A nota onde saiu esta foto denuncia este City Tour Brasília (há mais?) como "difícil de achar e caro" mas depois que acha é bonito |
Tudo hoje está sendo resolvido por aplicativos. Você faz uma pesquisa para saber que hotéis, pousadas ou BNB há em Brasília e o aplicativo já pede para você escolher uma data de entrada e saída. Daí, se você não tem data nem adianta procurar. E se você tem e faz a reserva do hotel, vem as perguntas? Como você chega no Hotel? Taxi, Uber ou “traslado” via agência de turismo? Digamos que você queira visitar o Parque Nacional de Brasília e digamos que ele já tenha uma concessionária que nele construiu um centro de visitantes e guichês para venda de ingressos, você consegue comprar os ingressos pela internet? Em Brasília, até recentemente, não sei se algo mudou, 8 entre 10 moradores não sabem o que é ou onde fica o Parque Nacional de Brasília. Se você quiser chegar lá rápido você tem que perguntar onde fica o Água Mineral.
Pelo sistema de Agências de viagens, você visita uma agência
em seu bairro ou até online e alguém vai pesquisar e passar informações para
você. Se você comprar, a Agência de Viagens no quesito “emissivo” vai organizar
um pacote de coisas a ver e fazer em Brasília. Pode incluir o transfer
(Traslado) Aeroporto- Hotel, Pousada ou BNB, passeios como city tour mostrando
a Brasília dos prédios de Niemeyer e Plano
Piloto de Lúcio Costa, a catedral, Pirâmide da LBV, a área das Embaixadas e o
Parque Nacional da Água Mineral. O que é que você quer na Água Mineral? Só se
banhar (é uma grande piscina com água natural do cerrado) ou quer ver a
natureza do Parque? Vai observar aves? Que ir às Aguas Emendadas? Você vai
precisar de guia ou guias. Um guia para o city tour, outro para guiar no Parque
Nacional que é bem maior que a piscina.
O agente de viagem vai organizar tudo sob medida (na gíria do setor é chamado “taylor-made”
quer dizer “feito por alfaiate”. O tour pode ser privativo, especializado e
dedicado a nichos específicos.
Assim que você confirmar o agente começa a sofrer. É a profissão mais estressada do mundo, segundo fontes médicas que investigam o setor. O avião vai atrasar? Cancelou? Tem tornado? Já chegou em Brasília (BSB)? O receptivo funcionou, saiu tudo bem? O carro quebrou: Furou pneu? E o hotel recebeu bem? O guia é bom? Pontual? Responsável? Alegre?
Nada disso é lembrado oficialmente pelo Governo Federal quando faz uma licitação para a concessão de um Parque Nacional como o de Brasília, Chapada dos Guimarães ou Aparados da Serra. Para o Governo não existe agente de viagem. O governo não sabe como o turista chega ao destino. Para o Governo o turista só aparece na jogada quando ele chega na portaria adquire o ingresso como se estivesse comprando uma entrada para o cinema.
Na realidade o edital de licitação já trunca o caminho para o sucesso da futura concessionária passando-lhe, como se fosse um caso de infecção, a ideia de que a concessionária tem a responsabilidade única de administrar os guichês de venda de ingresso. Não deixa de ser também uma maneira de quase extorquir a concessionária jogando batatas quentes no colo dela exigindo que ela arranque dinheiro do turista para investir, como agora, na área da fiscalização e do monitoramento ambiental (até para ajudar a enfraquecer o ICMBio e deixar espaço para as boiadas de aproveitadores, ditando preços que os turistas não poderão pagar chegando a inviabilizar o atrativo; induzindo o sistema oficial de proteção a ver o agente de viagem, o guia de turismo, as frotas, os hotéis como males necessários ou até picaretas (que los hay, hay).
Cada um no seu galho. Todos têm algo especial a oferecer. Quando falo do Governo não me refiro somente ao governo do Presidente Jair Messias Bolsonaro. No governo Fernando Henrique Cardoso em Brasília tendo como governador no Paraná, o arquiteto Jaime Lerner foi introduzido o que se chamou de modelo para os parques nacionais brasileiros sob os protestos de minha insignificante existência. Esperneei, briguei e paguei caro.
