segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Visitando o Museo Semblanzas de Héroes de San Ignacio Guazu

Uma cruz dos anos 1930 que marcava sepulturas de soldados
 paraguaios na Guerra do Chaco

O "Museo  Semblanzas de Héroes" pertence à Municipalidade de San Ignacio Guazu e funciona no prédio construído pelos jesuítas onde funcionou a moradia dos guarani residentes. A palavra "semblanza" parece significar semblante porém um sentido mais apropriado é o de retrato. "Retratos de Heróis". Vou consultar um dicionário. É um museu dedicado à preservação da memória de duas das guerras em que o Paraguai esteve envolvido. Boa parte do material em exposição é dedicado à Guerra do Chaco (1932 - 1935) entre Paraguai e Bolívia originada por disputas de território no Chaco Boreal ou Chaco do Norte. 

Em menor número, há objetos e fotos da Guerra da Tríplice Aliança, entre 1864 e 1870 quando o Paraguai enfrentou três países: o Império do Brasil, a Argentina e o Uruguai. Nenhuma das duas guerras tiveram eventos significantes em solo do Departamento de Misiones onde está San Ignacio Guazu. Batalhas da Guerra da Tríplice Aliança aconteceram no departamento (estado) ao lado chamado Ñeembucu. 

A Guerra do Chaco também ocorreu fora dos limites de Misiones. Mas porque o Museu das duas Guerras? Por que muitos filhos de Misiones foram lutar nas duas guerras e não voltaram. É o caso, por exemplo, do Cabo Libório Talavera, nativo de Misiones que estava sepultado na aridez do Chaco Paraguaio. Angel Ferloni que me acompanhou na visita contou que o Cabo Libório fora trazido do Chaco e que seus restos mortais descansa em uma urna especialmente preparada para seu descanso em sua terra natal.            

Urna funerária do Cabo Libório Talavera - heroi de San Ignacio na Guerra do Chaco 


Inscrição no topo da urna: Cabo Libório Talavera

Há material que representa o que foi confiscado dos soldados bolivianos e guardados como troféu de guerra. É o caso de  "marmitas", usadas pelos bolivianos, armas, ilustrações de ataques paraguaios às tropas bolivianas. "Muitos soldados paraguaios brigavam com machete (facão) e desarmavam os bolivianos", explicou Angel Ferloni servidor da municipalidade que eu havia encontrado bem antes do museu abrir.     

Cantis utilizados por paraguaios na Guerra do Chaco


"Marmitas" tomadas como troféus de soldados bolivianos

Angel Ferloni falou também sobre o material exposto da Guerra da Tríplice Aliança. A boa educação e a "diplomacia cidadã" exige que não chamemos aquela grande guerra de Guerra do Paraguai. Ele mostrou balas, coisas que parecem torpedos e munição para canhões usadas nas guerras. Se o Brasil tem ruas e cidades chamadas Humaitá ou universidade chamada Tuiuti é em referência a batalhas desta guerra que teve consequências sentidas até hoje e cujas consequências se juntam a outras consequências da época dos bandeirantes contra jesuítas.   


Armas e munições da Guerra do Chaco

Coisas que parecem com botijão de oxigênio, são bombas

Painel com fotos originais dos campos de batalha no Chaco 

Quartel de Humaitá na Guerra da Tríplice Aliança

Memória da Batalha de Itá Piru na Guerra da Tríplice Aliança

Conclusão
Agradeço a recepção, o carinho da encarregada do Museu, Nídia López e o guia Angel Ferloni. Descobri que o Angel chega cedo ao trabalho. Ele foi a primeira pessoas que encontrei na manhã ligada aos prédios públicos. Foi ele que estava varrendo folhas e eu cheguei dizendo que "varrer esses prédios seria um privilégio e que me dava vontade de pegar uma vassoura e varrer um pedaço. Obrigado (gracias) a todos!

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