Atual Câmara Municipal. Antigo Palácio do Governo do Território Federal do Iguaçu em Laranjeiras do Sul (PMLS) |
Se Foz do
Iguaçu adotar o planejamento de longo prazo e começar, agora, a discutir alguns problemas
estruturais antigos e arraigados, não há porque não ter um futuro brilhante. O
que escrevo a seguir é minha opinião. Só opinião embora se baseie na observação
de coisas de nossa terra que revelam, para mim, a existência de um padrão
caracterizado por ciclos de picos de euforia e decepção. A cidade tem vivido à mercê desses picos que
ora coloca-nos, a todos, a viver um clima de agora-vai-para logo entramos em
estado de letargia apática. Esta é a primeira parte, a segunda é uma tendência à descontinuidade
de projetos e políticas que em parte é resultado da pouca prática com o
planejamento. Não me refiro aqui aos chamados ciclos econômicos históricos como
o da erva-mate ou madeira, comprismo ou contrabando.
Um dos
famosos ciclos históricos coletivos de euforia seguido por lamentação e traição
foi registrada pela jovem população de Foz do Iguaçu em 1943 quando a população
da cidade foi às ruas para celebrar o Decreto- Lei 5.812 do Governo Federal que criava o Território Federal do Iguaçu.
Segundo o decreto assinado pelo presidente Getulio Vargas, o novo território
teria como capital a Vila do mesmo nome.
A professora Olivia Schimmelpfeng contou em suas memórias que a
população de Foz do Iguaçu saiu às ruas para comemorar e festejar o golpe de
sorte de transformá-la em capital de um território federal. Foi o pico deste
não muito estudado período de euforia da vida iguaçuense. A euforia, como é normal, durou pouco, o
primeiro governador do Território do Iguaçu, João Garcez do Nascimento, propôs
e conseguiu mudar a capital.
Para isso foi necessário redesenhar o mapa do Território para incluir a região da atual cidade de Laranjeiras do Sul para onde foi transferida a capital. Para concretizar o golpe contra “a cidade do mesmo nome” – Iguaçu, o nome da antiga Vila Xagu foi mudado para Iguaçu onde foi construído o Palácio do Governo e, já dito, hoje é o municio de Laranjeiras do Sul. Para os iguaçuenses da época, o golpe teve sabor de decepção.
Para isso foi necessário redesenhar o mapa do Território para incluir a região da atual cidade de Laranjeiras do Sul para onde foi transferida a capital. Para concretizar o golpe contra “a cidade do mesmo nome” – Iguaçu, o nome da antiga Vila Xagu foi mudado para Iguaçu onde foi construído o Palácio do Governo e, já dito, hoje é o municio de Laranjeiras do Sul. Para os iguaçuenses da época, o golpe teve sabor de decepção.
Antes disso,
no final dos anos 30, Foz do Iguaçu foi alvo da atenção dos governos Federal e
Estadual. O governo do Estado – que vivia na época uma feliz integração com o
Governo federal graças à intervenção federal no Paraná, construía o Hotel Cassino para aproveitar os
ótimos ventos do turismo à cidade. O Governo Federal acabava de declarar o
Parque Nacional do Iguaçu, desde o princípio, opino eu, de olho no
turismo-cassino e projetou e concretizou o Aeroporto do Parque Nacional do
Iguaçu.
Não havia razão para o iguaçuense não crer que seu futuro estava no turismo. A trindade Hotel-Cassino-Aeroporto estava preparada. A esperança durou até o fim do governo Getulio Vargas quando o seu sucessor Eurico Gaspar Dutra, assinou em 1946 o fim dos jogos de azar no Brasil.
Não havia razão para o iguaçuense não crer que seu futuro estava no turismo. A trindade Hotel-Cassino-Aeroporto estava preparada. A esperança durou até o fim do governo Getulio Vargas quando o seu sucessor Eurico Gaspar Dutra, assinou em 1946 o fim dos jogos de azar no Brasil.
