segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Diálogo interreligioso em Foz do Iguaçu e TriFron é bom mas pode melhorar


Lideranças religiosas do Uruguai recebidas no Parlamento do Mercosul 
Quando um Papa, o Dalai Lama, o arcebispo anglicano Desmond Tutu e outros líderes religiosos se encontram, nenhum deles sai perdendo. Todos ganham com o diálogo. São cada vez mais frequentes as vozes que pedem que o diálogo interreligioso, os encontros inter-fé, as oportunidades de contato entre diferentes cosmovisões aconteçam. 

Foz do Iguaçu tem alguma experiência neste assunto. Não é raro vermos nas manchetes de jornais, chamadas de TV e rádio, notícias como “Lideranças religiosas de Foz se juntam para orar pela paz”. Esses encontros têm acontecido na Câmara de Vereadores, em colégios, Mesquitas e Igrejas. Estes eventos têm colocado, lado a lado, sheikhs das duas versões islâmicas, pastores evangélicos ligados ao Conselho de Pastores Evangélicos de Foz do Iguaçu (COPEFI) e os três últimos bispo católicos romanos de Foz do Iguaçu. 

O desafio de Foz do Iguaçu é ampliar a presença de lideranças religiosas  nestes encontros e neste diálogo – sem que ninguém se renda a ninguém. O propósito é dar visibilidade e voz às diferentes religiões e grupos ligados à espiritualidade que compartilham o sol e o oxigênio na Terra das Cataratas. Nas ocasiões ecumênicas, interreligiosas realizadas até hoje em Foz do Iguaçu sente-se falta da presença de budistas, quer sejam de Foz do Iguaçu ou de Ciudad del Este que é uma cidade tão quanto ou mais diversa do que nós; faz falta convidar representantes da Seicho no Ié, da versão Sokka Gakkai do Budismo, da Igreja Tenrikyo, dos espíritas, da Ordem Rosa Cruz, de um ou mais Babalorixá do Candomblé, de um representante da Umbanda, da presença de um ou mais pajés, donos da terra, Ava-guarani, mbyá-guarani, Aché além de outros grupos menores que não se encaixam em grandes descrições mas que “existem”. 
Encontro interreligioso em Brasília
Foz do Iguaçu vende a imagem de ser um lugar onde 40, 60, 80 etnias e religiões vivem em paz. Precisamos melhorar a qualidade dessa harmonia para que não seja baseada na ignorância, no não saber nada do outro, no conhecimento superficial, ou instrumental além do medo do outro. Encontros para o diálogo religioso acontecem em todo o mundo. Um desses eventos, aconteceu no Parlamento do Mercosul, em Montevidéu, Uruguai. Uma sessão especial foi convocada para discutir a paz e a convivência entre diferentes religiões no Mercosul. A idéia foi apresentar o Mercosul como um espaço de paz. Foi também o Iº Diálogo Interreligioso Uruguaio. Fiquei impressionado com a lista de participantes em termos de variedade por isso decidi copiá-la e colá-la aqui: 

Julio Kronberg, da Federação Afro-umbandista do Uruguai; Sima Baher da Fé Bahá’i;  Sebastián Camacho, da Igreja Veterocatólica Abracista; da  Igreja Católica Antiga; do Círculo Teúrgico do Uruguai; o representante da filosofia Ubuntu do Congo; a Comunidade Espiritual Nativa Charrua; Ariel Kleiner da Confraternidade Judeo-Cristã do Uruguai e Nova Congregação Israelita; rmin Ihle, da Congregação Evangélica Luterana e da la Confraternidade Judeo-Cristã do Uruguai; Heba Viera da Associação de Mulheres Muçulmanas do Uruguai; Ubaldo Pino da Igreja Católica Liberal; Monsenhor Jaime Fuentes, da Igreja Católica Apostólica Romana; Conferência Igreja Episcopal do Uruguai; Alejandro Russi da Igreja da Comunidade Metropolitana do Uruguai; Yancey Castro do Centro Bhakti Yoga do Uruguai; Raúl Rey da Federação das Famílias; Budismo Nichiren Daishonin – Soka Gakkai; Marisa Maltzman da Associação Civil Brahma Kumaris do Uruguai; Antonio Cappi da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Días; Marcelo Chiesa da Igreja Anglicana do Uruguai; Hugo Armand Pilon da Federação das Igrejas Evangélicas do Uruguai. 

Mas nem só de religiosos vive o diálogo religioso ou interreligioso. Há também os acadêmicos, os interessados no ensino religioso que é parte do currículo nacional. Uma vê conversando com o ex-vereador Mohammed Barakat e aual diretor de assuntos internacionais da Prefeitura de Foz (PMFI), falávamos sobre a tolerância religiosa e o exemplo de Omã que tem uma política de tolerância sem proselitismo. Barakat me disse: “Eu não gosto da palavra tolerância. Eu prefiro fraternidade. Tolerância é mais quando você me deve e não paga; aí eu tolero, ou lhe dou tolerância”, disse. Concordo com ele. É mais do que tolerância. Caso contrario, temos preconceito institucionalizado quando e onde as coisas são bem simples: Evangélico é de Deus, Umbandista é do Diabo. Ou aquele evangélico que diz que é cristão dizendo indiretamente que católico não é cristão.                            
Por um Cristo Búdico, Por um Buda Crístico!
Este é o encontro entre o 
Caminho do coração 
com o caminho do Meio 
na precisa travessia do viver!

(Arcebispo Desmond Tutu e Dalai Lama) 


Achei também uma lista exemplar, no sentido de servir de exemplo para o diálogo interreligioso iguaçuense. É o exemplo que acontece com frequência em Brasília, nossa capital federal, considerada um dos grandes lugares energéticos brasileiros e onde os diálogos incluem representantes religiosos, acadêmicos, científicos, pesquisadores e funcionários públicos ligados aos Direitos Humanos, Tolerância Religiosa e ONGs como a URI – United Religions Initiative. Coloco a foto abaixo, com legenda,  extraída do ambiente Facebook do meu colega Elianildo Nascimento da URI/DF.      
Flávia Pinto (Ganhadora do Prêmio Nacional de Direitos Humanos - Categoria Diversidade Religiosa); Marga Stroher (Coordenadora de Diversidade Religiosa - SDH/PR); Elianildo Nascimento (URI/ENC); Pastor Sylvio Santos (AD); Sheikh Jihad Hassan (Wamy); Professor Fernando La Rocque (Santo Daime); Professor Carlos André Cavalcanti (Videlicet/UFPB); Mãe Dalila de Légua (Foafro/Val); Lilian Oliveira (Unisinos); André Musskopf; José Ivo Follman (Unisinos) e Marina Krieger (LBV), e agachado, Marcelo Sallahudin (Centro Islâmico DF)

Próxima postagem sobre este assunto: 
Grandes experiências de diálogo interreligioso em Foz

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