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Real Forte Príncipe da Beira, Rio Guaporé (RO) Foto: Rondônia Classificados |
Material Produzido pelo IPHAN
Segunda Parte
A candidatura a Patrimônio Mundial
O Conjunto de
Fortificações, composto por 19 fortes situados em 10 estados brasileiros, está
entre os bens que integram a Lista Indicativa brasileira a Patrimônio Mundial
da UNESCO. O conjunto representa as construções defensivas implantadas no
território nacional, nos pontos que serviram para definir as fronteiras
marítimas e fluviais do País. A iniciativa vem sendo empreendida pelo
Departamento de Articulação e Fomento (DAF) do Iphan em desdobramento aos
entendimentos construídos junto aos Ministérios do Turismo e da Defesa e conta
com a participação do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização
(DEPAM) do Instituto e da Superintendência do Iphan-PE.
Implantadas
pelos europeus no Brasil, as Fortificações tiveram suas origens em um processo
de ocupação do território de modo particular, diferenciado das outras potências
coloniais. Baseava-se em um esforço descentralizado, oriundo de ações dos
próprios moradores das diferentes capitanias que formariam o Brasil, sem uma
maior intervenção da metrópole. Isso resultou na construção de centenas de
fortificações, espalhadas por todo o território nacional, edificadas para
atender mais a interesses locais do que os da metrópole.
A proposta
da inscrição na Lista do Patrimônio Mundial é apresentar um conjunto de
fortificações, com 19 monumentos selecionados entre dezenas de fortificações
luso-brasileiras que marcam a ação no estabelecimento da cultura nacional,
representativos das construções defensivas implantadas no território
brasileiro, nos pontos que serviram para definir as fronteiras marítimas e
fluviais que resultaram no maior País da América Latina: o Brasil. A seleção
inclui monumentos erguidos no território desde o início da colonização. São os
seguintes monumentos:
Fortaleza
de São José, em Macapá (AP) – Inaugurado em 19 de março de 1782, dia do seu
padroeiro, São José, o Forte é hoje um espaço de cultura e lazer, administrado
por uma fundação, o Museu Fortaleza de São José de Macapá, concebida para
gerenciar e planejar a sua ocupação.
Forte dos
Reis Magos, em Natal (RN) - Recebeu esse nome em função da data de início da
sua construção, 6 de janeiro de 1598, dia de Reis pelo calendário católico.
Desde 2014, a gestão do edifício foi transferida para o Iphan. Junto com a
Igreja de Santo Antônio, a Catedral, o Museu de Sobradinho e o Palácio do
Governo, a fortificação integra um conjunto urbanístico de grande expressão em
termos artísticos e histórico-culturais na cidade.
Forte
Coimbra, em Corumbá (MS) – A partir de 1775, a Coroa Portuguesa ordenou que se
construísse fortificações militares em alguns pontos do rio Paraguai, e o Forte
Coimbra foi o primeiro a ser erguido. Também durante a Guerra do Paraguai (1864
a 1870), o Forte Coimbra foi fundamental nas batalhas travadas ao longo dos
tempos, tendo como pano de fundo as paisagens tranquilas do Pantanal.
Atualmente o Forte é administrado pelo Exército, que decidiu pela visitação
turística e tem como atrações a visita à parte alta do Forte com vistas
panorâmicas do rio Paraguai ao lado de antigos canhões, o passeio à vila de
moradores e a visita à gruta Buraco do Suturno.
Forte de
Príncipe da Beira, em Costa Marques (RO) - Considerada a maior edificação
militar portuguesa construída fora da Europa no Brasil Colonial, fruto da
política pombalina de limites com a coroa espanhola na América do Sul, definida
pelos tratados firmados entre as duas coroas entre 1750 e 1777, foi inaugurado
em 20 de agosto de 1783 com o intuito de consolidar a ocupação na região
disputada com os espanhóis. Atualmente o Forte é ocupado pelas Forças Armadas,
embora tenha ficado mais de 40 anos em estado de completo abandono.
Forte de Santa Catarina, em Cabedelo (PB) - Em alvenaria de pedra e cal, o Forte foi concluído em 1597 sob a invocação de Santa Catarina de Alexandria, padroeira da Capela do Forte, e em homenagem a Dona Catarina de Portugal, Duquesa de Bragança. O imóvel, de propriedade da União, é administrado desde 1992 pela Fundação Fortaleza de Santa Catarina.
Forte de
Santa Cruz (Fort Orange), em Itamaracá (PE) - Conhecido como Fort Orange, é um
dos testemunhos da ação portuguesa e holandesa em Pernambuco durante o período
colonial. O monumento foi construído em 1630 por militares holandeses, da
Companhia das Índias Orientais, e sofreu diversas mudanças em sua estrutura
desde a restauração portuguesa de 1654, mudando seu nome para Forte de Santa
Cruz. Em pedra calcária e alvenaria de cal, o bem foi tombado pelo Iphan em
1938 e é gerido pela Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade
Federal de Pernambuco.
Forte São
João Batista do Brum, no Recife (PE) - A origem do Forte remonta a 1595, quando
os corsários ingleses, sob o comando de James Lancaster, o ergueram. Mais tarde
o Forte passaria por várias expansões e modificações. Uma delas, que marcou a
sua história, foi a construção de Schans de Bruyne, pelos holandeses em 1630,
um dos principais pontos de resistência para o cerco das forças
luso-brasileiras, que ocorreu entre 1630 e 1635. Tombado pelo Iphan desde 1938,
o bem pertence ao Exército e atualmente abriga um museu.
