Se Foz do Iguaçu não vai para o mundo, o mundo vem para Foz
do Iguaçu. Desta vez me refiro ao II Fórum Mundial de Desenvolvimento Local.
Vieram para Foz 4.291 pessoas de todo o Brasil e de mais 58 países. Houve o
evento principal nas dependências do Hotel Mabu com alguns painéis sendo
realizados no Hotel Vialle, na mesma Avenida. Paralelamente, o SEBRAE organizou
a 1ª Mostra Brasil em Movimento que expôs resultados do Programa Territórios da
Cidadania. São histórias de “territórios” organizados por atividades com base
no trabalho artesanal e que ajuda a gerar renda e emprego. Em muitos desses
locais, a maioria dos participantes são pessoas que já estiveram no programa
Bolsa Família. Mas nem sempre. Havia gente que só precisava de apoio.
Eduardo José de Melo, produtor de queijo minas artesanal –
produto elaborado com leite cru sal, pingo e coalho na Fazenda Vitória na Microrregião
Serro ou seja um território com 11 municípios com cerca de 1300 produtores do
queijo minas. O queijo minas não é qualquer queijo. O saber e o processo artesanal
de fazê-lo foi tombado como patrimônio imaterial brasileiro pelo ISPHAN. O
queijo minas artesanal quase foi proibido pelo Ministério da Agricultura por
ser feito com leite cru. Se existe um queijo-patrimônio foi graças ao
ex-presidente Itamar Franco. Foi ele que passou para o Instituto Mineiro
Agropecuário a missão de fiscalizar e certificar o queijo. “Temos uma série de
regras. Só posso fabricar o queijo com o leite de minhas vacas, não posso
comprar leite fora. O gado tem que está vacinado e o queijo certificado”,
explicou. Sobre a técnica, ele diz: “É coisa de pai para filho. Meu bisavô
passou para o meu avô que passou para o meu pai”, explicou. Hoje milhares
pessoas em Minas vivem do queijo.
O Grupo de Mulheres de Economia Solidária de Belém do Pará
produz peças artesanais com fibras, casacas, sementes e pedras da Amazônia.
Conversei com Maria Gercina Araújo. Entre os produtos que ela me mostrou
estavam jóias como colares e anéis feitos da casca da “jarina”. Recomende que
caso você não conheça a jarina, pesquise no Google Imagem. Você vai descobrir o
que é diversidade. Havia também jóias de paxiuba – madeira de uma palmeira que
na Amazônia serve para tudo.
No aglomerado onde estava Maria Gercina, havia também trabalhos
com o leite da seringueira. O trabalho é feito pelas Mulheres Seringueiras da
Associação Paulo Fonteles da Baia do Sol em Mosteiro (PA). É o que você vê nas fotos onde aparecem uma
folhas verdes grandes. Um terceiro grupo de mulheres do Pará é a Rede Feminista
de Eco-solidariedade. Ainda do Pará, Gercina me mostrou o trabalho de um
remanescente de quilombo na região de Moju. É a cerâmica refratária mojuense
oferecida na forma de bandejas, panelas de barro e outros vasilhames. Quem
estava representado o trabalho mojuense era Raimundo Magno – coloco o contato
abaixo.
Uns dez passos do estande do Pará, estava o espaço de
Alagoas – onde, de novo a presença das mulheres era marcante. Foi a vez de
conhecer Edilene Maria Farias Xavier presidente do Instituto Bordado Filé que
congrega mulheres bordadeiras do bairro maceioense de Pontal da Barra e da
cidade de Marechal Deodoro. Ao lado das mulheres do Pontal da Barra de Maceió,
estavam as mulheres da Associação das Artesãs do Pontal do Coruripe. As
mulheres coruripenses trouxeram trabalhos feitos com palha de uma palmeira
chamada de ouricuri. Um bom exemplo do trabalho é a mandala que registrei numa
das fotos nesta postagem.
José Roberto da Fonseca é diretor presidente do Instituto
Ecoengenho com sede em
Maceió. Fonseca estava participando na área de exposição
tecnológica da Itaipu Binacional como convidado especial. O Ecoengenho comanda
um trabalho com os extrativistas de pimenta-rosa da foz do Rio São Francisco na
região que envolve Piaçabuçu e alguns municípios de Alagoas e Sergipe no outro
lado Rio.
Udete Biasi Kerschbaumer de Joaçaba, Santa Catarina era uma
das expositoras da Mostra Brasil. Depois de ver trabalho em jarina, paxiuba,
ouricuri fiquei admirado com o trabalho dela. Perguntei: que fibra é usada para
fazer essas flores? Ela respondeu: palha de trigo. A Udete é membro da
Associação de Artesanato Tranças da Terra
A Itaipu Binacional uma das responsáveis pela Captação do
evento, também participou da exposição. Produtores da região conhecida como
Bacia do Paraná 3 e parte do Programa Cultivando Água Boa que envolve 39
municípios trouxeram produtos de programas como Vida Orgânica, Plantas
Medicinais e Sustentabilidade Indígena. A Itaipu apresentou protótipos de VE –
veículos elétricos que vão desde 4x4, caminhões, automóveis de vários modelos
até modelo que lembra um patinete.
O SEBRAE anunciou que a Mostra em Foz foi um sucesso e que já
está pensando numa segunda edição. Se você quer fazer negócios e trazer alguns desses produtos
para a sua loja, restaurante ou outro estabelecimento aqui vão alguns contatos:
Grupo de Mulheres Solidárias – Amazônia Design. Mtaria
Gercina (91) 8230 3221. Outras mulheres do grupo: Maria Beatriz de Lima, (91)
8858 0978; Rosalina de Nazaré da Silva (91)
8213 9930. A
associação fica na Avenida João Paulo II, 1437.
Cerâmica Rrefratária Mojuense – Raimundo Magno (91) 9211
5822. O e-mail é: rm_mojuense@yahoo.com.br.
Queijo Minas Artesanal Microrregião Serro (38) 9890 1444 /
(37) 9153 0040 ou ainda (37) 9153 0041. edufazvitoria@hotmail.com.
Associação de Artesanato Tranças da Terra – Joaçaba, Santa
Catarina
Veja as fotos na postagem anterior ou aqui. Já coloco as legendas !!!
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