quinta-feira, 25 de setembro de 2014

E as araras vermelhas voltarão a voar nos céus do Iguaçu?

Parece que estou sonhando
com a paz que o céu retrata,
ao ver araras em bando
pintando de azul a mata!...
Aquelas imagens usadas em catálogos de turismo que mostram araras vermelhas e tucanos voando sobre as Cataratas do Iguaçu; bugios e onças espichadas em galhos de árvores que se espreguiçam  na frente das Cataratas são parcialmente verdadeiras.  Tucanos e araçaris ainda podem ser vistos voando na área de influência das Cataratas, junto com guaxos e gralhas e os admiráveis, incomparáveis e imbatíveis taperuçus de cascata. Já os bugios, as onças junto com as antas e outros animas maiores bateram retirada – mesmo que ainda existam, é perigoso demais para eles, afinal, não se pode confiar em humanos.

Quanto as araras vermelhas que ainda voam sobre as Cataratas dentro dos folhetos e panfletos turísticos,  é pura mentira e quase falsa ideologia ou pelo menos propaganda enganosa.  Faz muita tempo que arara vermelha não voa sobre Foz do Iguaçu, sobre todo o Oeste do Paraná. Porém há uma possibilidade de ver as araras vermelhas voltarem a  peitar os  ventos dessas paragens e voltar a voar sobre o Parque Nacional do Iguaçu. Pode levar tempo, mas é possível. 

O sonho existe na forma de projeto, primeiro no coração de Anna Croukamp do Parque das Aves e sua equipe liderada por Yara Barros, a bióloga da casa. Reintroduzir a arara azul no seu habitat natural no que resta da Mata Atlântica no Oeste do Paraná, leia-se Parque Nacional do Iguaçu / Iguazú e no futuro, já que araras voam, em outras áreas adjuntas que podem ser Argentina e Paraguai é tanto um sonho como um desafio.  

Um desafio porque há uma parte burocrática a ser vencida, há todo  um universo  de questões técnicas e cientificas a ser vencido e há, o mais difícil, todo um trabalho de “divulgação do trabalho”, de conscientização  das comunidades de toda a região do entorno do Parque Nacional do Iguaçu, do entorno do Lago de Itaipu para que as novas ocupantes dos céus não sejam alvo de chumbinhos, cartuchos ou balas. Para que não sejam perseguidas quando elas, em voo, decidam ruidosamente fazer escalas em sítios, chácaras e propriedades das populações vizinhas. Para que não voltem a ser caçadas. Ver as araras vermelhas de volta nos céus do Paraná é muito mais difícil do que fazê-las povoar as páginas coloridas de catálogos, revistas e folhetos de divulgação turística.  

Falta pouco. São necessárias algumas autorizações, ajustes porque quando se trata de reintroduzir uma espécie de volta em seu habitat, há muito que levar em consideração inclusive a questão genética e saúde entre outras. O Parque das Aves é um desses lugares onde a iniciativa privada tem trabalhado bem. Os turistas não podem e não devem, ou pelo menos não deveriam reclamar do preço do ingresso. Aqui é um daqueles poucos lugares onde o turismo está ajudando, custeando, bancando pesquisas, oferecendo espaço para acolhimento de aves permitindo também a educação ambiental e o lazer - que é o que o visitante, turista ou morador está consciente que paga. Tudo sem custar um centavo público. 

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