sábado, 18 de janeiro de 2014

Blog de Foz no litoral catarinense: O Mercado Público de Itajaí

As paredes internas do Mercado do Peixe serviram para mim como um curso rápido em "Itajaiologia". Cartazes e pequenos anúncios dão uma ideia do que acontece na cidade. Descobri que em dezembro houve uma audiência pública para discutir projetos para aprofundar a dragagem do canal e aumentar a área de manobra dos navios. Entre as placas e anúncios havia outras que lembravam o consumo correto de lagostas, outras anunciavam festas, outras ofereciam empregos com ou sem experiência e várias contribuíam com conteúdos para a celebração da 5ª Semana do Pescador. 

As placas continham pensamentos e lembranças de pessoas como jornalistas, transcrições de jornais e outros profissionais. Foi aí que descobri o dono do Box 18, Ari Novaes apelidado de "o bom". O Bom lembra que parte do Mercado foi a rodoviária quado a cidade tinha 60 mil habitantes. Automaticamete comecei a procurar o Box 18. Encontrei o Ari, conversamos um pouco e pedi permissão para tirar uma foto. 
Ari Novaes, o dono do Box 18 


"O primeiro mercado do Peixe era na beira do rio Itajaí-Açu,ali onde esta hoje a capitania", explicou. Continuei andando e logo os comerciantes já me chamavam. Minha filha que mora em Itajaí estava em um dos boxes procurando camarão seco. Quado eu a encontro, a senhora do box acena, com um super sorriso. Me dirijo a ela que me diz: O senhor é o rapaz do blog? Respondi que sim mas perguntei, qual blog? Eu tenho vários. Ela disse, o blog da regata! Aí descobri que havia uma regata. Descobri que Itajaí é a terra das regatas. Nesta série de postagens que reportam sobre minha passagem por Santa Catarina, haverá pelo menos uma sobre regatas: O Blog de Foz e as regatas de Santa Catarina.        

Mercado Público - Mercado do Peixe com o chafariz de 1917
O Mercado tem pelo menos três ambientes diferentes. O Mercado do peixe aonde as pessoas se dirigem para comprar peixes, mariscos, camarões, lulas, mexilhões, lagostas, polvos rodeado de pequenas lanchonetes e lojas de artigos de cozinha como temperos variados, produtos japoneses e até pequenos peixes e camarões secos. Comprei 250 gramas de um camarãzinho seco e já o tinha comido, cru mesmo com cerveja, antes de chegar em casa. A cerveja foi a Devassa (litrão) – nunca tinha visto.  Há uma área de restaurante e lanchonetes maiores. Há até a possibilidade de você comprar o seu peixe ou marisco e trazer para um dos restaurantes e lanchonetes e eles preparam para você. Sai barato! O garçom (mozo, mesero, waiter)  me explicou que se cobra uma taxa para preparar o peixe. Algo como R$ 15,00 – talvez um pouco mais.

Uma vista algo rara para quem mora no Extremo Oeste seja do PR, SC ou RS 

. A outra área é dedicada a lojinhas de artesanato. Há muita coisa bonita. Incrível.  Voltarei sempre. O mercado me conquistou. Minha filha contou que quando um transatlântico atraca no porto, há um intercâmbio de exploração. Os viajantes lá do alto nos decks do navio se põem a acenar, fotografar e curtir a visão da cidade, do povo que passa a pé, caminhando, de carro. Não deixa de haver carros que buzinam para os passageiros que retornam a saudação com gritos. No lado da terra, sentados nas cadeiras dos bares do Mercado Público, ou em outros locais da redondeza, o povo local acena de volta. Há poucas ocasiões onde isso acontece. O turista consome você – visualmente é claro. E você pode consumir também visualmente tudo o que você vê. Para acompanhar no Facebook.
 
Nota de 2021: O seu Ari, O Bom morreu!
O presidente dos Estados Unidos tinha acabado de matar uma autoridade iraniana que visitava o Iraque. Eram os primeiros dias de 2020. Que maneira de começar o ano! Eu estava em Navegantes, ao lado de Itajaí. Fui ao Mercado Público para revisitar o espaço que continua o mesmo. Claro que tudo isso foi antes da Pandemia que já estava a caminho. Fui em vários boxes e conversei. Eu tinha uma lente grande angular no celular. O rapaz de um bosque me chamnou e disse que queria comprar uma e perguntou como funcionava. Eu, perguntei, por que não tiramos uma foto? Tiramos várias. Em seguida fui ao box do Seu Ari. Não achei ele. Fiquei sem jeito. Havia uma jovem senhora. Eu expliquei. Eu disse: eu tenho um blog e já fiz reportagem aqui e creio que aqui conversei com um senhor. Ela me respondeu: eu sei, eu conheço você. Eu vi as postagens. Disse que adorou. E me deu a notícia: meu pai morreu! Daí eu não soube o que dizer. Sei que todo mundo morre. Mas senti falta daquele senhor que ficava em pé, em um canto do galpão do Box 18. Fui muito feliz em conhecer o seu Ari! Compartilho a falta que ele faz à família. Obrigado Sr. Ari, "o Bom" por ter conversado comigo.     

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