Planejamento
de longo prazo – Foz do Iguaçu não possui metas traçadas para serem alcançadas
a longo prazo. Exemplos de metas a longo prazo são vistos em casos como a Meta
Brasileira para Educação 2023; a meta da Marinha do Brasil que prevê o
lançamento do primeiro submarino nuclear brasileiro em 2025 ou até a São Paulo
2040 que em programas como Rios Vivos,
Cidade Aberta, Parques Urbanos,
Comunidades, Polos de Oportunidades, Cidade 30 Minutos, visam recuperar rios,
aumentar o número de área verde por pessoa; aumentar o número de empregos
gerados.
No programa Cidade Aberta – o município visa receber 30 milhões de turistas em 2040. Hoje a Secretaria de Turismo registra 11.7 milhões de turistas por ano na cidade. Nesta linha, o cidadão iguaçuense é carente de informação. Foz do Iguaçu, não sabe, por exemplo, quantos turistas deseja receber em 2020, 2025 ou 2030. Não sabemos exatamente qual é o Índice de Área Verde por habitante e não definimos sequer qual é a realidade da área verde da cidade excetuando as áreas em poder da Itaipu Binacional, do Parque Nacional do Iguaçu e do Exército Brasileiro.
No programa Cidade Aberta – o município visa receber 30 milhões de turistas em 2040. Hoje a Secretaria de Turismo registra 11.7 milhões de turistas por ano na cidade. Nesta linha, o cidadão iguaçuense é carente de informação. Foz do Iguaçu, não sabe, por exemplo, quantos turistas deseja receber em 2020, 2025 ou 2030. Não sabemos exatamente qual é o Índice de Área Verde por habitante e não definimos sequer qual é a realidade da área verde da cidade excetuando as áreas em poder da Itaipu Binacional, do Parque Nacional do Iguaçu e do Exército Brasileiro.
Foz do
futuro – Não há como falar de futuro de Foz do Iguaçu, sem começar a discutir a
Foz do Iguaçu 2023. No mesmo ano em que o Brasil quer cumprir sua meta
educação, Foz do Iguaçu e os municípios Lindeiros ao Lago de Itaipu ficarão sem
os royalties da Binacional. Este assunto é evitado e deixado propositalmente
fora da agenda de discussão. O pensamento em voga de que os royalties não acabam nunca é
perigoso. A data 2023 está atrelada ao fim da vigência do Tratado de Itaipu que
criou a empresa Itaipu Binacional única no mundo, digna do conceito sui
generis. A discussão sobre o futuro da empresa Itaipu Binacional sem dúvida
não terá a participação de Foz do Iguaçu. Hoje a Hidrelétrica Itaipu pertence às sócias Eletrobrás, pelo Brasil e ANDE pelo Paraguai.
A
continuidade do conceito de Binacional segundo o modelo paraguaio-brasileiro é
duvidosa. No conceito atual, a Itaipu Binacional goza de isenção total de
vários impostos nacionais e tem como meta pagar a hidrelétrica. Depois disso,
que farão a Eletrobrás e a Ande? Mesmo
que se construa uma empresa binacional, o regime não será promovido por tratado mas sim o de empresas
normais . É o caso, por exemplo da figura de empresa binacional
brasil-argentina criada por acordo e que prevê que 80% do capital da empresa deve
estar controlado por nacionais. O que
significa que 20% pode estar nas mãos de “terceiros” ou
estrangeiros.
Colocando
esse debate em pauta, o mais cedo possível e, permitindo que se lance um olhar
na nossa história cheia de euforias e decepções, Foz do Iguaçu deve partir para
a solução de um número de gargalos importantes que têm origem fora da região.
Para não perder a prática e não quebrar a continuidade de nossos ciclos eufóricos e depressivos, registramos o sonoro anúncio da imediata construção da Beira Foz que em muitos de seus detalhes lembra nossa tradição de enganos e lágrimas. Todo iguaçuense, homem ou mulher, creio, poderia, criar sua própria lista de ilusões coletivas. O futuro de Foz dependerá de nossa cobrança inteligente.
Para não perder a prática e não quebrar a continuidade de nossos ciclos eufóricos e depressivos, registramos o sonoro anúncio da imediata construção da Beira Foz que em muitos de seus detalhes lembra nossa tradição de enganos e lágrimas. Todo iguaçuense, homem ou mulher, creio, poderia, criar sua própria lista de ilusões coletivas. O futuro de Foz dependerá de nossa cobrança inteligente.
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