segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Aventura em Foz do Iguaçu em um feriadão prolongado. No meio de um grupo do Rio Grande

O consórcio é o mesmo: vai chamar a Polícia?
Os hotéis da Avenida das Cataratas e Rodovia das Cataratas notaram no sábado, dia 3, que muitos empregados chegaram atrasados. Antes de darem advertência a seus colaboradores, leiam isso para descobrirem o motivo do atraso. É simples: o ônibus da Linha 50 que faz a rota Vila A - Terminal de Transporte Urbano (TTU), bateu no Ônibus da Linha 120 - que faz a rota TTU - Parque Nacional do Iguaçu via Aeroporto. Os dois se estranharam e se chocaram dentro do TTU, portanto ninguém se feriu até porque os dois estavam quase parados. E continuaram  parados à espera de solução. O 120 estava lotado. Durante os primeiros minutos da confusão todo mundo permaneceu no ônibus aguardando informações sobre o que se devia fazer. Como as informações não chegavam, chegaram os boatos: o ônibus vai ser recolhido (desceu a metade). Não o ônibus vai continuar (a metade que desceu, voltou a subir). 

Quem desceu, perdeu o lugar
Alguns descobriram, ao retornarem, que perderam o lugar. Depois de algum tempo uma passageira perdeu a paciência e gritou: motorista dê alguma informação, o ônibus sai ou não sai? Alguém disse a ela que o ônibus não “sairia” mais. Daí, 90% dos passageiros desceram. Perderam tempo e os lugares pois logo o motor do ônibus foi ligado e todos voltaram a subir abordo. Quem estava sentado agora estava em pé. E assim com atraso, o ônibus partiu. Abordo, estranhamente, ninguém nervoso. Só os empregados lembravam que a empresa não fica muito feliz com atraso. Alguns temiam punição. "A gente leva suspensão até se bater o ponto com o dedo errado", ilustrava uma funcionária. Finalmente metade do ônibus desceu no ponto do Shopping Catuaí. Poucos se dirigiram ao shopping. A maioria atravessou a Avenida e se dirigiu ao hotel ou complexo hoteleiro do Mabu e algum outro empreendimento. O ônibus prosseguiu. 
O ônibus vai partir

Os peruanos com maletas estavam tranquilos. Faltava muito tempo para o voo de Lima. "No Peru a gente aprende a não chegar em cima da hora", comentou um deles que tinha suas maletas no corredor. O último funcionário atrasado - uma senhora - foi deixado na frente do Hotel Colonial e daí rumo ao Centro de Visitantes do PNI. 
Totens extras para compra do ingresso: inovação

Ainda havia muita gente no Centro de Recepção de Visitantes do Parque Nacional do Iguaçu por volta das 14h30 - 15h00.  As filas eram grandes mas a quantidade de caixas era grande também. Não tenho do que reclamar. Além disso a Concessionária colocou totens extras para venda via auto atendimento (self-service) de tickets - como aqueles de aeroporto para quem paga com cartão. Não era o meu caso. Na fila normal, no guichê preferencial - para idosos e grávidas, por exemplo, estava eu sozinho. Comprei meu ticket e me dirigi para o embarque. Para quem se impressiona com fila grande, a vontade que dá é desistir e voltar para casa e tentar outro dia. Mas o mini mar de gente desaparece na fileira de ônibus articulados e de dois andares. De repente me vejo na fila para o embarque no meio de um grupo enorme. Todos se conhecem e brincam. O guia do grupo sugere que eu vá lá para a frente na fila. Eu rejeitei. “Furar fila não é do meu estilo especialmente agora que o Bolsonaro foi eleito”,  disse lembrando que furar a fila é corrupção. Continuei. Adiante, ele conseguiu me passar para a frente com a anuência de todo o grupo de modo que eu fui o primeiro a embarcar no ônibus de dois andares. Depois entendi o por quê.
Lotação completa: Os companheiros são gaúchos celebrando
Peguei a primeira cadeira do segundo andar, na janela. Daí entendi. Subiram mais dois casais normais: um peruano, o outro paraguaio. Daí subiu o grupo do guia. Subiu gente pelas portas traseira e dianteira. Perguntei rapidamente de onde eram. "Do Rio Grande", respondeu uma senhora. O ônibus fechou a porta para sair da plataforma e todo mundo aplaudiu com gritos e assovios. Deu para escutar uma única frase inteligível: “sempre foi meu sonho conhecer as Cataratas do Iguaçu". E pronto. Depois disso o aplauso se transformou  em uma longa seleção de músicas e clássicos do Rio Grande do Sul. Eles - os passageiros - eram de várias cidades do Rio Grande do Sul. Destaque para Taquari. 


O sistema de som do ônibus começou a transmitir as mensagem gravadas. Mas ninguém conseguia escutar porque todos estavam cantando a música que diz em parte  “Onde tudo o que se planta cresce e o que mais floresce é o amor”.  O "som" continuava explicando as diferentes estações dentro do parque onde o ônibus pararia para passeios independentes e opcionais. Mas já havia começado a música dos Serranos que lembrava o gosto do velho: É disso que o velho gosta, É isso que o velho quer”. E assim continuamos nosso caminho, deixando para trás duas trilhas. Mal terminou a música do velho, alguém puxou: “Até a pé nós iremos, Para o que der e vier” (Hino do Grêmio). A música ecoou no ônibus. Metade cantava, outro tanto vaiava. 

Já  chegando na Estação Macuco, alguém apresenta a solução democrática: o Hino do Internacional:  Colorado das glórias. Mas ainda não estava no final. Logo veio o Hino do Rio Grande do Sul cantado com fervor o que despertou a curiosidade do paraguaio: “Mostremos valor, constância / Nesta ímpia e injusta guerra /Sirvam nossas façanhas / De modelo a toda terra”.
 

O paraguaio louvou o espírito de união dos brasileiros e disse ao peruano: "É um país unido, o Paraguai precisa aprender essa alegria e união dos brasileiros", disse. Finalmente após mais aplausos e gritos aparece à frente o Hotel das Cataratas - aquele prédio cor de rosa, à esquerda e as Cataratas à direita. Quando o ônibus para, o grupo estava terminando a parte forte da música "Panela Velha é que faz Comida Boa".

Senhores e senhoras, o passeio começa aqui

O ônibus para e ninguém se move. Eu me preparo para descer e digo: a menos que vocês saibam o que estão fazendo, aqui todo mundo desce. A trilha começa aqui. Insisti, mas de leve. “Ninguém vai se arrepender, desçam aqui”, ninguém se levantou. Da janela dava para ver as Cataratas caindo. Só depois de virem o guia acenando para que descesse, o grupo desceu. Mas dava para ouvir o protesto de que a trilha começava na próxima estação: Porto Canoas.  

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