Forte São
Tiago das Cinco Pontas, no Recife (PE) - Originalmente construído formato
pentagonal, pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais em 1630, foi um
elemento-chave para as defesas holandesas da cidade de Recife, sendo mantido
sob o cerco pelos moradores de Pernambuco durante 1630 a 1635. Foi reconstruído
por moradores de Pernambuco no final do século XVII, com layout retangular.
Atualmente funciona como o Museu da Cidade do Recife.
Forte de
Santo Antônio da Barra, em Salvador (BA) - O forte tem a forma de um decágono
irregular. Construído no lugar da segunda cidade lusitana de Salvador (1534),
teve que ser evacuado por causa da resistência nativa e foi reconstruído em
1582, logo após a União das Coroas de Portugal e Espanha (1580-1640), com o
aumento do risco de ataques por parte das potências europeias. O forte fazia
parte das defesas adicionais de Salvador e teve lugar em combates contra os
corsários ingleses e holandeses, que marcam a história da cidade no final do
século XVI e início do século XVII. Atualmente funciona como um museu naval.
Forte São
Diogo, em Salvador (BA) - Parte do complexo da Barra de Salvador, junto com os
fortes Santo Antônio e Santa Maria, o Forte São Diogo foi construído em 1625 e
reconstruído em 1694, sob a forma de uma bateria semicircular. Tombado pelo
Iphan desde 1954, o bem é propriedade do Exército.
Forte São
Marcelo, em Salvador (BA) – Conhecido como Forte Nossa Senhora do Pópulo e
Forte do Mar, o Forte São Marcelo foi construído fora da costa pelos
portugueses, por medo de novas invasões holandesas. Com desenho circular, é o
único exemplar ainda existente no País. Tombado desde 1938, o Forte pertence ao
Iphan.
Forte de
Santa Maria, em Salvador (BA) - Foi erguido logo após a reconquista da Bahia,
em 1652, quando uma frota de soldados espanhóis, italianos e portugueses
tentaram retomar a cidade de Salvador, ocupada pelas forças da Companhia
Holandesa das Índias Ocidentais. A construção atual é resultado de uma
reconstrução feita em 1694. O bem é tombado pelo Iphan desde 1938 e tem o
Exército como gestor.
Forte de N.
S. de Mont Serrat, em Salvador (BA) - Construído em 1582, é um Forte de
transição com algumas características de um castelo medieval. Participou de
combates contra os corsários ingleses e holandeses em 1587, 1599, 1604 e 1627,
mas foi tomado pela frota da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais em 1624,
servindo como ponto de resistência holandês contra os moradores de Salvador.
Tomada em 1625, foi novamente invadida pelos holandeses em 1638, participando também
do encontro contra a frota da Companhia das Índias Ocidentais em 1647. Nestes
tempos de conflito, sempre foi guarnecida por moradores da milícia baiana.
Atualmente é administrado pelo Exército.
Fortaleza
de Santa Cruz da Barra, em Niterói (RJ) - Começou a ser erguido em 1578, como
principal defesa da cidade do Rio de Janeiro. No início do século XVIII,
tornou-se o maior forte da América Portuguesa, sendo sua construção irregular
um testemunho de diferentes estilos e programas defensivos. A fortaleza ainda
está em uso pelo exército, que tem seu próprio programa de visitação turística.
Fortaleza
de São João, no Rio de Janeiro (RJ) – Foi erguida no local onde os
colonizadores de São Vicente fundaram a cidade do Rio de Janeiro, em 1565, para
lutar contra os franceses calvinistas, que se estabeleceram na Baía de
Guanabara dez anos antes. O Forte foi construído ao longo de quase 300 anos
(entre 1602 e 1864) e conta com três detalhes característicos: traço italiano,
uma bateria irregular e canal de navegação. Ainda em uso pelo Exército,
funciona hoje como museu.
Forte de
Santo Amaro da Barra Grande, em Guarujá (SP) - Construído a partir de 1584,
quando Portugal e Brasil fizeram parte da União Ibérica (1580-1640), foi
desenhado pelo arquiteto italiano Bautista Antonelli. O Forte, principal defesa
de Santos, foi mantido em operação até 1908. Protegido pelo Iphan desde 1964,
funciona como museu municipal.
Forte São
João, em Bertioga (SP) - Originalmente construído em 1532 para impedir que os
povos indígenas utilizassem o canal Bertioga para atacar as cidades de Santos,
foi o posto militar em que serviu o artilheiro alemão Hans Staden, autor de um
dos primeiros relatos da conquista da América. A partir daí, os moradores de
São Vicente o usaram para expulsar os calvinistas franceses que haviam
encontrado um assentamento no Rio de Janeiro em 1555. O Forte atual foi erguido
em 1750 no contexto de fixação das fronteiras com a América espanhola. Tombado
desde 1940, hoje funciona como museu municipal.
Fortaleza
de Santa Cruz de Anhantomirim, em Governador Celso Ramos (SC) - Construído em
1740, foi a principal defesa da capitania de Santa Catarina e, ao longo dos
séculos exerceu funções como hospital e até mesmo albergue para viajantes
estrangeiros que poderiam ter sido infectados por doenças contagiosas. O
conjunto é composto por um grande quartel, que já foi a residência do
governador, um portão monumental em um estilo oriental e é administrado pela
Universidade Federal de Santa Catarina.
Forte de
Santo Antônio de Ratones, em Florianópolis (SC) - Construído em 1740, durante a
implantação da capitania de Santa Catarina para apoiar as lutas na parte sul do
continente contra os espanhóis, o Forte conta com uma boa construção, mesmo com
recursos precários disponíveis na época. A Universidade Federal de Santa
Catarina mantém um programa de visitas ao local, protegido pelo Iphan desde
1938.
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