Depois veio o governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e as grandes guerras com o trade local que muita gente lembra. Vieram sugestões como a da possibilidade de permitir a construção de mais quatro ou cinco hotéis dentro do Parque Nacional o que mataria a hotelaria da cidade de uma vez e também o Parque Nacional. Foi na gestão do PT que o Hotel das Cataratas foi licitado e eu briguei de novo. As exigências à concessionada eram tão grandes que por pouco não inviabilizou o investimento ( do aluguel mensal às obras exigidas). Não tenho nada contra as concessionárias que temos hoje quer a Cataratas do Iguaçu S.A. ou a Belmond Hotel Cataratas. As duas ganharam o direito de serem parte da comunidade de Foz Iguaçu. Eu torço pelas duas.
A classificação do Parque Nacional do Iguaçu (Brasil) por este site em 2016 era como "de significante preocupação". |
Mensagem ao trade
Os equipamentos do turismo de Foz do Iguaçu são especializados. Nos melhores destinos turísticos do Brasil as frota de ônibus e vans para recepcionar turistas são alugadas de empresas de transporte e fretamento. Em Foz as empresas de turismo são donas de seus ônibus e suas equipes de guias. Isso significa muito capital. Temos os investimentos em hotelaria de todos os níveis e somos fieis clientes das feiras e exposições de turismo no Brasil e mubdo afora inclusive China, Japão, Europa e Américas. É aí onde aparece o clamor em prol da divulgação. A cidade cobra divulgação e o governo federal tem mecanismos para a divulgação do País. Todos devem participar dessa divulgação e ajudar a custear essa divulgação.
Mas aqui vem meu alerta: Divulgação não é tudo! Estou
cansado da espécie de divulgação que se faz para promover um turismo ignorante.
Não é só divulgar, não é só cobrar ingresso, não é só informar. É neste quesito
que eu compartilho da dor das equipes ambientais do ICMBio que amam o que fazem e querem passar a mensagem de que
no nível de turismo nas Unidades de Conservação a informação deve ser também uma
interpretação do patrimônio das Unidades de Conservação, dos museus e patrimônios
históricos e culturais do Brasil.A palavra interpretação é um desafio e terá que existir. Interpretação não é educação embora ambas tenham a informação como matéria prima. Vamos prestar atenção a esse detalhe. Sai mais barato!
Estamos em boa hora para tirar tudo isso a limpo e mudar de
rumo. Em preparação para escrever esta “postagem”,
adiantei algumas informações ambientais sobre o estado de saúde do rio Iguaçu e o perigo das cataratas adotarem o hábito de viverem sempre secas dentro de 20 anos. Dez? Ou já começamos a ver isso? A vazâo das Cataratas está estagnada na casa dos 350 metros cúbicos por segundos há tempo. É uma tendência.
Mapa do PNI constante no processo de candidatura do Parque à lista do Patrimônio Mundial. Compare com o mapa do PNI integrante da projeto "Passagem da Boiada" 2021 abaixo: |
É um projeto para desmanchar tudo o que foi feito sem respeitar o sofrimento de muita gente retirada do PNI à força e transferidas para a região do Ocoí. |
Alertei para o fato do novo projeto de licitação colocar mais de 60 mil hectares do Parque sob a chancela administrativa da futura concessionária. Vejo isso como um perigo de porteira escancarada para a passagem da boiada aproveitando que as "piranhas" estão entretidas com a cobertura da Covid 19. Nesse caso, de novo, o Parque Nacional do Iguaçu será usado como modelo para o Brasil ou, em outras palavras, como um “boi de piranha” para a geração de negócios em unidades de conservação.
Mas o Governo se esquece do nosso compromisso
com a Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial promovida pela Unesco que
colocou o Parque Nacional na lista do Patrimônio Mundial ou Patrimônio da
Humanidade em 1986. A Unesco já foi avisada disso? As propostas violam e põem em perigo a saúde e
os valores universais do Parque Nacional. O Brasil aderiu à Convenção do Patrimônio
Mundial em 1971 sob a tutela do presidente Emílio Garrastazu Médici, como todos sabem um
general do Exército Brasileiro. Assim não é coisa de comunistas!
Nenhum comentário:
Postar um comentário