O consórcio é o mesmo: vai chamar a Polícia? |
Quem desceu, perdeu o lugar |
Os peruanos com maletas estavam tranquilos. Faltava muito tempo para o
voo de Lima. "No Peru a gente aprende a não chegar em cima da hora",
comentou um deles que tinha suas maletas no corredor. O último funcionário
atrasado - uma senhora - foi deixado na frente do Hotel Colonial e daí rumo ao Centro de
Visitantes do PNI.
Ainda havia muita gente no Centro de Recepção de Visitantes do Parque Nacional do Iguaçu por volta das 14h30 - 15h00. As filas eram
grandes mas a quantidade de caixas era grande também. Não tenho do que
reclamar. Além disso a Concessionária colocou totens extras para venda via auto atendimento (self-service) de tickets - como aqueles de aeroporto para quem paga com cartão. Não era o meu caso. Na fila normal, no guichê preferencial - para idosos e grávidas,
por exemplo, estava eu sozinho. Comprei meu ticket e me dirigi para o embarque.
Para quem se impressiona com fila grande, a vontade que dá é desistir e voltar
para casa e tentar outro dia. Mas o mini mar de gente desaparece na fileira de
ônibus articulados e de dois andares. De repente me vejo na fila para o
embarque no meio de um grupo enorme. Todos se conhecem e brincam. O guia do
grupo sugere que eu vá lá para a frente na fila. Eu rejeitei. “Furar fila não é
do meu estilo especialmente agora que o Bolsonaro foi eleito”, disse lembrando que furar a fila é corrupção.
Continuei. Adiante, ele conseguiu me passar para a frente com a anuência de
todo o grupo de modo que eu fui o primeiro a embarcar no ônibus de dois andares. Depois entendi o por quê.
Peguei a primeira cadeira do segundo andar, na janela. Daí entendi. Subiram
mais dois casais normais: um peruano, o outro paraguaio. Daí subiu o grupo do
guia. Subiu gente pelas portas traseira e dianteira. Perguntei rapidamente de
onde eram. "Do Rio Grande", respondeu uma senhora. O ônibus fechou a
porta para sair da plataforma e todo mundo aplaudiu com gritos e assovios. Deu
para escutar uma única frase inteligível: “sempre foi meu sonho conhecer as
Cataratas do Iguaçu". E pronto. Depois disso o aplauso se transformou em
uma longa seleção de músicas e clássicos do Rio Grande do Sul. Eles - os passageiros - eram de
várias cidades do Rio Grande do Sul. Destaque para Taquari.
O sistema de som do ônibus começou a transmitir as mensagem gravadas.
Mas ninguém conseguia escutar porque todos estavam cantando a música que diz em
parte “Onde tudo o que se planta cresce e
o que mais floresce é o amor”. O "som" continuava
explicando as diferentes estações dentro do parque onde o ônibus pararia para passeios
independentes e opcionais. Mas já havia começado a música dos Serranos que lembrava
o gosto do velho: É disso que o velho gosta, É isso que o velho quer”. E assim
continuamos nosso caminho, deixando para trás duas trilhas. Mal terminou a
música do velho, alguém puxou: “Até a pé nós iremos, Para o que der e vier” (Hino do Grêmio). A música ecoou no ônibus. Metade cantava, outro tanto vaiava.
O paraguaio louvou o espírito de união dos brasileiros e disse ao
peruano: "É um país unido, o Paraguai precisa aprender essa alegria e
união dos brasileiros", disse. Finalmente após mais aplausos e gritos aparece à frente o Hotel das Cataratas - aquele prédio cor de rosa, à esquerda
e as Cataratas à direita. Quando o ônibus para, o grupo estava terminando a
parte forte da música "Panela Velha é que faz Comida Boa".
O ônibus para e ninguém se move. Eu me preparo para descer e digo: a menos
que vocês saibam o que estão fazendo, aqui todo mundo desce. A trilha começa
aqui. Insisti, mas de leve. “Ninguém vai se arrepender, desçam aqui”, ninguém
se levantou. Da janela dava para ver as Cataratas caindo. Só depois de virem o
guia acenando para que descesse, o grupo desceu. Mas dava para ouvir o protesto
de que a trilha começava na próxima estação: Porto Canoas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário