República del Guayrá, da coroa espanhola, fundada em 1554. Bandeirantes a desocuparam para garantir expansão portuguesa no que veio a ser Paraná |
Missão jesuíta de San Miguel no Tibagi (PR) foi levada para o Rio Grande do Sul. Portal da cidade gaúcha de São Miguel das Missões |
As missões jesuítas no atual Paraná, ex-Guayrá eram, começando do norte: Loreto e San Ignacio Mini. Às margens do Rio Tibagi estavam as reduções: San José, San Francisco Xavier, Nuestra Señora de la Encarnación e San Miguel. No rio Ivaí vemos San Antonio, San Pedro e Jesús María acima de Villa Rica del Espiritu Santo. No rio Corumbataí, temos as missões de Los Angeles, San Tomé e San Pablo. No rio Piquirí temos as missões de Concepción e Nuestra Señora de Copacabana. Quase na foz do rio Iguaçu temos a missão de Santa María del Iguazú.
Note que Santa María del Iguazú está na região de Foz do Iguaçu, possivelmente quilômetros acima das Cataratas hoje em terras do Parque Nacional do Iguaçu. Hoje,Foz do Iguaçu continua sendo fronteira, desta vez entre Brasil e Argentina. Nos tempos do mapa, a região de Foz do Iguaçu já era fronteira entre províncias espanholas. Teria o Guayrá conseguido ser uma república independente um dia?
Se hoje o antigo Guayrá é Paraná, Brasil, os méritos e os métodos são dos bandeirantes. Os méritos não serão discutidos aqui: os bandeirantes são heróis para o Brasil e vilões para todos os nossos vizinhos. Quanto aos métodos, esses sim, são deploráveis. Bala, canhões, foices mataram muita gente das reduções jesuítas, a vasta maioria índios. Os índios que sobreviviam eram encurralados, levados para São Paulo onde eram vendidos como escravos e mão de obra em fazendas em São Paulo, São Vicente e até para o Nordeste. Com a brutal e salvagem caçada dos bandeirantes, só restava aos padres jesuítas liderar fugas espetaculares para o sul, do outro lado do rio Iguaçu. O padre Ruiz de Montoya fugiu da região do atual município de Vila Alta com 12 mil índios pelo rio Paraná em jangadas improvisadas passando pelas Cataratas de Sete Quedas de Guairá ou del Guayra. Muitas das jangadas-canoas ficaram ali mesmo. Muita gente morreu.
Quem conseguiu deixar o Guayrá para trás se refugiou nos pueblitos (povoadinhos) de Santa María del Iguazú e Natividad del Acaray e em grupos começaram a migrar para o sul levando não só suas cargas mas as cidades que haviam fundado na Argentina. Ou pelo menos a memória das cidades e reduções fundadas no Guayrá - o atual Paraná. Foram refundadas no que hoje é Misiones, Argentina as missões de Loreto e San Ignacio Mini com o mesmo nome. Mais tarde, a Santa María foi levada para mais longe da zona de perigo, a pequena Santa María foi refundada lá como Santa María la Mayor onde mais tarde foi impresso o que pode ter sido o primeiro livro impressão nas possessões espanholas e da Província del Río de la Plata: o "Arte de la Lengua Guarani" do Padre Ruiz de Montoya em 1724. Muitos, muitos anos depois, quando Jorge Schimmelpfeng assumiu a Prefeitura da nascente Foz do Iguaçu em 1914, o novo município herdou as terras do extremo Oeste da Província do Guayrá.
Com o Guayrá desocupado, índios sequestrados, roubados, levados para a escravidão, jesuítas em debandada com seus índios, o Guayrá português entra em banho-maria até o começo dos anos 1880. O banho-maria foi necessário enquanto o cenário era preparado para o próximo show do circo e ciclo da história econômica e financeira do que um dia será o Paraná: a erva mate - um capítulo que durou quase 50 anos, arrastando-se até 1939 já na gestão de Getulio Vargas. lembre-se que o Parque Nacional do Iguaçu foi criado em 1939. Era a fronteira de um novo ciclo econômico que inclui madeira, turismo, comércio exterior, logística, Itaipu, muamba e sacolismo. Hoje nesta pontinha da antigua Guayrá,nascem vários projetos ligados ao conecimento como faculdades diversas, Uniamérica, CEAEC e outros.
Confira a cronologia expandida da região trinacional na fronteira
2 comentários:
Parabéns. Muito bom conhecer a história - esta que não é contada pela mídia, principalmente porque envolve os bandeirantes, tidos como heróis nos livros do MEC.
Obrigado pela información, saludos desde Puimayen,Rocha,Uruguay.Nos estamos fazendo la otra historia ...antes de la invasión europea(españoles,portugueses,ingleses,franceses,alemanes,holandeses,etc) y la historia no escrita de la exterminacion de los habitantes autoctonos de sudamerica.
Parana,Paraguay,Santa Catarina,Rio Grande del Sul,Misiones,Corrientes,Entrerrios,Uruguay....con muchas cosas en común,rescatando la verdad histórica, oculta, origen de la impunidad actual...donde la máxima es separar y dividir...para seguir con lo mismo.
Cuando la memoria existe, dificil es volver a engañar y manipular a los pueblos...en esta lucha mucha gente dió su vida.... y es a ellos a quien queremos recordar.Obrigado. Meu e mail es gmauricio099@gmail.com
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