Martina Conde no cumprimento do dever... |
Não
conheci a Martina, nunca conversei com ela mas estivemos nos mesmos lugares em
várias ocasiões. Como
estudante de antropologia, Martina fazia o que se esperava dela. Ela tinha
inúmeras atividades extra-curriculares como participar em aulas de percussão
(tambores), participava do grupo Afoxé de Foz do Iguaçu e tinha interesse em
acompanhar eventos e manifestações religiosas e culturais afro-brasileiras.
Vi
a Martina, e vários outros estudantes da Unila –os Unileiros, em eventos de
candomblé e de umbanda tocadas em templos de candomblé em Foz do Iguaçu. Entre
esses eventos estava a Festa à Iemanjá no dia 2 de fevereiro.
Rogo
que os estudantes da Unila não se afastem, não desanimem e não se retraiam. No
verdadeiro espírito da Universidade da Integração, que continuem a aprofundar
seu conhecimento da cultura brasileira e sua conexão com as culturas da América
Latina especialmente desta versão afro-brasileira que mesmo após 400 anos de
escravidão, de negação de direitos continua existindo e forte ao ponto de fazer toda a diferença em um país continental como o Brasil.
Que
seria do Brasil se não fosse o elemento afro presente na cultura, música,
artes, na dança, na gastronomia? Todos
esses aspectos foram negados pela sociedade brasileira. A música, a dança, a
capoeira – que é uma dança e uma luta, o frevo,o maracatu, o maxixe, a gafieira,o
samba, samba de roda tudo veio da pitada africana em nossa cultura. E por que
se nega?
Há quatro séculos, a espiritualidade negra é explicada no Brasil em termos simples: o diabo ou os demônios.Tudo o que não se entende é coisa do demônio. A pessoa que está detida hoje à disposição da Justiça e é réu confesso informou, como fruto dessa confusão brasileira quanto a tudo que é africano, disse originalmente que foi induzido ao crime por um aconselhamento espiritual dado por um pai-de-santo de Foz do Iguaçu que eu, a serviço deste Blog tenho acompanhado com muito respeito. A versão foi logo desqualificada pela polícia que vê no réu sinais de "doença na alma" ou psiquiátrica.
Mesmo
assim, o Templo ou Casa do pai-de santo envolvido pelo então suspeito foi alvo
de um atentado “terrorista” quando alguém usou um carro como arma e lançou contra
a casa do Babalorixá causando destruição física do templo,deixando expostos e
jogados no chão instrumentos considerados sagrados para o templo como os
atabaques consagrados do espaço.
O
pior é que a vítima, parece não ter registrado queixa e o caso oficialmente não
existiu. Isso é triste porque nos mostra, em pleno século, 21 o principal mecanismo de
negação usado na repressão da cultura afro-brasileira: o silêncio. Que saiba o mundo que isso acontece até em Foz do
Iguaçu, terra que se gaba de acolher 70, 80, etnias em paz e harmonia como um
exemplo para o Mundo.
Por isso, tomei duas atitudes:a primeira escrever este texto. Segundo, produzir uma série de textos dando continuidade ao trabalho do Blog de Foz iniciado em 2008 sobre os espaços afro-brasileiros da Terra das Cataratas.
Por isso, tomei duas atitudes:a primeira escrever este texto. Segundo, produzir uma série de textos dando continuidade ao trabalho do Blog de Foz iniciado em 2008 sobre os espaços afro-brasileiros da Terra das Cataratas.
3 comentários:
otimo texto jacson, nao tem sido facil lê tanta xenofobia na imprensa iguaçuense. precisamos de mais periodistas críticos, de alma e coração.
Obrigada pelo post ! Não vamos dessistir !! Muchas Gracias.
Obrigada pelo post ! Não vamos dessistir !! Muchas Gracias.
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