sábado, 27 de abril de 2013

RPC TV abordou o crime idiomático: é proibido falar idioma estrangeiro

A filiada da Rede Globo no Paraná a RPC-TV em sua revista paranaense
abordou uma questão muito dura. O "crime idiomático" ou seja a criminalização de falar idiomas estrangeiros no Brasil. No excelente video, a RPC se concentrou no caso de Carambeí na região do Paraná que recebeu colônias holandesas - a Holanda Paranaense. Sem prévio aviso, assim, do nada, o rádio da sala, treme e cospe a última notícia. Um decreto no Brasil proíbe o uso de idiomas estrangeiros em público ou em privado no Brasil. O decreto foi assinado pelo nosso super produtivo presidente Getulio Vargas logo após o Brasil dele ter decidido abandonar o "nazismo" e apoiar as forças aliadas. 

 
A questão linguística me afeta profundamente. Primeiro por ser esta uma tendência portuguesa colonial no Brasil. O Marquês de Pombal proibiu via decreto falar, pensar, escrever em tupi no Brasil. Assim Getulio Vargas não estava sendo original. E a proibição registrada na época do caso de Carambeí pela RPC-TV tampouco não foi a primeira no Paraná. Pessoas com as melhores intenções, pessoas de caráter integro também lançaram mãos da proibição de falar línguas estrangeiras no Paraná e Santa Catarina. Bem antes de se sonhar com a II Segunda Guerra Mundial, o General Meira, o general que dá nome a nossa Avenida General Meira e ao Porto Meira proibiu o uso do alemão, acima de tudo, e outras línguas de modo geral no Paraná e Santa Catarina área que então como agora pertenciam a 5ª Divisão de Exército. Está registrado que o general Meira quando assumiu a 5ª Divisão, no primeiro desfile de 7 de Setembro, ele não acreditou o que os seus olhos viam. Na rua, nos dois lados, estavam pessoas que não vibravam com o desfile, não entendiam português e em cujos peitos, ele achava, não batia nem uma grama de patriotismo.

 Na época,  os colonos eram largados na terra sem escolas, sem assistência técnica no estilo Emater e sem entender a língua dos fiscais, honestos e corruptos, policiais, médicos, rádio. O que salvava a colônia era a organização colonial que dizer a empresa colonizadora que financiava uma escolinha alemã, italiana, ucraniana e a igreja que enviava um pastor. No caso dos alemães a Igreja Luterana. O esforço valia a pena porque, mesmo no mato, a criançada aprendia um bom alemão, aprendia a ler e aprendia ainda a ser um bom cristão. Graças ao susto que deram ao nosso General Meira, ele decidiu proibir a existência de escolas, igrejas, clubes e organizações estrangeiras e decidiu que toda a educação - se isso fosse possível, passasse a ser dada em português, na língua que ninguém ainda entendia. Deu no que deu. Eu conheci um professor de alemão que dizia "não deu outra, passamos a falar um português ruim e gradualmente perder o alemão que hoje, segundo ele, se resume ao que ele chama de "Capoeira Deutsche" ou alemão de capoeira. Ele me ensinou algumas frases em Capoeira Deutsche: " Ich habe mich barbiert" - que significa "me barbeei", é uma delas. 

Parabenizo a RPC-TV, autores, ao atores e atrizes, diretores que trouxeram à tona esta fase esquecida de nosso Paraná. Deixo claro aqui que ao mencionar o General Meira não o estou criticando muito menos julgando-o visto que hoje vivemos em um outro mundo. Garanto que hoje todos estaríamos orgulhosos de ter igrejas e escolas em lí
Atores Tiago Luz, Bruno e Caroline Bosch
nguas estrangeiras. Porém não se engane: o brasileiro estará sempre de pé atrás com línguas estrangeiras e daí reclama-se de que o brasileiro não aprende línguas. Especialmente em horas como agora em que se vende inglês para copa. Parabenizo ao ator Tiago Luz  pelo holandês falado no filme. Mostra que a onmogelijkheid - impossibilidade de falar holandês é falsa. Dá para aprender tudo! Estudem idiomas! Saiba mais sobre a filmagem. Confira esta outra postagem minha sobre o general Meira 

 

Um comentário:

Dick disse...

E infelizmente, o idioma de meus avós, ficava impedido de falar. Hj poucos membros da família falam o idioma pátrio. Até crianças eram presas, se falassem o idioma. Se minha família voltasse para alemanha durante o governo de Adolph Hitler, morreria, pq não tinha o perfil ariano. Sou o maior crítico de Getúlio Dornelles Vargas.