Ministério do Turismo. O Turismo cresceu, passou a ser coisas mais séria, com verba própria, com verba para investimentos em infraestrutura e com autonomia nunca vista antes em turismo no país. Eram as abordagens técnicas como as de escolher os destinos indutores e preparar o Brasil para o turismo. Daí vieram os grandes eventos o que colocou o turismo na pauta. Infelizmente isso nos levou a uma situação interessante: o turismo deixou de ser discutido. É como se tudo estivesse sido feito e que não devemos nos preocupar porque tudo está nas mãos dos especialistas. Escrevo esta nota para lembrar que o turismo ainda merece e precisa de muita discussão e ainda é uma área que necessita de ativistas, cada ativista na sua linha de ação. Agorinha estou pensando em uma alemã chamada Anita Pleumarom fundadora da organização T.I.M-Team (Tourism Investigation and Monitoring Team) com sede em Bangcoc, Tailândia e que monitora o turismo na região da desembocadura do rio Mekong, na área de influência da Tailândia, Vietnã, Burma (Birmânia / Myamar), Malásia e Singapura com ligações também com turismo do Sul da India. É a região PATA - Associação de Agentes de Viagem da Asia e Pacífico) Tendo feito a apresentação de Anita Pleumarom, apresento o primeiro texto dela traduzido livremente por mim. 

Turismo, eco-turismo ou eco-terrorismo


A tendência de apresentar o eco-turismo como sustentável,  baseado na natureza e no meio ambiente, está sendo agora  objeto de considerável controvérsia. É o subsetor de crescimento mais rápido da indústria do turismo com uma média anual estimada entre 10-15%. Governos, bem como a indústria do turismo promovem o eco-turismo destacando reivindicando para si sua sensibilidade econômica e social. Mas há preocupações bem fundadas de que a afirmação carece de fundamentos científicos adequados, e que pode não ser viável como uma solução para problemas sociais e ambientais do mundo. O Eco-turismo é uma eco-fachada.

Particularmente preocupante é o desvio da abordagem de questões cruciais na promoção do “eco-turismo”, quanto à economia global e a brecha crescente Norte e Sul (países ricos e pobres), particularmente nos países do Terceiro Mundo. Importantes questões sociais e políticas, como a má distribuição dos recursos, as desigualdades na representação política e poder, e o crescimento dos padrões de consumo insustentáveis são marginalizados ou ignorados.
Ambientalmente arriscado - O Eco-turismo pode parecer benigno, mas um dos seus impactos mais graves é a expropriação de 'territórios virgens - parques nacionais, parques naturais e outras áreas selvagens  - que são embalados para eco-turistas como uma opção verde. Eco-turismo é altamente centrado no consumidor, atendendo principalmente às sociedades urbanizadas e aos estilos alternativos de vida da nova classe média. Na busca de lugares intocados (off the beaten track) do turismo de massa, os viajantes já abriram muitos novos destinos.

Sem benefícios locais - Diversas atividades sociais e econômicas locais são substituídas por uma monocultura de eco-turismo. Ao contrário das alegações, as populações locais não necessariamente se beneficiam desse turismo ecológico. A geração de empregos relacionados ao turismo é exagerada / sobrevalorizada.: Os habitantes locais costumam ficar com empregos de baixa remuneração de serviços, tais como guias de turismo, carregadores,vendedores de alimento e  lembranças. Além disso, eles não têm a garantia de emprego durante o ano todo: os trabalhadores podem ser demitidos durante o período de baixa temporada. A maior parte do dinheiro, igual ao turismo fica com as companhias aéreas estrangeiras, operadoras de turismo, e desenvolvedores imobiliários que repatriam os lucros a países economicamente mais avançados.

Devastação romântica - Alegação de que o eco-turismo preserva e reforça a cultura local é muito hipócrita. Os grupos étnicos são vistos como um trunfo importante para atrair visitantes; um pano de fundo exótico para a paisagem natural e vida selvagem. O romantismo e a devastação simultânea e das culturas nativas é uma das ironias do eco-turismo.

Dada à falta de histórias de sucesso, e indícios suficientes dos efeitos adversos graves, os atuais investimentos enormes em termos de eco-turismo são equivocados e irresponsáveis. É necessário pesquisa, educação e informação para os turistas para contrabalançar a dês-significação  das culturas locais.

Este artigo foi extraído de um documento de informação apresentado à Associação Alemã de Economia Política, Abril de 1995. Anita Pleumarom é mestre em geografia e ciências políticas pela Universidade Livre de Berlim / coordenadora do TIM-Team. Click here for original though abridged English text! Para outros textos críticos ver e TWN - Third World Network. Aqui tem outra tradução minha de um texto de Anita.

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