quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Trem da Serra: Curitiba vista da janela do trem já é uma aventura



O Jardim Botânico visto da janela do trem 
Sair da Estação Rodoferroviária de Curitiba de trem e atravessar a cidade já é parte da aventura para mim que venho de Foz do Iguaçu, onde a terra é vermelha e não tem trem. O trem parte margeando a Avenida Presidente Affonso Camargo rumo à região do Jardim Botânico. É ótimo ver, no caminho, carros, motos, bicicletas parados para dar passagem ao trem. Passageiros e transeuntes se comunicam e há uma inexplicável tendência de acenarem uns para os outros, dando tchau e desejando boa viagem para quem estar no trem e tudo de bom para quem está no chão. Crianças no colo dos pais acenam com prazer.
Estação Tubo na Rua Germânia, bairro Cajuru


Eu queria ver isso porque por vários meses residi no bairro Santa Mônica em Piraquara, bairro próximo aos trilhos. E não foram poucos os passageiros do Trem da Serra que tiveram que responder a meus acenos quando corria para os trilhos para que os meus filhos e netos vissem o trem. Era uma festa. Até os maquinistas dos trens de carga, na época da ALL Logística (agora da RUMO) costumavam apitar. 
Época de caçador de fontes d'água

Como morador do trilho, eu fazia levantamento sobre as águas de Piraquara que um dia chegarão nas Cataratas do Iguaçu. Repito: todas as águas, incluindo de chuva, do chuveiro, todas, depois de tratamento são liberadas e empurradas na direção de Foz do Iguaçu (a cidade) e da foz do Iguaçu (o encontro de rios) . Como caçador de fontes de águas de Piraquara, meu trecho de caminhada era da área próxima ao Expo Center e Carrefour até Roça Nova.


Nessa viagem fui de trem. Que diferença. Conforto, segurança e velocidade porque mesmo a 18 km por hora na área urbana e a 40 km fora dela, é muito mais rápido que os meus passos. 

O local com jardinagem onde escutei a araponga
A saudade bateu forte quando chegando a Roça Nova, o trem parou para dar passagem a um trem de carga. Um lugar lindo, há até uma propriedade com um trabalho de paisagismo com água, mini cachoeiras e gente olhando a partir de uma invejável habitação acenando para os passageiros. Mas o que impressionou e marcou foi o canto de uma araponga, ou pássaro ferreiro, cujo nome científico é Procnia nudicolis  que vinha da mata ao redor. Tentei avistar o pássaro mas esse pássaro é daqueles que se escuta mas não se vê .

Você escuta e se considera feliz. 
Dando passagem para um cargueiro

Está na minha cabeça, a  tonalidade do sol naquela manhã, o som da araponga e o contato com a Roça Nova. Para um observador isso é mais do que motivo para voltar à região: tentar ver a araponga. Minha primeira araponga escutada na natureza. Para quem pertence à tribo dos "passarinheiros" essa araponga é a minha "lifer", vai me acompanhar o resto da vida. Logo o trem se pôs em movimento e aquele lugar ficou para trás. 

Perigo de esmagamento!
À frente estava a antiga estação da Roça Nova e o primeiro túnel, para quem vai, da ferrovia Curitiba-Paranaguá. Na realidade é o último, o de número 13, já que a ferrovia começa em Paranaguá e sobe a serra para Curitiba. Até aqui eu tinha vindo muitas vezes. Uma placa amarela um pouco antes de entrar no túnel avisa: Proibido - Perigo de Esmagamento. E o que é proibido? Que pedestres tentem atravessar o túnel a pé. São 600 metros. Caso o pedestre se cruze com um trem com 70, 90 vagões, as perspectivas não são boas. Até aqui eu chegava. Estou sabendo que muita gente atravessa o túnel a pé ou empurrando bicicletas. Cuidado piás!

Continua em: Depois da Roça Nova     

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